
Alunos de tradicionais col�gios da rede estadual de ensino de Belo Horizonte tombados pelo patrim�nio hist�rico ainda n�o sabem por quanto tempo mais dever�o continuar estudando em instala��es improvisadas. Muitos deles foram desalojados de suas salas h� quatro anos, devido a reformas iniciadas nos pr�dios hist�ricos. No entanto, obras paradas e sem perspectiva de retomada transformam o futuro em uma inc�gnita. � o que ocorre em tr�s unidades da Regi�o Centro-Sul: a Escola Bar�o do Rio Branco, no Bairro Funcion�rios, a Escola Pandi� Cal�geras, no Bairro Santo Agostinho, e o Col�gio Estadual Central, em Lourdes. Os trabalhos tamb�m foram suspensos na Escola Bar�o de Maca�bas, no Bairro Floresta, na Regi�o Leste.
Poucos meses antes da previs�o estabelecida inicialmente para que as unidades fossem entregues � comunidade escolar, as obras foram suspensas. Sem um comunicado formal do governo de Minas sobre as raz�es da interrup��o, funcion�rios acreditam que as reformas estejam paradas para que contratos e valores possam ser apurados e revistos. Enquanto n�o h� uma resposta para a quest�o administrativa, alunos e professores enfrentam a rotina de aulas em locais improvisados e a cidade segue privada dos pr�dios hist�ricos.
A paralisa��o da reforma desanima professores e alunos da Escola Estadual Bar�o do Rio Branco. Desde janeiro de 2011, os cerca de 1 mil alunos da unidade foram acomodados em salas adaptadas no Instituto de Educa��o de Minas Gerais (Iemg). A expectativa era de que as obras fossem entregues em julho deste ano. “Pens�vamos que em agosto estar�amos em casa. Depois de quatro anos aqui, est�vamos ansiosos para voltar para casa”, disse a professora Val�ria Medeiro Severo.
Boa parte das salas que abrigam estudantes da Bar�o do Rio Branco fica no por�o do Iemg, sem ventila��o, j� que, na maioria delas, n�o h� janelas, apenas vidro. Quando chove, a �gua costuma alagar corredores que ficam um pouco abaixo do n�vel da rua. Na hora do recreio, o p�tio mal comporta o n�mero de estudantes, cerca de 500 por turno. “Estamos em um por�o, muito mal instalados. Entra muita �gua e sofremos com o mofo. Isso atrapalha muito o n�vel do ensino”, disse a vice-diretora, Nazareth Mari.

ABANDONO Enquanto os alunos se apertam nas salas e n�o t�m lugar adequado para recrea��o, o p�tio da Bar�o do Rio Branco, sob a sombra de um frondoso f�cus, est� vazio, abandonado desde que a reforma do pr�dio foi paralisada. Em um dos cantos est� largada uma das placas da obra do governo do estado. No informe que fica na fachada principal da escola, na Avenida Get�lio Vargas, dados sobre valores e prazo de t�rmino foram tampados. Na tarde de ontem, apenas seguran�as trabalhavam na vigil�ncia do pr�dio, para evitar que algu�m entrasse, mas era poss�vel ver, pelas frestas dos port�es, que boa parte das instala��es estava rebocada, mas sem pintura. Outro ind�cio de que a retomada das obras pode demorar � que a Cemig desligou a energia el�trica na tarde de ontem. O custo da obra estava estimado em R$ 7,2 milh�es.
Na Escola Estadual Bar�o de Maca�bas, no Bairro Floresta, oper�rios tamb�m estavam de bra�os cruzados na tarde de ontem. Disseram que, somente esta semana, 22 colegas foram demitidos. “A construtora n�o recebe desde agosto do ano passado”, disse um dos funcion�rios, que usava camisa da empreiteira respons�vel, mas pediu para n�o ser identificado. Segundo ele, cerca de 90% da reforma est� conclu�da. “Por dentro j� est� tudo pronto. Temos que terminar o acabamento da parte de fora, como pintura, muro e jardinagem. Mas como fazer sem dinheiro?”, questionou. Para sanar um problema estrutural detectado em 2013, foram estimados investimentos de R$ 3 milh�es na reforma, que tinha dura��o prevista de 540 dias. Cerca de 1,1 mil alunos foram transferidos para um espa�o da Escola Estadual Pedro Am�rico, no bairro vizinho de Santa Tereza.
Na Escola Estadual Pandi� Cal�geras, no Bairro Santo Agostinho, Centro-Sul, a restaura��o estava dividida em duas etapas. A primeira come�ou no fim de janeiro de 2013. A previs�o de conclus�o era at� julho do mesmo ano, mas o prazo foi estendido para o fim do ano passado. Os 1,6 mil estudantes est�o em um pr�dio alugado, no mesmo bairro. No Col�gio Estadual Central, o custo da reforma da Unidade 1 foi estimado em R$ 9 milh�es. Os alunos foram realocados, mas os da Unidade 2 permanecem estudando no local. Todas as obras s�o acompanhadas pelo Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico (Iepha) e pela Secretaria Municipal do Patrim�nio Hist�rico. As interven��es est�o a cargo do Departamento de Obras P�blicas do Estado de Minas Gerais (Deop-MG).
O Estado de Minas procurou a Secretaria de Estado da Educa��o e a Secretaria de Estado de Transportes e Obras P�blicas para questionar o motivo da suspens�o das obras e a previs�o de retomada dos servi�os. Em nota conjunta, as pastas se limitaram a informar que “todos os empreendimentos a cargo do Deop foram paralisados no fim de 2014 pela administra��o anterior”. Acrescentaram que “o governo do estado conclui um amplo levantamento da situa��o f�sico-financeiro dos projetos e, ap�s a aprova��o do Or�amento de 2015, decidir� sobre a retomada das obras”.
O dever de casa de cada uma
» Escola Estadual Bar�o do Rio Branco
A escola se instalou no casar�o neocl�ssico da Avenida Get�lio Vargas em 1914, oito anos depois de sua cria��o. Em julho de 2011, os alunos foram transferidos para o Instituto de Educa��o de Minas Gerais, mas as obras s� come�aram em janeiro de 2013. A previs�o era de que fossem conclu�das em julho deste ano. A reforma est� or�ada em R$ 7,2 milh�es.
» Escola Estadual Bar�o de Maca�bas
Uma das escolas tradicionais do Bairro Floresta, foi criada em 7 de setembro de 1921 e instalada em um pr�dio de estilo neocl�ssico. As obras, de pouco mais de R$ 3 milh�es, come�aram em meados de 2012 e estavam previstas para terminar em fevereiro de 2014.
» Escola Estadual Pandi� Cal�geras
Tombada em n�vel municipal. A reforma estava prevista para ocorrer em duas etapas: a primeira teve in�cio em janeiro de 2013 e previa a restaura��o do telhado. A segunda teria como meta a recupera��o estrutural. Cerca de 1,6 mil estudantes foram transferidos para um pr�dio alugado para permitir a obra.
» Col�gio Estadual Central
Em 1898, o externato do Gin�sio Mineiro foi transferido de Ouro Preto para Belo Horizonte. Em mar�o de 1943, foi autorizado a funcionar como col�gio, com a denomina��o de Col�gio Estadual de Minas Gerais. Em mar�o de 1956, passou a funcionar em Lourdes, com obras projetadas pelo arquiteto Oscar Niemeyer. A reforma teve in�cio no primeiro semestre de 2013, or�ada em R$ 9 milh�es.