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Estado de Minas

Com maioria da popula��o cat�lica, Minas abre espa�o para outras religi�es

Outras religi�es avan�am sobretudo nos maiores centros urbanos. Marca da toler�ncia est� impressa inclusive nos fi�is, que n�o raro frequentam mais de um tipo de culto


postado em 05/04/2015 07:07 / atualizado em 05/04/2015 16:15

Padre Gedler reza com fiéis em Camacho, onde quase 100% da população é católica: tendência é mais forte nos municípios do interior (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Padre Gedler reza com fi�is em Camacho, onde quase 100% da popula��o � cat�lica: tend�ncia � mais forte nos munic�pios do interior (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)

Em nome de Deus, de Jesus e de todos os santos. E sob as b�n��os de Al�, Jav� e dos orix�s, em caminhos guiados pelos esp�ritos de luz e inspirados nos ensinamentos de Buda. Minas, de maioria cat�lica – 70,4%, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) –, abre espa�o sagrado tamb�m para as demais religi�es e doutrinas, que, em tempos de papa Francisco e crise econ�mica, sinalizam para o di�logo, pregam a paz universal e buscam formas de atenuar o sofrimento humano. Em muitos munic�pios a tradi��o fala mais alto, como ocorre em Camacho, na Regi�o Centro-Oeste, onde quase 100% dos moradores t�m o padre como l�der espiritual. Em outros, o inverso se manifesta a olhos vistos. � o caso de Sarzedo, na Grande BH, que quase duplicou o n�mero de evang�licos em uma d�cada. O certo mesmo � que, independentemente do templo e do credo, os mineiros mant�m a f� em Deus, com baixo �ndice de ate�smo, embora superior, na capital, �s m�dias nacional e estadual, todas inferiores a 1%. N�o raro, muitos acendem uma vela para o santo de devo��o na capela, enquanto recebem passe no centro esp�rita ou fazem oferendas nos terreiros de candombl�. Neste domingo de P�scoa, o Estado de Minas publica a primeira de duas reportagens sobre a religiosidade dos mineiros, mostrando um painel variado de experi�ncias, pr�ticas e iniciativas de cada religi�o para ganhar territ�rio e ampliar o rebanho. Para o arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, o momento pede reflex�o. “N�s, cat�licos, que representamos mais de 70% da popula��o mineira, refletimos sobre o crescimento de outras confiss�es religiosas. Contudo, o que mais nos preocupa � o crescimento daqueles que n�o creem. Como Igreja, nos perguntamos: por que tantas pessoas deixaram de crer?”

Herdeiros do padre Alberto


Melécia vai batizar o filho em homenagem ao líder espiritual(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Mel�cia vai batizar o filho em homenagem ao l�der espiritual (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)

Camacho – As m�os deslizam suavemente sobre a barriga de quase nove meses e depois seguram com delicadeza a imagem de S�o Sebasti�o. Ao lado do marido, Ananias, a assistente social Mel�cia Lu�za Vieira Moreira, de 37 anos, conta que at� pensou em dar o nome do santo ao menino, mas uma tradi��o local falou mais alto e o casal decidiu: o menino vai se chamar Lucas Alberto. Para os moradores de Camacho, na Regi�o Centro-Oeste de Minas, a escolha n�o � surpresa, pois est� para nascer quem nunca tenha ouvido falar no padre Alberto Evangelista Marques Guimar�es (1901-1979), natural de Morro Vermelho, em Caet�, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, que viveu na cidade durante 36 anos, deixando um legado de f�, obras sociais e fortalecimento da espiritualidade. “� uma homenagem ao sacerdote que me batizou. Todo mundo aqui gostava muito dele”, diz Mel�cia com um sorriso e o prazer estampado no rosto ao acariciar novamente a primeira “casa” do herdeiro.

Logo na entrada da moradia do casal, perto da pra�a denominada Padre Alberto e da Matriz de Nossa Senhora das Dores, padroeira de Camacho, pode-se ver um altar com mais de 10 imagens. A �ltima do acervo foi a de S�o Sebasti�o, conquistada em um sorteio, da par�quia, com mais de 5 mil fi�is. “Nem acreditei quando anunciaram o meu nome no alto-falante”, revela a futura mam�e, ainda exultante. “Vivemos numa cidade de f�, tradi��o que passa de gera��o a gera��o, e tenho certeza que continuar� assim”, afirma a assistente social.


Do outro lado da pra�a, o p�roco Gedler Henrique Breves Pereira conta que padre Alberto deixou bases s�lidas de catequese, evangeliza��o e trabalho pastoral. “Uma obra na qual moral e �tica dialogam com o discurso religioso”, avalia o titular da par�quia e estudante de psicologia. “Padre Alberto nunca tirou a batina. Nem mesmo depois do Conc�lio Vaticano II”, afirma o sucessor, em uma refer�ncia ao encontro de bispos, em Roma, que promoveu a moderniza��o da Igreja Cat�lica, na d�cada de 1960.
Com 3,3 mil habitantes e economia baseada na cultura do caf�, Camacho tem 97,3% de cat�licos e foi dos poucos munic�pios no estado que, entre 2000 e 2010, registraram crescimento do n�mero de pessoas que professam essa f� (0,63%). Outro destaque foi Senador Firmino, na Zona da Mata, com 96,9% de cat�licos e aumento de 0,66%.

Essas cidades se enquadram perfeitamente em levantamento feito pelo Centro de Processamento de Informa��o e Pesquisas Pastorais e Religiosas (Cegipar) da PUC Minas, com base nos dados do Censo 2010 do IBGE e sob coordena��o da ge�grafa Izabella Carvalho. Conforme o trabalho de filia��es religiosas, o n�mero de cat�licos cresce nas �reas rurais de Minas, distantes, portanto, dos centros urbanos e industrializados e do maior fluxo de correntes migrat�rias e levas de trabalhadores.

DECL�NIO Na Grande BH, esse retrato fica bem n�tido, pois todos os munic�pios apresentaram perda no n�mero de cat�licos entre 2000 e 2010. A capital apresentava 87,2% de cat�licos em 1980 e caiu para 80% (1991) at� atingir 59,8% em 2010 – �ndice inferior ao nacional (64,6%) e ao estadual (70,4%). A porcentagem de evang�licos est� na casa dos 25% ou 595 mil pessoas. Alto Capara�, na Zona Mata, tem, em termos proporcionais segundo o Cegipar, a maior concentra��o de evang�licos: 55,9% em 2010.

No Tri�ngulo Mineiro e Alto Parana�ba, por influ�ncia do m�dium Chico Xavier (1910-2002), nascido em Pedro Leopoldo, na Grande BH e falecido em Uberaba, � bem expressiva a comunidade esp�rita, que arrebanha 2% de brasileiros, 2,14% de mineiros e 20,24% dos moradores de Pratinha, no Alto Parana�ba, seguido de Campo Florido (17,1%) e Uberaba (15,5%), no Tri�ngulo. BH (4%) re�ne o maior percentual da regi�o metropolitana, seguida de Pedro Leopoldo (3,9%) e Lagoa Santa (2,6%).

(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)


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