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Estado de Minas

P�scoa celebra renova��o em todos as religi�es

Enquanto cat�licos celebram no fim da Semana Santa o renascimento traduzido pela P�scoa, judeus, mu�ulmanos, adeptos do candombl� e budistas buscam, cada qual � sua maneira, a aproxima��o com o sagrado


postado em 06/04/2015 06:00 / atualizado em 06/04/2015 07:59

De origem judaica, família de Sarah Vaintraub se une para a ceia, composta de alimentos tradicionais (foto: Tulio Santos/EM/D.A Press)
De origem judaica, fam�lia de Sarah Vaintraub se une para a ceia, composta de alimentos tradicionais (foto: Tulio Santos/EM/D.A Press)
A renova��o espiritual, prometida aos cat�licos pela P�scoa, bate � porta de todas as religi�es e credos comungados em Belo Horizonte, cada qual a seu modo e em dias diferentes. Parte dos budistas da capital, por exemplo, aproveitou o feriado prolongado da semana santa para meditar pela paz mundial, participando de um retiro espiritual em honra a Budha Maitreya, o buda da bondade amorosa. “Nestes tempos modernos e corridos, as pessoas sentem muita perturba��o e estresse. O budismo treina bastante a mente, por meio da medita��o, inspirando os devotos a desenvolver um bom cora��o e a ajudar a si mesmo e aos outros”, afirma o volunt�rio Cristiano Nascimento, coordenador do programa de educa��o do Centro Budista Kadampa Maitreya, que re�ne principalmente moradores da Zona Sul de Belo Horizonte na sua sede, situada na Avenida Prudente de Morais, 780.

Para os adeptos dessa corrente budista moderna, bem como das outras vertentes, os preparativos v�o culminar em 16 de abril, que cair� em uma quarta-feira, tido como o dia mais importante do ano, em que se comemora a ilumina��o de Buda. “Nessa ocasi�o, depois de muita medita��o, Buda se sentou embaixo de uma �rvore e prometeu que dali n�o sairia enquanto sua mente n�o se libertasse de todos os sentimentos negativos. Para sua surpresa, a partir do dia seguinte ele j� deixou de ter sofrimento e passou a experimentar somente a felicidade”, explica Nascimento. Ele lembra, por�m, que n�o � tarefa f�cil atingir tal grau de plenitude e de paz. “A mente tem de estar voltada a contemplar argumentos v�lidos, como buscar sempre a bondade nas outras pessoas”, completa.

J� os judeus v�o celebrar juntos nas sinagogas no pr�ximo domingo, em 9 de abril, o jantar de confraterniza��o de S�der, que remete � sa�da dos hebreus da escravid�o do Egito rumo � liberdade, conduzidos por Mois�s. Antes disso, na �ltima Sexta-feira da Paix�o dos cat�licos, os cerca de 5 mil judeus da capital mineira comemoraram intimamente a Pessach (P�scoa) dentro de casa, com parentes e amigos. A data coincidiu ainda com o Shabat, como � denominada a tradicional reza das sextas-feiras, que come�a ao cair do Sol. “Para n�s, o mais importante � a ceia celebrada nos lares, com o recontar da hist�ria por meio da ingest�o de alimentos tradicionais, que simbolizam a interven��o de Deus para salvar o povo oprimido”, ensina o rabino Leonardo Alanati, de 52 anos, l�der da Congrega��o Israelita em Belo Horizonte.

Na única mesquita de Minas, calçados ficam do lado de fora enquanto homens prestam reverência(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Na �nica mesquita de Minas, cal�ados ficam do lado de fora enquanto homens prestam rever�ncia (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
No apartamento da matriarca de ascend�ncia polonesa Sarah Vaintraub, no Bairro Cidade Jardim, a fam�lia se reuniu em torno de uma bonita mesa, preparada com esmero, contendo pratos com bolinhos de peixe, o p�o sem fermento mazd� e a raiz forte, importante elemento para lembrar o sofrimento dos antepassados. “Todo dia para n�s � especial, mas a P�scoa nos oferece a oportunidade de renova��o dos costumes, dos mandamentos e principalmente, do necess�rio respeito ao pr�ximo”, comentou Sarah. Ela transferiu ao neto, o jovem m�dico Efraim Flam, de 28 anos, filho de Samuel e Patr�cia Flam, a honra de recitar as ora��es ao longo do jantar. “Desde que eu era crian�a, sempre foi celebrado deste jeito, para a tradi��o n�o se perder”, completa ele, emocionado, com a cabe�a coberta pelo quip�.

Longe dali, no alto do Bairro Mangabeiras, perto da Pra�a do Papa, a comunidade isl�mica j� havia se reunido mais cedo, desde o meio-dia, na �nica mesquita de Minas Gerais, para rezar a tradicional ora��o da sexta-feira. Para a celebra��o, os homens tiram os sapatos e se ajoelham, encostando a cabe�a no ch�o, em sinal de rever�ncia �s palavras do sheik de origem marroquina Mokhtar El Khal, l�der espiritual dos mu�ulmanos de Belo Horizonte. Mais distante estavam as mulheres, com v�us cobrindo os cabelos, incluindo uma delas, que deixava entrever somente os olhos. “Acho bonito o modo como os mu�ulmanos s�o muito certinhos e honestos com as coisas. Mas ainda � tudo novo para mim”, diz a esteticista Silvana de Almeida Lala, que cogita se reverter � nova religi�o para se casar com um rapaz do Egito. J� a amiga dela Leda Fernandes Pessoa, cat�lica, esteve presente � mesquita apenas por curiosidade. “Masha Allah!”, cumprimentavam-se entre elas, em palavras que, na tradu��o do �rabe, significam “benza-o Deus!”

Assista ao v�deo de celebra��o em mesquita



DAS TREVAS PARA A LUZ “Tamb�m gostamos de ganhar ovos de chocolate, mas acreditamos que a �poca da P�scoa significa a passagem das trevas para a luz, em que Jesus Cristo nos garante uma nova vida”, disse o pastor Jorge Linhares, durante o culto da �ltima quinta-feira na Igreja Batista Templo Gets�mani, na Regi�o da Pampulha. Ele explica que o nome Gets�mani vem do grego e significa “jardim de Deus, lagar do azeite”. Al�m da presen�a de jogadores de futebol, outra celebridade encantou o grande p�blico: Bianca Toledo, que estava lan�ando em BH seu �ltimo CD.

Com sua bela voz, a cantora gospel comoveu a plateia dando depoimento sobre o milagre ocorrido com ela em 2010, ao despertar depois de 52 dias em coma, duas paradas card�acas, in�meras transfus�es de sangue, 10 cirurgias e uma infec��o generalizada. O quadro se desencadeou no oitavo m�s do filho Jos� Vittorio. Ela iria se casar mais tarde com o pastor da linha batista Felipe Heiderich. “Silencia, Senhor, as minhas ansiedades e os meus medos. Eu quero ouvir o teu sussurro”, orava a mo�a, fervorosamente, sendo seguida em coro pelos participantes do culto.

Na Casa do Divino Esp�rito Santo das Almas, no Bairro S�o Geraldo, os adeptos da umbanda tamb�m se reuniram na �ltima quinta-feira, entrando em vig�lia madrugada adentro. Na cerim�nia, fechada ao p�blico, ocorre a consagra��o dos elementos e das ervas destinadas aos banhos e limpezas energ�ticas. J� na sexta-feira, permaneceram recolhidos em suas casas, muitos deles preservando o jejum de carnes vermelhas e de sexo. “Antes de sermos esp�ritas, nascemos originalmente no contexto social cat�lico. N�o deixamos de acreditar em Jesus Cristo. Para n�s, a verdadeira rainha � Nossa Senhora do Ros�rio”, conta o pai de santo Marcelo de Oxossi, esclarecendo o sincretismo entre as religi�es . “Tamb�m acreditamos no S�bado de Aleluia e na renova��o da f�, voltada a um Deus �nico”, completa.

Nos terreiros de candombl�, comemora-se em abril a grande festa de Ogum, organizada pelos filhos de santo e pelos donos das casas. “As datas mudam de acordo com o calend�rio das casas. Na nossa, ir� ocorrer no terceiro fim de semana, em 18 de abril”, revela a m�e de santo Eliane de Oxum. Segundo ela, nos 16 dias seguintes os candomblecistas seguir�o os preceitos sagrados, mantendo o jejum e as vestes brancas. “� pena que o conhecimento vindo da �frica esteja se perdendo, porque se trata de uma religi�o maravilhosa, muito rica em detalhes”, observa ela.

Palavra de especialista

Paulo Agostinho Nogueira Baptista, professor de mestrado do curso de ci�ncias da religi�o da PUC Minas

Bricolagem religiosa

“Nas d�cadas de 1960 e 1970, houve mudan�as no pa�s, com migra��o da zona rural para os centros urbanos. Naquela mesma �poca, chegaram ao Brasil muitos mission�rios europeus e norte-americanos, que come�avam a fazer prega��es transmitidas pela tev�. Passadas d�cadas, vemos hoje uma bricolagem religiosa – esp�ritas que frequentam igrejas e vice-versa – mostrando que falta uma educa��o para a f�, de pedagogia e de forma��o de grupos. Curiosamente, nunca se estudou tanto teologia, por parte dos leigos, indicando que as pessoas querem se informar mais.”



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