
Para os adeptos dessa corrente budista moderna, bem como das outras vertentes, os preparativos v�o culminar em 16 de abril, que cair� em uma quarta-feira, tido como o dia mais importante do ano, em que se comemora a ilumina��o de Buda. “Nessa ocasi�o, depois de muita medita��o, Buda se sentou embaixo de uma �rvore e prometeu que dali n�o sairia enquanto sua mente n�o se libertasse de todos os sentimentos negativos. Para sua surpresa, a partir do dia seguinte ele j� deixou de ter sofrimento e passou a experimentar somente a felicidade”, explica Nascimento. Ele lembra, por�m, que n�o � tarefa f�cil atingir tal grau de plenitude e de paz. “A mente tem de estar voltada a contemplar argumentos v�lidos, como buscar sempre a bondade nas outras pessoas”, completa.
J� os judeus v�o celebrar juntos nas sinagogas no pr�ximo domingo, em 9 de abril, o jantar de confraterniza��o de S�der, que remete � sa�da dos hebreus da escravid�o do Egito rumo � liberdade, conduzidos por Mois�s. Antes disso, na �ltima Sexta-feira da Paix�o dos cat�licos, os cerca de 5 mil judeus da capital mineira comemoraram intimamente a Pessach (P�scoa) dentro de casa, com parentes e amigos. A data coincidiu ainda com o Shabat, como � denominada a tradicional reza das sextas-feiras, que come�a ao cair do Sol. “Para n�s, o mais importante � a ceia celebrada nos lares, com o recontar da hist�ria por meio da ingest�o de alimentos tradicionais, que simbolizam a interven��o de Deus para salvar o povo oprimido”, ensina o rabino Leonardo Alanati, de 52 anos, l�der da Congrega��o Israelita em Belo Horizonte.

Longe dali, no alto do Bairro Mangabeiras, perto da Pra�a do Papa, a comunidade isl�mica j� havia se reunido mais cedo, desde o meio-dia, na �nica mesquita de Minas Gerais, para rezar a tradicional ora��o da sexta-feira. Para a celebra��o, os homens tiram os sapatos e se ajoelham, encostando a cabe�a no ch�o, em sinal de rever�ncia �s palavras do sheik de origem marroquina Mokhtar El Khal, l�der espiritual dos mu�ulmanos de Belo Horizonte. Mais distante estavam as mulheres, com v�us cobrindo os cabelos, incluindo uma delas, que deixava entrever somente os olhos. “Acho bonito o modo como os mu�ulmanos s�o muito certinhos e honestos com as coisas. Mas ainda � tudo novo para mim”, diz a esteticista Silvana de Almeida Lala, que cogita se reverter � nova religi�o para se casar com um rapaz do Egito. J� a amiga dela Leda Fernandes Pessoa, cat�lica, esteve presente � mesquita apenas por curiosidade. “Masha Allah!”, cumprimentavam-se entre elas, em palavras que, na tradu��o do �rabe, significam “benza-o Deus!”
Assista ao v�deo de celebra��o em mesquita
DAS TREVAS PARA A LUZ “Tamb�m gostamos de ganhar ovos de chocolate, mas acreditamos que a �poca da P�scoa significa a passagem das trevas para a luz, em que Jesus Cristo nos garante uma nova vida”, disse o pastor Jorge Linhares, durante o culto da �ltima quinta-feira na Igreja Batista Templo Gets�mani, na Regi�o da Pampulha. Ele explica que o nome Gets�mani vem do grego e significa “jardim de Deus, lagar do azeite”. Al�m da presen�a de jogadores de futebol, outra celebridade encantou o grande p�blico: Bianca Toledo, que estava lan�ando em BH seu �ltimo CD.
Com sua bela voz, a cantora gospel comoveu a plateia dando depoimento sobre o milagre ocorrido com ela em 2010, ao despertar depois de 52 dias em coma, duas paradas card�acas, in�meras transfus�es de sangue, 10 cirurgias e uma infec��o generalizada. O quadro se desencadeou no oitavo m�s do filho Jos� Vittorio. Ela iria se casar mais tarde com o pastor da linha batista Felipe Heiderich. “Silencia, Senhor, as minhas ansiedades e os meus medos. Eu quero ouvir o teu sussurro”, orava a mo�a, fervorosamente, sendo seguida em coro pelos participantes do culto.
Na Casa do Divino Esp�rito Santo das Almas, no Bairro S�o Geraldo, os adeptos da umbanda tamb�m se reuniram na �ltima quinta-feira, entrando em vig�lia madrugada adentro. Na cerim�nia, fechada ao p�blico, ocorre a consagra��o dos elementos e das ervas destinadas aos banhos e limpezas energ�ticas. J� na sexta-feira, permaneceram recolhidos em suas casas, muitos deles preservando o jejum de carnes vermelhas e de sexo. “Antes de sermos esp�ritas, nascemos originalmente no contexto social cat�lico. N�o deixamos de acreditar em Jesus Cristo. Para n�s, a verdadeira rainha � Nossa Senhora do Ros�rio”, conta o pai de santo Marcelo de Oxossi, esclarecendo o sincretismo entre as religi�es . “Tamb�m acreditamos no S�bado de Aleluia e na renova��o da f�, voltada a um Deus �nico”, completa.
Nos terreiros de candombl�, comemora-se em abril a grande festa de Ogum, organizada pelos filhos de santo e pelos donos das casas. “As datas mudam de acordo com o calend�rio das casas. Na nossa, ir� ocorrer no terceiro fim de semana, em 18 de abril”, revela a m�e de santo Eliane de Oxum. Segundo ela, nos 16 dias seguintes os candomblecistas seguir�o os preceitos sagrados, mantendo o jejum e as vestes brancas. “� pena que o conhecimento vindo da �frica esteja se perdendo, porque se trata de uma religi�o maravilhosa, muito rica em detalhes”, observa ela.
Palavra de especialista
Paulo Agostinho Nogueira Baptista, professor de mestrado do curso de ci�ncias da religi�o da PUC Minas
Bricolagem religiosa
“Nas d�cadas de 1960 e 1970, houve mudan�as no pa�s, com migra��o da zona rural para os centros urbanos. Naquela mesma �poca, chegaram ao Brasil muitos mission�rios europeus e norte-americanos, que come�avam a fazer prega��es transmitidas pela tev�. Passadas d�cadas, vemos hoje uma bricolagem religiosa – esp�ritas que frequentam igrejas e vice-versa – mostrando que falta uma educa��o para a f�, de pedagogia e de forma��o de grupos. Curiosamente, nunca se estudou tanto teologia, por parte dos leigos, indicando que as pessoas querem se informar mais.”