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Estado de Minas

Professores enfrentam desafios di�rios de deslocamento para manter miss�o de educar

Profissionais encaram dura rotina viajando centenas de quil�metros por estradas perigosas, inclusive de carona, para chegar a escolas. Prazer de ensinar compensa todos os sacrif�cios


postado em 11/04/2015 06:00 / atualizado em 11/04/2015 07:28

Adriana percorre 100km para dar aula na zona rural de Mariana(foto: JAIR AMARAL/EM/D.A Press)
Adriana percorre 100km para dar aula na zona rural de Mariana (foto: JAIR AMARAL/EM/D.A Press)

Na miss�o de ensinar, muitos podem ser os percal�os at� a sala de aula. Quem v� o mestre � frente nem imagina a luta enfrentada por muitos professores para chegar at� ali. Transmitir o saber e estimular o aprendizado n�o esbarram apenas na desvaloriza��o da carreira pa�s afora. Desafios de acesso, de estrutura e at� pessoais s�o superados em nome da educa��o. Deslocamentos dif�ceis para lugares distantes, tendo como companheiros rodovias perigosas ou estradas de terra na zona rural, onde mestres se arriscam tamb�m pegando at� quatro caronas por dia. Acordar ainda de madrugada para encarar longas jornadas que s� terminam � noite, em mais de uma escola e turnos diversos. Apenas na rede estadual de ensino, 33.177 servidores, o equivalente a 15,34% do total, t�m dois cargos, segundo a Secretaria de Estado de Educa��o. No interior de Minas ou em Belo Horizonte, a luta se repete. Mas, para quem tem na alma a determina��o de ser professor, tantos transtornos s�o mais uma motiva��o para fazer da rela��o de ensino e aprendizagem algo realmente transformador.

A professora Adriana Carla de Barros Costa, de 48 anos, viaja 100 quil�metros por dia para ensinar ingl�s na Escola Municipal Padre Ant�nio Gabriel, no distrito de Cl�udio Manoel, em Mariana, na Regi�o Central de Minas. Ela mora na sede do munic�pio e gasta tr�s horas na estrada diariamente. S�o cinco aulas por dia na escola. Na quinta-feira, leciona em Santa Rita Dur�o, outro distrito, a 45 quil�metros. “O deslocamento � cansativo, mas prefiro ensinar para as pessoas simples dos lugarejos. Os alunos s�o mais calorosos e dedicados ao estudo”, diz. “A maioria dos professores prefere trabalhar em Mariana, mas gosto mesmo � de atuar nos distritos”, afirma.

No ano passado, ela enfrentava estrada de terra para chegar � escola do distrito de Mainart, distante 27 quil�metros. Quando chovia, n�o podia seguir viagem por causa da lama. �s 10h50, o �nibus deixa Mariana e vai apanhando as professoras pelo caminho. Algumas d�o aula em mais de um distrito por dia e correm contra o tempo para n�o perder o transporte da prefeitura. “A gente pula igual pipoca de um lado para o outro”, brinca uma delas ao embarcar. Como saem muito cedo, deixam para almo�ar nas escolas, onde Adriana chega �s 12h20 e vai direto para o refeit�rio, para n�o perder tempo. Em sala de aula, onde ensina palavras com base na realidade dos alunos, � recebida com festa.

Antes de Cl�udio Manoel, o �nibus deixa professoras em outros distritos, como Monsenhor Horta, Paracatu e �guas Claras. Elas contam que a vida na rede estadual � mais sofrida ainda, pois n�o t�m transporte para a zona rural e dependem dos carros da prefeitura ou pegam carona na estrada, “no dedo, mesmo”. As estradas que levam aos distritos s�o estreitas e sinuosas. Quando chega em casa � noite, o cansa�o � inevit�vel, mas a sensa��o de dever cumprido � maior e Adriana dorme feliz, pronta para outra jornada no dia seguinte.

T�XI Mudar a rotina para ter mais qualidade de vida foi a sa�da da professora S�nia do Carmo Machado Rocha, de 43, e quatro colegas, moradoras de Paulistas, no Vale do Rio Doce. Para chegar � Escola Municipal Jos� Pimenta da Silva, na zona rural C�rrego Barro Amarelo, onde leciona em turmas do 6º ao 9º ano do ensino fundamental, elas bancam um t�xi para n�o depender do trajeto dif�cil no �nibus escolar. S�o R$ 750 por m�s divididos entre as cinco, j� que n�o h� vale-transporte, para compensar uma economia de duas horas di�rias.

At� o ano passado, S�nia levava marmita para a escola onde d� aula de hist�ria para o ensino m�dio pela manh�, e l� almo�ava. Encarava um transporte que, no geral, segundo as professoras, � muito ruim – um dos ve�culos tinha buraco no assoalho. Mas existem outras dificuldades. “Tenho de imprimir em casa provas dos alunos, pois a escola n�o tem m�quina de xerox. N�o podemos lavar a m�o na torneira do banheiro, porque a �gua � contaminada”, reclama. Mas ela � categ�rica: ainda trabalha por amor, depois de 22 anos de profiss�o. “Pensei v�rias vezes em largar, mas n�o consegui. Prefiro ficar a deixar a vaga para algu�m que n�o trabalhar� como eu. Ainda vale a pena, pelo menos para mim.”


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