
Cinquenta e quatro cirurgias eletivas (pr�-agendadas) foram canceladas este ano na Maternidade Odete Valadares, no Bairro Prado, na Regi�o Oeste de BH, por falta de anestesista. A den�ncia � da Associa��o Sindical dos Trabalhadores em Hospitais da Fhemig (Asthemg), que anunciou que entrar� esta semana com uma a��o na Justi�a contra o governo do estado, por “neglig�ncia administrativa”. Segundo a diretora da Asthemg, M�nica Abreu, foram suspensas 18 em janeiro, 15 em fevereiro, 15 em mar�o e seis em abril. “N�o s�o cirurgias de emerg�ncia, s�o programadas, e a Fhemig poderia deslocar anestesistas de outros hospitais para o Odete Valadares”, afirma a diretora da Asthemg.
Ainda segundo ela, o Hospital Alberto Cavalcante, refer�ncia em oncologia, no Bairro Padre Eust�quio, Regi�o Noroeste da capital, n�o conta com aparelhos para medir press�o e glicose. “No caso da glicose, os pr�prios funcion�rios t�m que comprar o aparelho por conta pr�pria”, afirmou.
Ambul�ncias da Casa de Sa�de Padre Dami�o, em Ub�, Zona da Mata, tamb�m estariam sendo usadas de forma irregular. “J� flagramos ambul�ncias transportando instrumentos musicais, antenas e cama. Enquanto isso, os pacientes precisam de transporte e n�o t�m”, disse M�nica, lembrando que a den�ncia ser� levada � Comiss�o de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, amanh�.
Zelita Maria de Oliveira, de 60 anos, portadora de hansen�ase, vive h� 40 anos na Col�nia Padre Dami�o e reclama da falta de ambul�ncia. Diz que foi diversas vezes para fazer exames em Juiz de Fora, na Zona da Mata, e teve de pagar o transporte com o dinheiro da sua pens�o. “Ub� n�o tem os aparelhos para os exames e somos encaminhados para outras cidades. A ambul�ncia aqui s� serve para transportar madeira e tijolos, em vez de carregar seres humanos. Aqui falta atendimento m�dico e os exames s�o todos deixados para depois. N�o temos medicamentos, n�o temos nada”, reclama a paciente, que diz sofrer de problemas na coluna e que j� foi submetida a 11 cirurgias. “O dinheiro da minha pens�o n�o chega a um sal�rio m�nimo e qualquer tanto que a gente gasta com transporte ou rem�dio faz falta depois”, afirma Zelita.
Greve A Fhemig admite o cancelamento de cirurgias na Maternidade Odete Valadares, em quantidade inferior � apontada pela Asthemg, mas n�o informou o n�mero exato. “No ano passado e at� meados de janeiro deste ano, houve realmente cirurgias canceladas por falta de profissionais de anestesiologia no mercado, problema enfrentado em v�rios hospitais. Ap�s esse per�odo, o problema foi resolvido. Cirurgias foram canceladas depois de fevereiro por causa da greve dos servidores da sa�de e pelo n�o cumprimento da escala m�nima de trabalho nos blocos cir�rgicos. Para a seguran�a dos pacientes, as cirurgias foram canceladas”, informou a Fhemig.
Sobre a den�ncia de ambul�ncias usadas para outros fins na Col�nia Padre Dami�o, a Fhemig diz que existe uma escola estadual dentro da col�nia e que o ve�culo foi usado para transportar materiais emprestados pela Secretaria Municipal de Educa��o da cidade para ensaio dos alunos para o desfile de Sete de Setembro. “O traslado demorou 10 minutos e o ve�culo foi desinfectado depois. Outras duas ambul�ncias estavam � disposi��o dos pacientes no dia”, afirmou. Ainda segundo a Fhemig, uma ambul�ncia antiga foi descaracterizada e transformada em carro administrativo, para transporte de materiais, como tijolos.
A Fhemig afirma ainda que na col�nia s�o 118 pacientes que fazem parte da Autoriza��o para Interna��o Hospitalar dos Portadores de Hansen�ase (AIH5), que recebem medicamentos e transporte para outros munic�pios, mas a paciente Zelita, embora vivendo no local, n�o est� inclu�da. A entidade tamb�m nega as den�ncias de falta de aparelhos no Hospital Alberto Cavalcante.