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Estado de Minas

Fechamento de unidades de sa�de em cidades vizinhas lota hospitais de BH

Qualidade do atendimento a parturientes cai com o fluxo de pacientes em maternidades da capital


postado em 19/04/2015 07:00 / atualizado em 19/04/2015 07:25

(foto: Cristina Horta / EM / D.A Press)
(foto: Cristina Horta / EM / D.A Press)

Se, por um lado, Belo Horizonte supre a necessidade da popula��o de cidades da Regi�o Metropolitana que suspenderam a realiza��o de partos em suas maternidades, abrir as portas para gestantes de fora traz um impacto para o servi�o de sa�de da capital. No Hospital Municipal Odilon Behrens (HOB), por exemplo, onde 240 nascimentos s�o atualmente feitos por m�s, o atendimento a parturientes da Grande BH representa 40% do total de partos. A unidade, refer�ncia em procedimentos de alto risco, diz ter aumentado em 30% sua demanda depois do fechamento de maternidades nos munic�pios vizinhos e tamb�m em Belo Horizonte. “Tal aumento gera transtornos, como superlota��o da maternidade, sobrecarga da equipe assistencial, diminui��o do conforto para pacientes e contratempos nas pactua��es existentes, o que dificulta o atendimento aos usu�rios”, informou o hospital por meio de nota.


Por ser um pronto-socorro de portas abertas, ou seja, trabalha sem restri��o de atendimento, independentemente  da classifica��o de risco do paciente, o Odilon Behrens recebe muitas gestantes j� em trabalho de parto. Uma delas, a cabeleireira Nat�lia Rosa da Silva, de 25 anos, acabou de dar � luz ao beb� Arthur. Ainda internada em um dos leitos do HOB, ela conta que n�o teve outra sa�da a n�o ser vir para a capital. Moradora de Santa Luzia, na Regi�o Metropolitana, Nat�lia chegou a fazer o pr�-natal em sua cidade, mas foi obrigada a sair �s pressas para o parto em BH j� que a bolsa do l�quido amni�tico havia estourado. “� ruim ter que sair da cidade da gente para fazer o parto, mas ainda bem que temos essa possibilidade, j� que a maternidade em Santa Luzia est� fechada. Fiquei apreensiva. Tive medo de que algo acontecesse comigo ou com o beb�. Ainda bem que deu tudo certo”, disse.


Esta n�o � a primeira vez que Nat�lia precisa recorrer ao SUS de BH para ter um filho. H� dois anos, a cabeleireira deu entrada, tamb�m em trabalho de parto, na maternidade Sofia Feldman, na Regi�o Norte, para ter a primeira filha. O marido dela, Thiago Davidson Pinheiro, de 26, fala do transtorno do parto fora de casa. “Estou indo e vindo pra Santa Luzia v�rias vezes por dia. � um desgaste. Acho um absurdo uma cidade do tamanho de Santa Luzia n�o ter uma maternidade para sua popula��o”, afirma.

RISOLETA NEVES Pamela Cristina Cardoso, de 17, moradora do Bairro Nova Conquista, tamb�m em Santa Luzia, passou pela mesma situa��o. Miguel, de 5 meses, filho dela com o repositor Pablo Moreira de Jesus, de 19, tamb�m nasceu em BH, no Hospital Risoleta Neves. “Meu m�dico avisou que n�o tinha jeito de o beb� nascer em Santa Luzia, que eu tinha que ir para outra cidade mais perto. O Risoleta Neves estava lotado no dia. S� fizeram o meu parto porque meu filho j� estava nascendo quandocheguei. Todo mundo da regi�o agora s� ganha nen� l�. � muito parto e sobrecarrega o hospital”, disse Pamela, que � menor e teve a gravidez considerada de risco. “Depois de tanto sufoco que passei, vou pensar duas vezes antes de ter outro filho”, decidiu.


De acordo com a Secretaria Municipal de Sa�de, como Belo Horizonte sempre foi refer�ncia em atendimento, � ineg�vel que tenha sofrido impacto com o fechamento de maternidades na Regi�o Metropolitana. Gerente de Regula��o e Aten��o Hospitalar, Christine Ferretti diz, no entanto, que a press�o sobre a rede da capital � percebida em todo tipo de procedimento, especialmente nos mais estrangulados, como alguns tipos de cirurgias. Sobre os partos, afirmou n�o ser poss�vel, de imediato, mensurar o impacto, no atendimento, que chega pulverizado nas maternidades que atendem ao SUS em BH.


Prefeituras das cidades da Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte alegam dificuldades financeiras para manter equipes de especialistas e, consequentemente, ter o servi�o de partos ativo. Ao mesmo tempo, as unidades da capital afirmam n�o haver pactua��o direta entre os munic�pios e o hospital, sendo esta feita pelo estado, munic�pio a munic�pio, para casos de gestantes de alto risco. No caso do Odilon Behrens, a dire��o garante que o atendimento extra gera um significativo impacto nos investimentos que poderiam ser realizados no hospital.

 

Falta de dinheiro � a maior dificuldade

 

No caso de Vespasiano, a prefeitura informou que os partos foram suspensos devido ao atraso de repasse financeiro da Secretaria de Estado da Sa�de, o que ainda permanece. De acordo com o �rg�o, os procedimentos ser�o retomados nos pr�ximos dias, depois de recomposto o plant�o de obstetr�cia. “O munic�pio tem uma maternidade que foi reformada e ampliada com recursos pr�prios e que era mantida em parceria com o estado. Com o atraso, os pacientes est�o sendo encaminhados para cidades pr�ximas e para a capital”, informou a administra��o municipal por meio de nota.


Sabar� afirma que a suspens�o dos partos, em 2008, se deu porque o custo da maternidade da Santa Casa era superior � arrecada��o, al�m da m�dia de partos previstos n�o ser suficiente para custear os gastos, segundo a dire��o administrativa do hospital. De acordo com a prefeitura, h� um projeto de constru��o da maternidade municipal, previsto para come�ar em junho, com prazo de execu��o de um ano. A cidade n�o tem mais o credenciamento para realiza��o dos procedimentos e as crian�as filhas dos moradores nascem na Santa Casa de Belo Horizonte e no Sophia Feldman, tamb�m na capital. Segundo a administra��o municipal, Sabar� tem pactua��o financeira com BH para a realiza��o desses partos.

EM BUSCA DE SOLU��O Por meio de nota, a SES informou que as cidades da RMBH, citadas nesta reportagem, suspenderam os partos por decis�o do pr�prio servi�o hospitalar, mas que continuam realizando procedimentos ginecol�gicos eletivos e fizeram outros tipos de cirurgias no �ltimo ano. Segundo a secretaria, al�m da pactua��o para realiza��o de partos entre os diversos munic�pios, o governo est� trabalhando para constru��o de fluxos que contemplem, inclusive, os per�odos de sobrecarga. O secret�rio de Sa�de, Fausto Pereira dos Santos, informou que equipes da secretaria est�o atuando diretamente com os gestores de unidades que suspenderam servi�os ou est�o com problemas de fluxo para tentar resolver os problemas.

 

Em Lagoa Santa, a prefeitura informou que assinou pactua��es com cidades da regi�o e as gestantes s�o encaminhadas para fazer o parto nas vizinhas Vespasiano, Pedro Leopoldo e, se necess�rio, em Belo Horizonte. Os nascimentos na cidade foram suspensos em outubro de 2013, quando a maternidade da Santa Casa foi fechada por decis�o judicial, por suspeita de irregularidades dos ex-dirigentes. De acordo com o secret�rio municipal de Sa�de, Fabiano Moreira, a dire��o antiga alegou que o valor repassado era insuficiente para manter o servi�o da maternidade em funcionamento. Mas no ac�rd�o da decis�o do TJMG foram citadas irregularidades administrativas. A Prefeitura de Santa Luzia foi procurada, mas n�o se posicionou sobre o assunto.


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