
Prefeitura de Belo Horizonte, com atua��o em v�rias frentes, �rg�os do patrim�nio estadual e federal e at� a Copasa est�o se unindo em uma esp�cie de esfor�o de guerra para turbinar a candidatura do Conjunto Moderno da Pampulha ao t�tulo de patrim�nio da humanidade, concedido pela Organiza��o das Na��es Unidas para a Educa��o, a Ci�ncia e a Cultura (Unesco). Com a meta de encher os olhos de representantes da entidade internacional que devem visitar a regi�o entre julho e setembro, as interven��es v�o muito al�m da preserva��o ou recupera��o dos seis monumentos ligados ao t�tulo – a Igreja de S�o Francisco de Assis, a Casa Kubitschek, o Museu de Arte da Pampulha, a Casa do Baile, o Iate T�nis Clube e o espelho d’�gua. Est�o previstas tamb�m a��es para elevar a 95% a taxa de retirada de esgoto da lagoa, incremento no turismo, obras de asfaltamento, padroniza��o do mobili�rio urbano e atua��o inclusive na chamada zona de amortecimento.
Essa �rea, composta pelos bairros S�o Luis, Ouro Preto, Bandeirantes, Serrano, Jardim Atl�ntico e Bra�nas, al�m de �reas verdes e im�veis no entorno da lagoa, receber� nos pr�ximos meses altera��es visuais, interven��es vi�rias, al�m de campanhas de conscientiza��o sobre limpeza e preserva��o. Entre as a��es previstas est�o a constru��o de faixas de pedestres nos acessos aos monumentos, alargamento da Avenida Otac�lio Negr�o de Lima em frente � Casa do Baile, padroniza��o de lixeiras, recapeamento asf�ltico, tratamento de cal�adas, conserto de bocas de lobo e pintura dos aparelhos de gin�stica das academias da cidade, que integram a orla. Elas devem receber cores mais neutras ou ser�o trocadas por estrutura inox, porque a atual colora��o, chamativa, interfere na paisagem.
De acordo com o presidente da Funda��o Municipal de Cultura (FMC), Le�nidas Oliveira, o setor de turismo � outro a ser explorado. Ele explica que, por meio da Belotur, um trabalho que vem sendo desenvolvido com o setor hoteleiro e operadoras, para a cria��o de visitas guiadas � regi�o. “A ideia � que o turista tenha a op��o de passar uma manh� ou uma tarde na Pampulha, apreciando o conjunto arquitet�nico e paisag�stico”, disse.
Outra iniciativa prevista para incrementar a visita��o � a cria��o de uma linha de transporte que fa�a o contorno da orla, ligando as atra��es tur�sticas do Conjunto Moderno da Pampulha. De acordo com a Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur), a cria��o do itiner�rio � pr�-requisito para a declara��o da Pampulha como patrim�nio da humanidade. A Belotur, juntamente com a BHTrans, est� avaliando a melhor forma de implantar o servi�o. Ainda n�o h� informa��es definidas sobre roteiro ou valor da tarifa.
Iniciativa consideradas muito bem-vindas por quem passeia pela Pampulha. Em vista ao lugar na tarde de quinta-feira, um grupo de argentinos ressaltou a import�ncia da cria��o de uma linha ligando os pontos tur�sticos. “Quer�amos conhecer tudo, mas n�o vamos, porque uma atra��o fica muito distante da outra. Poderia haver um �nibus espec�fico ou esta��es de bicicletas de aluguel em todos eles”, sugeriu a arquiteta Evelyn Abildgaard, de 37 anos, acompanhada dos amigos Gabriela Ebel, de 31, e Miguel Barreto, de 53. Todos estavam encantados com a beleza dos monumentos e da paisagem, mas fizeram ressalvas: “De modo geral, os bens est�o bem cuidados, mas alguns precisam de restaura��o”, acrescentou Miguel.
A beleza da Pampulha tamb�m fez a dona de casa Cintia Dolabela, de 56 anos, levar a sobrinha Joana Faria, de 22, portuguesa, para visitar o complexo arquitet�nico. A estudante se encantou com o conjunto, mas ressaltou: “Falta mais vida, mais movimento. Atra��es que possam trazer mais turistas para visita��o”.
POPULA��O Os moradores dos bairros da zona de amortecimento tamb�m ser�o orientados, em palestras e audi�ncias p�blicas, sobre a preserva��o do entorno. O objetivo das reuni�es � reduzir a polui��o e melhorar a consci�ncia de preserva��o nos bairros que t�m impacto direto na �rea a ser tombada. “Precisamos mostrar que a cidade ganha visibilidade pela Unesco, por isso as campanhas educativas. Esse t�tulo coloca Belo Horizonte em uma rota tur�stica internacional”, afirma o presidente da FMC, lembrando que o objetivo � envolver a comunidade no processo. A popula��o ser� convocada a ter mais cuidado com o lixo, preservar as fachadas das casas e �reas no entorno.
A candidatura da Pampulha ao t�tulo da Unesco vai resultar ainda na cria��o de um comit� gestor, que avaliar� projetos de obras e outras altera��es imobili�rias na regi�o. O grupo ser� formado por representantes da FMC, Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha), Instituto de Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan), Administra��o Regional Pampulha, Funda��o Zoobot�nica, associa��es de moradores, entre outras entidades – que decidir�o sobre cada mudan�a ou obra. A ideia de cuidar da zona de amortecimento � manter o conjunto paisag�stico mais original poss�vel, evitando a verticaliza��o.
Apesar de a �rea j� ter regras espec�ficas que pro�bem estruturas muito elevadas, o presidente explica que a atua��o do comit� e, principalmente, a conquista do t�tulo de patrim�nio da humanidade, pesam contra qualquer iniciativa de descaracteriza��o. “Existem projetos para mudar a Pampulha desde que ela foi criada. Na medida em que essa zona recebe o t�tulo da Unesco, a prote��o da �rea extrapola o �mbito municipal, estadual ou federal. Passaremos a ter uma parceria internacional para preservar os bens tombados. N�o adianta tombar a igrejinha e deixar que seja constru�do um pr�dio atr�s dela. A �rea vai ganhar mais for�a contra verticaliza��o”, diz Le�nidas Oliveira.
Ainda segundo ele, funcion�rios da Funda��o Zoobot�nica receber�o orienta��es sobre a candidatura da Pampulha, para que o Jardim Bot�nico e o aqu�rio do Zool�gico recebam cuidados especiais, os mesmo dados a museus naturais. “Vamos conversar, no dia 28, sobre os processos expositivos do Jardim Bot�nico e a rela��o da paisagem ambiental com o patrim�nio cultural”, afirma Le�nidas Oliveira.