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Estado de Minas

Aumento da criminalidade contrasta com poucos militares e falta de plant�o nas delegacias

Moradores dos munic�pios de Padre Para�so e Ara�ua� cobram mais seguran�a


postado em 25/05/2015 06:00 / atualizado em 25/05/2015 07:23

Faixa em Padre Paraíso anuncia ação policial(foto: Sérgio Vasconcelos/Gazeta de Araçuaí)
Faixa em Padre Para�so anuncia a��o policial (foto: S�rgio Vasconcelos/Gazeta de Ara�ua�)

Ara�ua�, com 36 mil habitantes no Vale do Jequitinhonha, tamb�m sofre com a criminalidade, como Padre Para�so e outros munic�pios da regi�o. Foram 56 crimes violentos no primeiro quadrimestre deste ano, mais da metade (57%) dos 98 durante todo ano de 2014. Os dados s�o da Secretaria de Estado de Defesa Social sobre as ocorr�ncias de homic�dios (tentados e consumados), estupros (tentados e consumados), assaltos, roubos, sequestros e c�rcere privado. No fim de abril, a popula��o da cidade reagiu e organizou um protesto, cobrando provid�ncias das autoridades para combater assaltos, homic�dios e tr�fico de drogas na regi�o.


“Nos �ltimos anos, houve uma diminui��o do efetivo policial em nossa cidade. Tamb�m n�o existem mais plant�es na delegacia nos feriados e fins de semana, o que dificulta o trabalho da Pol�cia Militar. Como consequ�ncia, houve aumento da viol�ncia e do tr�fico de drogas”, afirma o empres�rio Cleisson Santos Ribeiro, da Associa��o Comercial de Ara�ua�, que liderou o protesto.

O comandante da 222ª Companhia da Pol�cia Militar de Ara�ua�, tenente Gilamarcio da Silva Rocha, diz que o aumento da viol�ncia n�o � exclusividade do munic�pio, “est� acontecendo em todo o estado de Minas Gerais” e no pa�s. Segundo ele, o crime est� saindo dos grandes centros e migrando para os munic�pios menores.

Para ele, uma das principais causas do avan�o da viol�ncia no interior s�o as leis que abrandam as penas. O militar tamb�m destaca como problema a falta de um centro de interna��o para adolescentes infratores na regi�o. Na �ltima semana, um adolescente de 17 anos matou um gari a facadas e continuou livre, devido � falta de um local adequado para abrig�-lo, informou o tenente.

Já o distrito Barra de Salinas, em Coronel Murta, foi invadido por quadrilha, que fez reféns, incendiou falsa viatura (abaixo) usada no ataque, e roubou 150 quilos de pedras preciosas(foto: Sérgio Vasconcelos/Gazeta de Araçuaí)
J� o distrito Barra de Salinas, em Coronel Murta, foi invadido por quadrilha, que fez ref�ns, incendiou falsa viatura (abaixo) usada no ataque, e roubou 150 quilos de pedras preciosas (foto: S�rgio Vasconcelos/Gazeta de Ara�ua�)

(foto: Sérgio Vasconcelos/Gazeta de Araçuaí)
(foto: S�rgio Vasconcelos/Gazeta de Ara�ua�)


ASSALTO Em Barra de Salinas,  distrito de Coronel Murta , cidade de 9,3 mil habitantes, no Norte de Minas, a tranquilidade foi quebrada por um assalto cinematogr�fico na madrugada no dia 19. O lugarejo de pouco mais de 100 casas foi invadido por 13 criminosos, que roubaram 150 quilos de turmalinas e cristais do comerciante Amarildo Ferreira, de 47 anos, avaliados em R$ 1,5 milh�o A quadrilha usou tr�s carros roubados na BR-251, na mesma regi�o, pintados com o letreiro da Pol�cia Civil. Armados, eles danificaram o sistema de telefonia do distrito e as c�meras de circuito de interno de filmagem da casa de Amarildo.

“Foram momentos de terror. Fizeram minha fam�lia ref�m e colocaram uma arma na minha cabe�a exigindo tudo”, contou o comerciante. No mesmo dia, um dos carros usados no assalto foi abandonado em um distrito de Virgem da Lapa, no Vale do Jequitinhonha. A pol�cia investiga o caso, mas ainda n�o h� pistas.

Ja�ba, de 32 mil habitantes, � a cidade do Norte do estado com maior crescimento da criminalidade nos primeiros quatro meses de 2015. Foram 84 crimes violentos, 57,1% do total (147) dos ocorridos durante todo o ano de 2014, segundo dados da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds). O comerciante Azis Silva Oliveira, dono de uma loja de cal�ados e confec��es na cidade, recorda que, h� algum tempo, a cidade lugar era tranquila; “N�o tinha nada de viol�ncia, a n�o ser brigas em festas ou bares”.

Hoje, afirma ele, a viol�ncia ficou incontrol�vel, com o avan�o do tr�fico de drogas, homic�dios, assaltos e roubos, constantemente registrados tamb�m nos n�cleos urbanos do projeto de irriga��o do Ja�ba, distante 30 quil�metros da sede.

Segundo Azis Oliveira, a criminalidade come�ou a crescer quando a cidade teve r�pido aumento populacional e passou a ter mais dinheiro circulando. “Mas o que mais contribui para o aumento da viol�ncia � o tr�fico de drogas”, considera ele, que culpa tamb�m a impunidade, principalmente dos adolescentes, pelo crescimento da viol�ncia. A reportagem n�o conseguiu contato com o comando da Pol�cia Militar em Ja�ba.

Isolamento e impunidade favorecem a viol�ncia

O coordenador do N�cleo de Estudos Sociopol�ticos da Pontif�cia Universidade Cat�lica de Minas Gerais (PUC Minas), Robson S�vio Souza Reis, diz que a escalada da criminalidade no interior est� diretamente ligada a uma mudan�a cultural nas pequenas cidades, onde as pessoas ficam cada vez mais individualistas e distanciadas, eliminando a situa��o em que “todo mundo conhece todo mundo”.

Ele tamb�m afirma que, nos �ltimos anos, houve um esfor�o do governo para melhorar a seguran�a nas grandes cidades do estado, que fez com que o crime migrasse para o interior. “Isso tamb�m aconteceu no Nordeste do Brasil”, observa.

O especialista tamb�m aponta como causa do aumento da viol�ncia nas pequenas cidades a impunidade e a lentid�o da Justi�a e a falta de investiga��o e preven��o aos delitos.“Temos um modelo em que se cuida somente da repress�o, sem valorizar a preven��o dos crimes”, critica Souza Reis.

Como exemplo, ele cita as explos�es dos caixas eletr�nicos com dinamite que proliferam Brasil afora. “Mas ningu�m investiga o roubo da dinamite usada para explodir esses caixas”. Al�m disso, segundo ele, no Brasil somente 8% dos homic�dios s�o julgados at� a �ltima inst�ncia. “Mais de 90% das pessoas que matam n�o s�o julgadas”, avalia.


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