A instala��o de grades em parte do Conjunto Governador Juscelino Kubitschek, no Bairro Santo Agostinho, Centro-Sul de Belo Horizonte, foi considerada irregular pela Funda��o Municipal de Cultura (FMC). Por meio de nota, a Diretoria de Patrim�nio Cultural da FMC afirmou que n�o houve autoriza��o para o cercamento que isolou o condom�nio, mais conhecido como Conjunto JK, da Pra�a Raul Soares. A diretoria n�o confirmou se h� den�ncia formal em rela��o � interven��o no complexo arquitet�nico, projetado por Oscar Niemeyer na d�cada de 1950, que � considerado integrante da �rea de prote��o da Raul Soares. Em caso de queixa, a ger�ncia da Regional Centro-Sul ser� acionada para fiscalizar e retirar o equipamento.
A administra��o do JK foi procurada, mas n�o se manifestou sobre a situa��o. Por meio de um funcion�rio do conjunto, que teve a parte extrena do Bloco B cercada, o Estado de Minas apurou que h� pouco mais de um m�s teve in�cio a coloca��o das grades, como forma de impedir que moradores de rua fizessem do espa�o abrigo e dep�sito de material recicl�vel que recolhem nas ruas.
O comerciante Elmano Elaoud, �nico estabelecido na �rea cercada, ficou surpreso com a informa��o de que a iniciativa da administra��o do conjunto n�o havia sido autorizada. “O objetivo da grade � a pr�pria preserva��o do pr�dio. Antes, aqui havia v�rios carrinhos cheios de papel�o e moradores de rua colocando fogo, provocando amea�a de inc�ndio. Estou aqui h� oito meses e, neste per�odo, houve v�rios comunicados � prefeitura, mas nada foi feito para evitar os transtornos para os moradores e para pessoas que passam pela cal�ada, j� que o espa�o virou ponto de tr�fico de drogas, banheiro p�blico e local para pessoas manterem rela��es sexuais”, protestou o comerciante.
Uma moradora do pr�dio, que preferiu n�o ser identificada, conta que evitava passar pr�ximo � �rea que tinha sido ocupada pelos moradores de rua. “Preferia dar a volta, pois me sentia intimidada. A grade os tirou das proximidades do pr�dio, mas eles foram para a pra�a (Raul Soares), onde � dist�ncia � poss�vel ver que fazem uso de drogas durante todo o dia”, disse ela, que vive no JK h� 20 anos e afirma que h� um ano a situa��o no local ficou mais tensa, com a chegada de v�rios andarilhos.
A fisioterapeuta Terezinha Malta, de 42 anos, passa com seu filho, Gabriel, de 8, pr�ximo ao espa�o isolado quando vai busc�-lo na escola. “Os moradores de rua estavam depredando o espa�o e n�o respeitavam quem passava pelo local. � uma pena ter que colocar a grade, mas ela trouxe seguran�a para quem passa pela cal�ada. Durante todo o dia, ficavam pelo menos 20 pessoas no local, fazendo uso de droga e at� necessidades fisiol�gicas, em meio a um monte de sujeira”, descreveu.
Monumento
O Conjunto JK foi arquitetado por Oscar Niemeyer e constru�do gra�as ao ent�o governador de Minas Gerais, Juscelino Kubitschek, motivo pelo qual o edif�cio recebeu seu nome. O objetivo de JK era atenuar a crise de moradias que afetava a classe m�dia, proporcionando habita��es de alto padr�o a custos baixos. A obra foi encomendada em 1952 e teve in�cio no ano seguinte, por�m, sua conclus�o s� foi ocorrer em 1970.