
Mais de 24 horas de tens�o, espera, empenho, solidariedade, ang�stia e dor. Os trabalhos de per�cia para tentar identificar as causas do acidente com o helic�ptero Jet Ranger 206-B, prefixo PT-YDY, na Mata do Palmito, em Santa Rita de Ouro Preto, em Ouro Preto, Regi�o Central de Minas, s� foram encerrados no fim da tarde de ontem, possibilitando o resgate dos corpos dos tr�s ocupantes e encerrando a angustiante espera de familiares e amigos das v�timas. Apesar de os militares do Terceiro Servi�o Regional de Investiga��o e Preven��o de Acidentes (Seripa III) n�o falarem sobre as evid�ncias colhidas no local, o delegado regional da Pol�cia Civil, Rodrigo Bustamante, que participou dos levantamentos, afirmou que aparentemente a aeronave n�o teve desacelera��o antes da queda. Outros fatores que devem ser considerados s�o testemunhos sobre a intensa neblina na hora do desastre, sobre a suposta interrup��o do ru�do do motor e sobre uma esp�cie de retorno que teria sido feito pelo piloto, o que pode indicar uma tentativa de pouso de emerg�ncia.
O tenente J�lio C�sar Teixeira, do Corpo de Bombeiros de Ouro Preto, disse que a corpora��o recebeu o chamado relativo � queda por volta das 19h. “O local � de dif�cil acesso, mas por volta das 20h j� est�vamos perto da aeronave e confirmamos que os tr�s ocupantes haviam morrido”, afirmou. O oficial passou a madrugada no local, que foi isolado para o trabalho da per�cia, somente partindo no come�o da manh�, ap�s a chegada de outra equipe. Tinha in�cio ent�o a dolorosa espera pelos peritos da Aeron�utica, que teriam sa�do do Rio de Janeiro �s 6h. No fim da manh�, por volta das 10h, a chegada de policiais civis trouxe nova expectativa para as fam�lias. Por�m, o delegado Ramon Sandoli, chefe do N�cleo de Opera��es A�reas, foi ao local apenas para criar condi��es que facilitassem o acesso dos profissionais da per�cia, que apenas �s 13h15 chegaram para dar in�cio aos levantamentos.
EVID�NCIAS O chefe de Prote��o do Seripa III, capit�o Erick Cheve, n�o quis antecipar detalhes sobre as eventuais causas da queda ou sobre as hip�teses levantadas, como o tempo ruim ou falha mec�nica. “O que n�s fizemos foi recolher informa��es, evid�ncias, a partir de equipamentos, posi��es encontradas da aeronave, fotos, para analisar as causas do acidente. O objetivo do Seripa n�o � apontar culpados, apenas investigar os motivos que levaram � ocorr�ncia, para evitar novos desastres.”
O major Farley Rocha, subcomandante do 1º Batalh�o dos Bombeiros e um dos comandantes do Helic�ptero Arcanjo, ouviu de populares que na tarde de ter�a-feira um nevoeiro intenso tomou conta da Mata do Palmito, onde ocorreu a queda. “O piloto pode ter sido surpreendido e entrado inadvertidamente nessa �rea de mau tempo. Nesse caso, sem visibilidade, pode ter acontecido um choque com alguma montanha. A aeronave n�o � homologada pela Ag�ncia Nacional de Avia��o Civil para voar por instrumentos”, explicou o militar. A capacidade de operar apenas com contato visual inviabilizaria o voo dentro de uma nuvem.
SOLIDARIEDADE Desde a confirma��o da queda do helic�ptero, o distrito de Santa Rita de Ouro Preto, com cerca de 7 mil habitantes, teve sua rotina de tranquilidade quebrada. Nas ruas, normalmente desertas depois das 22h, podiam ser vistos at� tarde pequenos grupos falando sobre a trag�dia. At� o come�o da madrugada as luzes das casas, normalmente apagadas bem cedo, continuvam acesas, � espera de not�cias. Logo pela manh�, pessoas j� estavam paradas diante da estrada de acesso ao local do acidente.
Em meio � trag�dia, n�o faltou solidariedade por parte dos moradores. Na noite de ter�a e madrugada de ontem, pessoas da comunidade, al�m de providenciar lanches para parentes e amigos das v�timas, tentavam de alguma forma consolar o pai do piloto, identificado apenas como Henrique, que, desolado, se sentou pr�ximo a uma igreja para buscar for�as. Na hora do almo�o, as irm�s Eizabeth Aparecida da Costa, de 34 anos, e Magna Crispi da Costa, de 38, e a prima delas Maria do Carmo Silva, de 38, se uniram para preparar comida n�o apenas para as pessoas pr�ximas das v�timas, mas tamb�m para policiais, bombeiros e profissionais de imprensa, que, distantes nove quil�metros do restaurante mais pr�ximo, n�o arredavam p� do local.
REPERCUSS�O Um dia ap�s o acidente, amigos e colegas de trabalho das v�timas continuaram prestando homenagens e oferecendo condol�ncias aos familiares pelas redes sociais. Na p�gina de um parente de Roberto e Bruno, amigos ofereceram consolo pela perda de pai e filho. “Queria poder te abra�ar neste momento t�o dif�cil. Que Deus conforte o cora��o de voc�s”, dizia uma postagem. “N�o existem palavras para dizer neste momento. Sei que nada se compara � sua dor. Que Deus, em sua infinita bondade, console seu cora��o e te d� muita for�a para suport�-la”, desejava outra publica��o.
Nas pr�prias p�ginas, colegas de trabalho trocavam as suas fotos por uma fita de luto e demonstravam a dor pela perda de Felipe Piroli, piloto considerado experiente, com mais de mil horas de voo. “� com muita tristeza que vemos um amigo partir assim, t�o jovem e de forma t�o s�bita. Dif�cil encontrar palavras. Descanse em paz, Piroli! Sua alegria de viver estar� sempre presente em nossas lembran�as! Que Deus possa consolar sua fam�lia e amigos neste momento de profunda dor.”
Tr�s perguntas para Gilmar Eur�lio Santana, pedreiro que encontrou a aeronave
1 - Voc� viu o helic�ptero antes da queda?
N�o, s� ouvi o som do motor, mas n�o parecia diferente. Depois, j� n�o ouvi o motor, s� um zumbido, parecendo uma turbina, e mais nada. Pensei que o helic�ptero ou avi�o – n�o sabia o que era – tinha ca�do na mata.
2 - Qual foi sua rea��o?
Eu e outros moradores entramos na mata, mesmo sem no��o de onde podia ter sido o acidente. Sentimos um cheiro forte, parecendo de querosene. E foi esse cheiro que serviu para nos guiar, pois j� estava escuro e t�nhamos apenas lanternas.
3 - Qual foi o sentimento quando voc� encontrou os destro�os?
T�nhamos nos dividido em duplas. Depois de abrir caminho na mata fechada, quando vi o helic�ptero fui logo correndo e gritando que tinha encontrado. Pensei que podia ajudar as pessoas feridas, mas pareciam mortas. Ent�o ligamos para os Bombeiros