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Estado de Minas EM AGOSTO

Pr�dio que abrigou famoso cinema de BH � restaurado e vai virar centro comercial

Im�vel em estilo art-d�co agora ser� ocupado por 180 boxes ou lojas (de quatro a 31 metros quadrados), 10 quiosques e �rea de alimenta��o


postado em 20/06/2015 06:00 / atualizado em 20/06/2015 08:16

Cinema popular nos anos 1990: projeto original do imóvel, no Centro, é de autoria do arquiteto italiano rafaello Berti(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A.Press - 19/04/1991)
Cinema popular nos anos 1990: projeto original do im�vel, no Centro, � de autoria do arquiteto italiano rafaello Berti (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A.Press - 19/04/1991)

O im�vel em estilo art-d�co que abrigou um dos cinemas mais famosos de Belo Horizonte � restaurado para dar lugar, a partir de 1º de agosto, ao Shopping Bel�, um centro comercial popular. O interior do ex-Cine M�xico, um dos s�mbolos desse tipo de empreendimento no estado e que era frequentado pelas classes menos abastadas, agora ser� ocupado por 180 boxes ou lojas (de quatro a 31 metros quadrados), 10 quiosques e �rea de alimenta��o. Tamb�m haver� duas varandas panor�micas.

O antigo cinema, erguido na esquina da Avenida Oiapoque com Rua Curitiba, na zona bo�mia da capital mineira, foi inaugurado, em 1944, com o nome de Vit�ria e projeto assinado pelo renomado arquiteto italiano Rafaello Berti. S�o dois mil metros quadrados de �rea constru�da. O desenho original apresentava em cada torre�o da fachada, em sentido vertical, a inscri��o popular.

As obras, iniciadas em 23 de junho do ano anterior, foram executadas pela Sociedade Construtora Minas Moderna Ltda. O filme de estreia foi O grande motim, baseado na hist�ria real do navio H.M.S. Bounty, da marinha brit�nica. O enredo, que remonta a 1787, trata de um motim dos marujos contra os m�todos r�gidos do capit�o. A pel�cula, que ganhou o Oscar de melhor filme em 1936, foi dirigida por Frank Lloyd (1867-1959) e estrelada por Clark Gable (1901-1960).

Pouca gente sabe, por�m, que o M�xico foi inaugurado com o nome de Vit�ria. Apenas em 1961, depois de as exibi��es serem suspensas para reforma da constru��o, o empreendimento foi rebatizado de M�xico. A empresa dona do cinema contratou a Pelmex Pel�culas Mexicanas. A distribuidora exigia exclusividade de apresenta��o no local, o que levou os propriet�rios do pr�dio a alterarem o nome.

A cr�tica da �poca classificou a aparelhagem de som e a proje��o do empreendimento como uma das mais modernas do pa�s. Era o auge dos cinemas em BH. Outros empreendimentos do g�nero eram vizinhos ao M�xico, como o Am�rica, o Avenida e o Democrata. Todos destinados aos consumidores de renda mais baixa. As fam�lias com sal�rios mais vantajosos frequentavam o Brasil e o Metr�pole. Apesar de toda sua import�ncia, o M�xico tamb�m n�o resistiu ao avan�o das videolocadoras e fechou as portas.

Tombamento


A constru��o foi tombada em n�vel municipal em 1994. Um estudo da prefeitura sobre o im�vel concluiu que “a import�ncia do M�xico deriva n�o s� de sua atividade como ponto de lazer e encontro, mas como exemplo de uma �poca de novas propostas arquitet�nicas. � o principal exemplar da arquitetura marajoara em Belo Horizonte, como afirma a arquiteta Celina Borges Lemos.

O texto ainda destaca que o M�xico � “representante do geometrismo do d�co, que racionalizou as alegorias ind�genas, sua composi��o pode ser vista como uma fantasmagoria arqueol�gica. Sua fachada n�o � mais que um panorama onde se projetam v�rias interpreta��es do imagin�rio coletivo. Por estar localizado na zona bo�mia, passou a reunir todos os tipos de pessoas, que l� iam com as mais variadas inten��es, sendo que o que menos interessava era a sess�o corrida de filmes”.

A decad�ncia dos cinemas de ruas em todo o pa�s encerrou as atividades do M�xico, que deu lugar a um estacionamento privado na d�cada de 1990. Agora, o local ser� ocupado por um shopping popular. De olho nas cerca de duas milh�es de pessoas que frequentam a regi�o diariamente, segundo estimativa da prefeitura, empres�rios decidiram apostar no Shopping Bel�.

“Al�m de ser um centro de compras, queremos que o local se torne uma nova op��o de lazer e cultura em Belo Horizonte. O pr�dio est� localizado em uma regi�o de f�cil acesso com um ambiente agrad�vel e organizado. Ele � um peda�o importante da hist�ria da cidade e carrega as boas mem�rias do antigo cinema. Nossa inten��o � realizar a��es culturais gratuitas no Shopping Bel� e levar entretenimento � popula��o.”, comenta Eduardo Pereira, gerente geral do empreendimento.

Reforma


A restaura��o do local foi viabilizada pela BHC Comercial. J� o projeto ficou sob a responsabilidade dos arquitetos Eduardo Beggiato e Edwiges Leal, com a coautoria de Frederico Bicalho. Todos da B & L arquitetura. Eles decidiram pela retirada de todas as interven��es feitas em cima da fachada original. Tamb�m optaram por recuperar o revestimento original.

Tanto o piso quanto a parede do hall, espa�os caracter�sticos do antigo cinema, foram restaurados. “No interior do edif�cio tivemos a preocupa��o em valorizar o espa�o onde ficava a tela do cinema, como um palco, trazendo para o cen�rio atual as lembran�as do M�xico. Tamb�m restauramos todos os elementos arquitet�nicos que se destacam, como os frisos na parede”, explica Eduardo Beggiato.

As fachadas do im�vel ganharam pain�is com imagens da Belo Horizonte da primeira metade do s�culo passado: “Foram colocadas nos locais em que eram estampados cartazes dos filmes”, explica Eduardo. As fotos despertam a curiosidade de quem passa pela cal�ada, como ocorreu com o aposentado Francisco Dourado, de 71 anos, morador do Bairro Lagoinha. “D� uma saudade grande daquela �poca. BH era muito mais linda!”.

LINHA DO TEMPO

20 de janeiro de 1943
O arquiteto Rafaello Berti conclui o projeto do Cine Theatro Popular

23 de junho de 1943
In�cio das obras do im�vel

14 de outubro de 1944
O cinema � inaugurado com O grande motim, produ��o de Frank Lloyd

1961
Cinema � fechado para reforma e � reaberto com o nome de Cine M�xico

D�cada de 1990
O im�vel d� lugar a um estacionamento privado

10 de novembro de 1994
O pr�dio � tombado por lei municipal

2015
A constru��o passa a abrigar uma feira popular


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