
Nos �ltimos dois meses, quatro casos de fuga de motoristas que causaram acidentes em Belo Horizonte chamaram a aten��o da Pol�cia Civil para manobras que esses condutores usaram no tr�nsito. Em pelo menos tr�s das quatro ocorr�ncias, havia ind�cios de que o respons�vel pela batida ingeriu bebida alco�lica. Sem flagrante, os motoristas acreditam ter mais chances de escapar do crime de embriaguez.
A Pol�cia Civil diz ser plenamente poss�vel investigar um caso de mistura de bebida alco�lica e dire��o mesmo sem a pris�o do condutor, apesar de ser mais dif�cil levantar as provas de embriaguez sem o motorista ter sido submetido ao teste de baf�metro. A corpora��o entende que a presen�a ostensiva da Pol�cia Militar pode ser uma forma de minimizar o problema, j� que os militares atendem a ocorr�ncia primeiro, mas garante que pode fazer dilig�ncias no plant�o para localizar fuj�es. Para isso, precisa ser comunicada das ocorr�ncias em tempo real.
Depois que o empres�rio C�lio Brasil J�nior, de 23 anos, bateu uma BMW X6 na madrugada de 26 de abril na Pra�a da Liberdade, ap�s beber em uma boate, conforme informaram testemunhas, outros tr�s casos semelhantes ocorreram na cidade. C�lio entrou em um t�xi e se apresentou mais de dois dias depois � Delegacia Especializada em Acidentes de Ve�culos (DEAV), dizendo que estava dirigindo, mas que n�o bebeu e abandonou o local por ter ficado desorientado. A Corregedoria da PM abriu investiga��o, pois testemunhas informaram que o empres�rio foi embora mesmo com a presen�a de policiais no local.
Em 23 de maio, o jovem Bruno Rocha Resende, de 19, capotou um Gol branco na Rua Professora Bartira Mour�o, no Bairro Buritis, Oeste de BH, e abandonou o local. Mas policiais militares o encontraram em casa e ele recusou o baf�metro. Com sinais de ter ingerido bebida alco�lica, Bruno foi preso em flagrante e liberado ap�s pagar fian�a de R$ 1 mil. Ele foi indiciado por embriaguez, cuja pena varia entre seis meses e tr�s anos de deten��o.
Na noite da �ltima quinta-feira, a PM informou que um casal que estava em um Fox abandonou o local de um acidente em um t�xi, na esquina das avenidas Afonso Pena e Contorno, no Bairro Cruzeiro, Centro-Sul de BH, depois de causar uma batida que feriu duas pessoas que estavam em uma moto. Testemunhas informaram aos militares que a dupla estava alcoolizada. Ontem, o motorista M�rcio Fernandes Guimar�es J�nior, de 28, se apresentou espontaneamente � DEAV e as investiga��es atestar�o se ele bebeu ou n�o, al�m de responsabiliz�-lo pela fuga.
No mesmo dia, o educador f�sico Reinaldo Teles, de 33, morreu depois de bater sua moto em um carro no Bairro Cora��o Eucar�stico, na Regi�o Noroeste. Ele caiu no ch�o e foi atingido por um segundo motoqueiro, que foi embora sem prestar socorro. Um inqu�rito j� foi aberto para investigar o caso. “Essa situa��o preocupa muito porque demonstra o desprezo dessas pessoas em cumprir a lei. Mas, por outro lado, a gente sabe que, embora as pessoas at� consigam evadir em alguns casos, temos outros meios de investigar. De uma forma ou de outra, elas ser�o penalizadas, como j� aconteceu v�rias vezes”, avalia a delegada Carla Vidal, titular da DEAV.
PRESEN�A DA PM NO LOCAL
“Quando chega com tudo pronto e o suspeito � conduzido � �timo, mas nosso trabalho � investigar. No caso da BMW, por exemplo, tudo indica que o motorista ser� indiciado por embriaguez ao volante”, acrescenta a policial. O inqu�rito est� esperando a expans�o do prazo. A delegada ainda lembra que dilig�ncias iniciais podem ser feitas pela equipe de policiais de plant�o do Detran, com a inten��o de localizar poss�veis fuj�es, mas, para que isso aconte�a, a Pol�cia Civil precisa ser avisada da ocorr�ncia em tempo real. “Al�m do plant�o, que pode ajudar a localizar o suspeito pela placa do ve�culo, temos uma equipe da DEAV que pode ser mobilizada em caso de acidente grave. De qualquer forma, para inibir a fuga a melhor solu��o � a presen�a da pol�cia de forma ostensiva, que cabe � PM”, completa.
O advogado Carlos Cateb, que participou da elabora��o do C�digo de Tr�nsito Brasileiro entende que o aumento de casos de fuga � preocupante. “Isso pode incentivar outros casos e ajuda a ressaltar a sensa��o de impunidade. Precisamos de mais policiais nas ruas e a��o mais r�pida da pol�cia”, afirma.
Para o soci�logo e consultor de seguran�a no tr�nsito Eduardo Biavati, esses exemplos ainda s�o muito residuais. “Esperamos que a pol�cia seja r�pida e n�o d� tempo para a fuga, mas isso � dif�cil, pois a lei tamb�m tem seus limites. A reportagem procurou o Comando de Policiamento da Capital (CPC) para comentar o caso, mas ningu�m quis se manifestar.