
“� a vossa na��o que julgamos mais pr�pria para nos ajudar. N�o somente porque foi quem deu o exemplo, mas tamb�m porque a natureza nos fez habitantes do mesmo continente”, continua o estudante carioca, que assinava com o pseud�nimo Vendek. As cartas escritas em Montpellier, na Fran�a, e endere�adas a Thomas Jefferson est�o dispon�veis no site do Arquivo P�blico Mineiro, nos Autos da Devassa. Foram pelo menos tr�s cartas enviadas ao embaixador norte-americano, que anos depois seria eleito presidente dos Estados Unidos. Jefferson respondeu ao brasileiro, explicando que n�o tinha autoridade para assumir compromissos oficiais por seu pa�s, mas combinou um encontro para trocar ideias com Jos� Joaquim. A reuni�o, no entanto, n�o foi registrada oficialmente e at� hoje n�o se sabe se ocorreu.
Em relat�rio enviado ao ent�o presidente George Washington, em 1794, Jefferson contou sobre seu contato com o estudante brasileiro e afirma que deseja “ver o fim de imp�rios e reinados no continente”. Em outra carta enviada ao Congresso dos EUA, o pol�tico norte-americano defende a instala��o de um governo republicano no Brasil. “Eles consideram a revolu��o norte-americana como um precedente para a sua. Pensam que os Estados Unidos � que poderiam dar-lhes um apoio honesto e, por v�rios motivos, simpatizam conosco. No caso de uma revolu��o vitoriosa no Brasil, um governo republicano seria instalado”, avaliou Jefferson.
“A influ�ncia da independ�ncia nas col�nias inglesas chegou aqui por meio de jornais, entre eles a Gazeta de Lisboa, que circulava na col�nia, a edi��o do livro Hist�ria filos�fica e pol�tica dos estabelecimentos europeus nas duas �ndias, do abade Raynal, que, na edi��o de 1780, j� trazia a narrativa da independ�ncia na Am�rica do Norte, e a cole��o das leis constitutivas dos Estados Unidos da Am�rica, que tem v�rios documentos importantes, como a Declara��o dos Direitos do Homem. Os inconfidentes se apropriaram desses escritos, assim como usaram tamb�m documentos sobre a restaura��o portuguesa de 1640”, explica Luiz Carlos Villalta, coordenador do programa de p�s-gradua��o de hist�ria da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
O historiador ressalta que as influ�ncias n�o partiram apenas de estudantes brasileiros que retornavam da Europa ap�s cursar institui��es de ensino superior, mas alguns moradores da col�nia tamb�m tinham acesso aos ideais iluministas e relatos da independ�ncia das col�nias inglesas. “Pessoas que nunca foram para a Europa leram obras importantes aqui mesmo na col�nia. Tiradentes, por exemplo, nunca saiu do Brasil e teve acesso a escritos de fora. Ele n�o dominava o franc�s, mas usava dicion�rios para entender as mensagens. N�o podemos exagerar a difus�o dessas ideias, at� porque a camada de quem sabia ler naquele per�odo era bastante restrita, mas tivemos at� mesmo algumas obras traduzidas para o portugu�s por inconfidentes”, explica Villalta.
Linha do tempo
1719
Portugal determina a cria��o do “quinto”, imposto sobre o ouro encontrado no Brasil
1763
Transfer�ncia da capital da col�nia da cidade de Salvador para o Rio de Janeiro
1776
Em 4 de julho, os l�deres das 13 col�nias se re�nem no Congresso de Filad�lfia, onde promulgam a Declara��o da Independ�ncia
1789
Movimento dos inconfidentes mineiros � denunciado e reprimido por determina��o da Coroa portuguesa
1792
Em 21 de abril, Joaquim Jos� da Silva Xavier, o Tiradentes, � enforcado e esquartejado no Rio de Janeiro
1808
Corte portuguesa se muda para o Rio de Janeiro