
A demora da Copasa em conseguir captar o esgoto urbano que � despejado de forma clandestina nos c�rregos que formam a Lagoa da Pampulha levou a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) a tentar uma solu��o pr�pria. Ainda neste ano, de acordo com o prefeito Marcio Lacerda (PSB), ser� iniciada a constru��o de plantas de tratamento de �gua em tr�s ou mais dos afluentes mais polu�dos do reservat�rio, um dos s�mbolos da cidade. A verba para essas interven��es e para a despolui��o qu�mica das �guas ser� de R$ 140 milh�es, com recursos de financiamentos internacionais e do Banco do Brasil. “N�o vamos mais esperar a Copasa, que n�o estava conseguindo resolver, fazer as remo��es necess�rias e as liga��es de esgoto para as moradias que despejam poluentes na Pampulha, em Contagem e em Belo Horizonte tamb�m”, afirma Lacerda.
O programa de despolui��o da Pampulha come�ou em 2013 e consistia em uma etapa que era o desassoreamento de parte da lagoa. Essa a��o foi desempenhada pela PBH e terminou em outubro do ano passado. Foram gastos mais de R$ 108,5 milh�es e retirados 800 mil metros c�bicos de detritos e lixo, o que chega a 133 caminh�es de res�duos – transportados para um aterro especial em Santa Luzia, na Grande BH. Paralelamente a isso, a Copasa assumiu o compromisso de canalizar todo o esgoto clandestino despejado no lago e tratar essas cargas na Esta��o de Tratamento de Esgoto (ETE) do On�a.
O plano seria implantar 100 quil�metros de redes interceptoras desse esgoto e tratar os dejetos, com um investimento que j� chegou a R$ 102 milh�es. Esse processo deveria ser conclu�do antes da Copa do Mundo de 2014, mas, como isso n�o foi feito, a PBH paralisou sua segunda etapa, que seria a despolui��o qu�mica do reservat�rio. “N�o fazia sentido limpar a �gua gastando milh�es se mais esgoto continuaria vindo dos c�rregos. Isso seria enxugar gelo”, afirma Lacerda. A ideia, agora, � barrar o esgoto e o lixo que chegam dos c�rregos pouco antes que atinjam a lagoa, o que mant�m os mananciais sujos, mas protege a Pampulha.
ACORDO Os planos da PBH envolvem assumir a Esta��o de Tratamento de Efluentes (Etaf) Pampulha, que a Copasa construiu na conflu�ncia dos c�rregos Ressaca e Sarandi, os maiores e mais contaminados da bacia da Pampulha. A estrutura fica na entrada do Parque Ecol�gico. “Vamos fazer um acordo com a Copasa para modernizar essa estrutura e utiliz�-la para despoluir aqueles c�rregos”, disse Lacerda. A Etaf come�ou a ser implantada em 2002 e custou R$ 430 milh�es. A estrutura tem uma vaz�o m�dia de 750 litros por segundo e promove o tratamento secund�rio, com uma efici�ncia de 85% na remo��o de carga org�nica e s�lidos em suspens�o.
Em seguida, o prefeito quer implantar esta��es do tipo jardins filtrantes em dois ou tr�s c�rregos, dependendo da necessidade prevista nos projetos, que devem ser licitados antes do fim deste ano. Esse sistema � o mesmo que j� foi anunciado para o C�rrego �gua Funda/Bom Jesus, em fevereiro deste ano. S� naquele manancial a a��o programada custaria R$ 6 milh�es, usando plantas que ret�m mat�ria org�nica, sem interfer�ncia de produtos qu�micos. Essa estrat�gia foi pesquisada por t�cnicos da Funda��o Zoobot�nica, que visitaram outros pa�ses com a inten��o de conhecer o sistema. Segundo a Sudecap, o curso do c�rrego ser� desviado para uma esta��o natural de tratamento, que vai ser respons�vel por reduzir a carga poluidora durante a estiagem. No per�odo das cheias, a vaz�o excedente continuar� a escoar pelo leito natural do c�rrego.
PUXADINHO DO IATE Al�m da despolui��o da Pampulha, outro problema pode atrapalhar o conjunto arquitet�nico de ganhar o t�tulo de patrim�nio cultural da humanidade concedido pela Unesco. Como revelou a reportagem do Estado de Minas, a situa��o mais grave � a de uma constru��o irregular e descaracterizadora no Iate T�nis Clube (ITC), que os arquitetos ligados ao processo apelidaram de “puxadinho”. Lacerda disse ontem que tentou um acordo com a diretoria do clube, mas a negocia��o falhou.
“Nos dispusemos a financiar as reformas que precisam ser feitas, desde que, como contrapartida, o clube abrisse para a visita��o p�blica seus pain�is de C�ndido Portinari e os jardins de Burle Marx. Isso n�o foi aceito. Com isso, a sa�da foi acionar o Minist�rio P�blico. Temos uma audi�ncia marcada para resolver isso nos pr�ximos dias”, afirma Lacerda. A reportagem n�o encontrou representantes do ITC para comentar as declara��es do prefeito.
Obras de drenagem
A PBH espera iniciar neste ano o projeto de drenagem da Avenida Cristiano Machado, que vai prevenir inunda��es na via. O valor da obra � estimado em R$ 300 milh�es. As interven��es que eram feitas na Avenida Prudente de Morais, na Cidade Jardim tamb�m devem ser retomadas, agora que dificuldades construtivas foram superadas. Um plano de implanta��o de bacia de drenagem no Bairro das Ind�strias tamb�m deve sair neste ano.