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Estado de Minas

Fot�grafo faz imagens dos profetas de Aleijadinho por novos �ngulos

Obras do artista em Congonhas, vistas sob �ngulos e luzes espec�ficos, revelam fotografias que os entusiastas insistem em classificar como inten��es ocultas do artista


postado em 30/07/2015 06:00 / atualizado em 30/07/2015 08:10

Leão aos pés do profeta Daniel revela face humana quando visto de outro ângulo (detalhe), alimentando as teorias sobre mistérios que o mestre Aleijadinho teria ocultado em seu trabalho(foto: Sandoval Souza Pinto Filho/Divulgação e Beto Novaes/EM/D.A Press)
Le�o aos p�s do profeta Daniel revela face humana quando visto de outro �ngulo (detalhe), alimentando as teorias sobre mist�rios que o mestre Aleijadinho teria ocultado em seu trabalho (foto: Sandoval Souza Pinto Filho/Divulga��o e Beto Novaes/EM/D.A Press)
Os 12 profetas esculpidos por Aleijadinho na Bas�lica do Senhor Bom Jesus do Matosinhos, em Congonhas, na Regi�o Central de Minas, est�o l� – est�ticos – h� mais de 200 anos. Apesar do tempo transcorrido, h� quem enxergue ainda hoje, na pedra-sab�o, imagens curiosas que levam a crer em outras inten��es (al�m das que j� foram amplamente estudadas) do mestre do barroco Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1737-1814).

O fot�grafo de Congonhas Sandoval Souza Pinto Filho � frequentador contumaz do adro da bas�lica e busca, quase diariamente, luzes e �ngulos distintos para registrar os profetas. Em uma foto inusitada, com a ajuda de uma escada, fotografou o le�o ao p� do profeta Daniel, como se o bicho fizesse uma selfie. “Quando olhei a foto fiquei impressionado, pois o rosto do le�o parecia com o de uma pessoa e a m�o do profeta tamb�m poderia ser a m�o dessa pessoa”, explica Sandoval, que al�m de fot�grafo � diretor de Meio Ambiente da Uni�o das Associa��es Comunit�rias de Congonhas (Unacon) e membro da Academia de Ci�ncias, Letras e Artes de Congonhas (Aclac).

O que instigou a imagina��o de Sandoval foi a leitura do romance hist�rico que ele encontrou em um sebo: E eles ver�o a Deus – O drama do Aleijadinho, de Kurt Pahlen. “Mestre Ant�nio tinha feito S. Jorge com os tra�os do governador... Era uma vergonha; em todo o caso quase escondia seus tra�os... Mas o drag�o... O drag�o! A cabe�a do monstro tinha os tra�os grosseiros do secret�rio! Qu�, qu�, qu�! Rom�o, o drag�o! Rom�o, o drag�o...”, escreveu Pahlen no livro sobre uma passagem em que Aleijadinho teria representado o rosto de um secret�rio da ent�o Vila Rica no drag�o que acompanha S�o Jorge.

Especialista na obra de Aleijadinho, o escultor Luciomar Sebasti�o de Jesus � enf�tico ao afirmar que Aleijadinho n�o teve a inten��o de transformar o le�o em uma pessoa quando visto por outro �ngulo. “No Renascimento, isso era muito comum, mas no Barroco n�o tinha isso”, afirma, comparando os dois estilos, sendo o �ltimo o da �poca de Aleijadinho. Por�m, o escultor, que atualmente ocupa o cargo de diretor de Patrim�nio da Prefeitura de Congonhas, entende que interpreta��es que buscam mensagens subliminares s�o comuns. “O bacana da arte � isso. O artista n�o � o dono da obra dele”, relativiza Luciomar.

“S�o esses mist�rios que valorizam o mundo”, destaca o artista pl�stico Jos� Efig�nio Pinto Coelho, que tamb�m � escritor e pesquisador do Barroco Mineiro. Para Jos� Efig�nio, � importante trabalhar outras percep��es e n�o se ligar apenas aos estudos acad�micos. “Para eles (acad�micos), � tudo pedra sobre pedra, mas a arte tem momentos po�ticos”, afirma. O artista pl�stico, que vive em Ouro Preto, cita o exemplo da Santa Cec�lia, que fica na Igreja do Ros�rio (a da par�quia do Pilar), que, quando vista de um lado, � um soldado romano, e de outro � a imagem da santa.

Na mesma bas�lica de Congonhas onde Sandoval vislumbrou o le�o h� uma ilus�o de �tica conhecida e que, inclusive, alguns guias contam para os turistas. Ao observar a portada da igreja de um determinado quadrado no ch�o � poss�vel – focando a vis�o na coroa de espinhos sobressaltada – ver uma imagem sombreada do rosto de Jesus Cristo. O topete do anjo forma o que seria o nariz do Cristo, e o restante do rosto do anjo, dependendo de como a luz incide, a boca e barba.

Ao ver a equipe de reportagem tentando fotografar a ilus�o do mestre do barroco, a professora de portugu�s Carmen Gomez, de Porto Alegre (RS), tentou enxergar e ficou encantada com o que vislumbrou. “Nada � por acaso. Com certeza ele (Aleijadinho) deve ter pensado nisso”, afirma a turista ga�cha, que diz ter conseguido ver a imagem de Cristo somente quando cerrou um pouco os olhos. Ficou mais satisfeita ainda ao saber que, segundo reza a lenda, somente aqueles que enxergam Cristo na portada da igreja ir�o para o c�u.

TEORIAS H� mais de 30 anos, a pesquisadora Isolde Helena Brans publicou o livro Profetas ou conjurados?, que defende a tese de que os 12 profetas no adro da bas�lica, em Congonhas, seriam uma representa��o dos conjurados da Inconfid�ncia Mineira. A tese de Isolde entende que, como Aleijadinho era reprimido pela Coroa, ele se valeu de subterf�gios para imortalizar os que tentaram a independ�ncia do Brasil.

O escultor Luciomar, assim como v�rios estudiosos da obra de Aleijadinho, n�o concorda com a teoria de que os profetas seriam inconfidentes. Luciomar tamb�m n�o acredita nas teses de que Aleijadinho seria ma�om e fez os dedos de alguns profetas aludindo � letra M. Por�m, o escultor tem sua pr�pria teoria para explicar por que tr�s das seis capelas com os Passos da Paix�o, que integram o conjunto da Bas�lica do Senhor Bom Jesus do Matosinhos, t�m passagens do evangelista Jo�o.

“S�o seis capelas, sendo que os outros tr�s evangelistas (Mateus, Lucas e Marcos) t�m as inscri��es em apenas uma e Jo�o ficou com tr�s”, detalha Luciomar. O artes�o j� detalhou sua teoria para um padre, que, segundo ele, viu muito sentido. Luciomar fez uma rela��o complexa entre os trechos dos evangelistas no alto de cada capela, as imagens representadas e os animais com que cada um dos evangelistas eram representados.


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