
As duas rodovias federais mais movimentadas de Minas Gerais registraram no primeiro semestre de 2015 fen�meno que preocupa autoridades e especialistas. Tanto nos trechos mineiros da BR-040 como da BR-381, o n�mero de acidentes despencou na compara��o com o mesmo per�odo do ano passado, mas as mortes aumentaram. Na 040, o 1º semestre de 2015 fechou com 1.566 batidas, n�mero 27,5% menor que nos seis primeiros meses de 2014, quando houve 2.160 colis�es. Em contrapartida, houve 109 mortes, contra 101. A situa��o se repete na 381, onde foram registrados 2.755 acidentes de janeiro a junho deste ano, queda de 31,18% em rela��o ao primeiro semestre de 2014. O n�mero de mortes, por�m, subiu de 112 para 117. Especialistas acreditam que a situa��o indica problemas de fiscaliza��o, mas a Pol�cia Rodovi�ria Federal (PRF) atribui o fato a melhorias de condi��es das pistas, que permitem maior velocidade e, consequentemente, resultam em batidas mais graves.
No caso da BR-040, os dados do primeiro semestre de 2015 contemplam um trecho totalmente concedido � iniciativa privada. O segmento que vai desde a divisa de Minas Gerais com Goi�s at� a divisa de Minas com o Rio de Janeiro est� entregue aos cuidados de duas concession�rias, a Via-040, dona da maior parte, e a Concer, respons�vel pelo trecho entre Juiz de Fora, na Zona da Mata, e o Rio de Janeiro, que tem 55 quil�metros de extens�o e j� est� duplicado desde 2009. J� a parte sob responsabilidade da Via-040, de Juiz de Fora a Bras�lia (936 quil�metros de extens�o), ainda espera pela duplica��o de 557 quil�metros. S� 10% dessas obras foram realizadas, a maioria em Goi�s, o necess�rio para iniciar a cobran�a do ped�gio em nove das 11 pra�as. Nas obras previstas para o segundo ano de concess�o, que vai de abril de 2015 a abril de 2016, n�o h� previs�o de duplicar nenhum quil�metro em Minas, segundo a Ag�ncia Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Todas as obras est�o localizadas em Goi�s. Os mineiros devem ver obras no estado para diminuir a letalidade dos acidentes apenas a partir do terceiro ano de trabalho da empresa.
Para o professor da UFMG Ronaldo Guimar�es Gouv�a, especialista em engenharia de transportes, a privatiza��o pode ajudar a entender uma situa��o de lacunas na fiscaliza��o, o que abre caminho para condutas imprudentes e mais letais na hora de um acidente. “Essa situa��o das duas rodovias sinaliza um problema de falta de fiscaliza��o, o que abre caminho para a presen�a maior dos motoristas imprudentes. E, no momento em que a rodovia come�a a ser administrada pela concession�ria, tenho a impress�o de que a PRF diminuiu um pouco a atua��o. Para inibir a conduta causadora de acidentes graves, que s�o a ultrapassagem for�ada e o excesso de velocidade, o certo � a presen�a constante de viaturas”, afirma o professor.
O inspetor Aristides J�nior, assessor de comunica��o da PRF em Minas, discorda. Ele sustenta que a presen�a de concession�rias em rodovias causa um efeito contr�rio daquele apontado pelo especialista. “Quando uma rodovia � administrada pela iniciativa privada nossa efetividade aumenta, pois temos muito mais informa��o sobre o que est� acontecendo no trecho e tamb�m temos uma libera��o maior de nossas viaturas, que n�o precisam fazer mais as fun��es que hoje s�o assumidas pela empresa”, afirma J�nior.
Imprud�ncia O inspetor atribui a maior letalidade das BRs 381 e 040 ao fato de melhorias recentes principalmente na BR-040, o que encoraja mais os motoristas a aumentar a velocidade e, consequentemente, aumentar tamb�m a gravidade das batidas. “� importante lembrar que a maior parte dos acidentes n�o tem v�timas. Infelizmente, quando as rodovias melhoram as pessoas se sentem mais seguras e as batidas com v�timas ficam mais violentas. Por isso o radar se torna t�o necess�rio”, completa.
Segundo a Concer, concession�ria que administra 55 quil�metros da BR-040 entre Juiz de Fora e a divisa de Minas com o Rio de Janeiro, os acidentes nesse trecho ca�ram 180 para 175 na compara��o entre os primeiros semestres de 2014 e 2015. As mortes tamb�m diminu�ram, de tr�s para duas no mesmo per�odo. A empresa ainda informa que instalou cinco radares no trecho mineiro, que est�o multando desde fevereiro deste ano. “Desde ent�o, observamos uma redu��o m�dia de 41% no n�mero de acidentes nesses trechos eletronicamente fiscalizados”, afirma a empresa.
A Via-040, respons�vel pelos 760 quil�metros restantes da BR-040, diz que come�ou as opera��es rodovi�rias no trecho em 22 de outubro do ano passado, raz�o que impede a companhia de fazer compara��o entre os dois per�odos observados. A Autopista Fern�o Dias, que administra o trecho da 381 entre BH e S�o Paulo, admite que em seu segmento tamb�m houve aumento de mortes e redu��o de acidentes e atribui a situa��o a “alguns acidentes com m�ltiplas v�timas”, informou a assessoria.
Al�m da 381 e da 040, as BRs 459 e 364 tamb�m registraram no primeiro semestre redu��o de acidentes e aumento no n�mero de mortes. Na BR-365, houve queda do total de batidas, mas o n�mero de �bitos se manteve. Todas as outras 12 rodoviais federais que cortam Minas tiveram queda nas estat�sticas de colis�es e mortes, o que teve impacto direto no quadro geral. No primeiro semestre de 2014, 585 pessoas perderam a vida nas federais mineiras. Este ano, houve 499 �bitos, queda de 15%.