
Levar os filhos para escola, fazer um pagamento no banco, ir � consulta m�dica, fazer a feira, chegar a uma reuni�o de trabalho. Com tantas atividades para serem realizadas diariamente, falta tempo e sobra estresse. Nesse corre-corre das cidades, as tarefas que precisam ser realizadas para ontem e, em meio ao frenesi, gentileza parece ser um gesto em extin��o. Mas n�o �. A reportagem percorreu diversos bairros em busca de exemplos de gentileza e encontrou muita gente am�vel com o pr�ximo sem esperar nada em troca.
A partir de hoje, o Estado de Minas inicia s�rie sobre gentileza urbana, como parte do concurso “Pr�mio Jornal na Escola”, e mostra exemplos de a��o cidad�: garis que oferecem caf� coado na hora para quem passa na Rua Guajajaras, no Barro Preto, na Regi�o Centro-Sul; artista pl�stica que adota pra�a no Bairro Floresta, na Leste, transformando-a em lugar de encontro e de leitura; lanterneiro que cultiva horta e doa verduras fresquinhas para a vizinhan�a; arquiteta que faz doa��es a institui��es de caridade para manter as paredes de seu pr�dio livre de picha��es, no Gutierrez, tamb�m na Centro-Sul; padre que doa parte do seu dia para conversar com as crian�as no Prado, na Oeste, e microempreendedor que ajuda idosos e crian�as a atravessarem rua do Santo Ant�nio, na Centro-Sul.
O uniforme laranja � motivo de orgulho para a gari Ana Xavier da Silva, de 56 anos. Mas, por us�-lo, ela foi barrada em um restaurante, sob o argumento de que ela n�o poderia entrar vestida assim para almo�ar. Ela respondeu ao preconceito com a ado��o no seu dia a dia de uma postura oposta � de que foi v�tima: a generosidade. No ponto de varri��o onde trabalha (na Rua Guajajaras, no Barro Preto), ela e a colega Cleuza Alves Ramos, de 50, transformaram o ambiente. O local n�o � s� agrad�vel para elas, mas para toda a vizinhan�a. Quem passa por l� pode se sentar para tomar um cafezinho e ter um dedo de prosa com as garis, que chegam ao trabalho �s 6h para varrer as ruas no entorno do F�rum Lafayette. “� muito gratificante trabalhar em um lugar em que a gente se sente bem”, diz Ana.
Depois de concluir o trabalho, uma das duas passa o caf� no ponto de apoio. O cheiro e a boa prosa atraem quem passa. “Quem para aqui n�o faz diferen�a da gente. N�o tem preconceito. Constru�mos amizades muito boas”, afirma Cleuza. O advogado Eduardo Teixeira da Costa, de 53, n�o resistiu. “Nos tempos atuais � t�o dif�cil gentileza. Quando vejo algo dessa natureza fico feliz. Elas t�m um trabalho t�o dif�cil, mas ainda assim encontram tempo para ser gentis. Com certeza, inspiram muita gente”, diz o advogado.

Em outra regi�o da cidade, versos de Carlos Drummond de Andrade pintados em caixotes chamam a aten��o de quem passa pela Pra�a Salvador Morici, na Avenida do Contorno. Desde 6 de dezembro de 2014, diariamente, a artista pl�stica Estella Cruzmel, de 65, molha as plantas e retira ervas daninhas do gramado. Tamanha doa��o inspirou a funcion�ria p�blica C�lia Ribeiro, de 72, e S�nia Arantes, de 56. “Resolvemos ajudar, porque ela sozinha n�o dava conta de cuidar da pra�a”, diz C�lia. A artista tamb�m deixa livros sobre os bancos para quem quiser ler e, at� mesmo, levar para casa. “Todos os dias venho aqui passear com o cachorro e aproveito para ler”, conta a diarista C�ssia Ferreira, de 30.
O sentimento que move Estella tamb�m pode ser encontrado no Gutierrez. Na Rua Oscar Trompowsky, as ramas de chuchu sobem acompanhando a �rvore ao lado da Automec�nica Marco Paulo. Elas partem de um canteiro de tr�s metros quadrados, onde h� tamb�m p�s de alface, couve, cana-caiana, laranja e mam�o. De tempos em tempos, a vizinhan�a colhe tomates e manjeric�o frescos. Tudo gra�as a a��o do lanterneiro Odilon Rodrigues da Silva, de 50, que cultiva uma horta urbana. “Ele planta uma sementinha do bem e n�o espera nada em troca”, diz Wilson Fernandes, de 58.
A poucos metros dali, a arquiteta Maria Aparecida Teles, de 41, e os colegas de condom�nio transformaram pichadores em doadores indiretos. Uma placa diz que a cada m�s em que as paredes permanecerem sem picha��o o condom�nio far� uma doa��o para uma institui��o de caridade. “Mexe com esse lado cidad�o das pessoas”, diz. No Prado ou no Santo Ant�nio, a amabilidade d� o tom. Aos 93 anos, padre Augusto Padr�o faz quest�o de parar para conversar com as pessoas. D� aten��o especial �s crian�as. “Procuro sempre ser gentil, e a maioria retribui”, diz. O microempreendedor Carlos Henrique Barbosa, de 44, ajuda idosos e crian�as a atravessar o cruzamento entre as ruas Cristina e Vi�osa. “Gentileza gera gentileza”, aposta.

#Bhmaisgentil
Os Di�rios Associados iniciam campanha de mobiliza��o social que abordar� assuntos relacionados a tr�nsito, cultura e sustentabilidade. A meta da campanha, batizada de #Bhmaisgentil, � fazer de Belo Horizonte a capital mais gentil do Brasil, sugerindo a��es simples como como distribuir sorrisos, n�o jogar lixo na rua, desligar os celulares nos cinemas e teatros entre outras.
EM faz concurso de reda��o
O “Pr�mio Jornal na Escola” vai agraciar os autores das tr�s melhores reda��es sobre gentileza urbana. Parceria entre o jornal Estado de Minas e o Centro Universit�rio de Belo Horizonte (UniBH) o concurso cultural tem como objetivo refor�ar atos de amabilidade e cidadania, bem como valorizar a pr�tica da leitura e da escrita. Entre os pr�mios est�o smartphones, tabletes, notebooks, assinatura do jornal e bolsas de estudos – 25%, 50% e 100% de desconto – nos cursos do UniBH, � exce��o de medicina. Os estudantes do ensino m�dio das escolas que se inscreveram ter�o at� 10 de setembro para escrever essas hist�rias. As inscri��es terminaram ontem.
“Gentileza urbana � um tema muito explorado na atualidade, mas queremos, de fato, enfatizar que essa atitude vai al�m da cordialidade no tr�nsito e da civilidade nas a��es. Queremos propor uma transforma��o social. A escrita � o melhor meio para gerar esse processo, pois � pensando que escrevemos e geramos conte�do. E nada melhor do que come�ar com os jovens, que s�o a grande mola transformadora da sociedade”, diz Helivane Evangelista, diretora do UniBH.
Al�m dos autores das tr�s melhores reda��es, o concurso vai premiar os professores que orientaram os estudantes e suas escolas. As reda��es devem ser manuscritas a caneta, assim como � feito no Exame Nacional do Ensino M�dio (Enem). Os nomes dos vencedores ser�o anunciados na cerim�nia de premia��o, em 27 de outubro, no Teatro Ney Soares no c�mpus do centro universit�rio, no Bairro Lagoinha. As escolas inscritas no concurso recebem um exemplar gratuito do jornal, assim como o acesso digital, para disponibilizarem o conte�do aos seus alunos durante o per�odo da confec��o dos textos.
Servi�o
Pr�mio Jornal na Escola
Per�odo da produ��o das reda��es: at� 10 de setembro
Sele��o pela banca avaliadora: de 12 a 23 de outubro
Cerim�nia de premia��o: 27 de outubro
Tema: Gentileza Urbana
