
A Pol�cia Civil continua as buscas pelos dois adolescentes que mataram delegado Vanius Henrique de Campos, nesse s�bado em uma loja de conveni�ncia no Bairro Cidade Jardim, na Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte. Autoridades de cidades mineiras e at� de outros estados receberam informa��es sobre a identifica��o dos dois menores. O corpo do policial foi enterrado neste domingo no Cemit�rio Bosque da Esperan�a, no Bairro Jaqueline, na Regi�o Norte.
De acordo com o delegado Wanderson Gomes da Silva, chefe da Pol�cia Civil, a opera��o n�o parou desde momentos depois do crime. “As investiga��es seguem e as dilig�ncias est�o ininterruptas. Continuamos as buscas em v�rias frentes para tentar encontrar os dois adolescentes”, afirmou. “Estamos aguardando posicionamentos da Justi�a em rela��o aos criminosos”, completou.
O corpo do delegado foi velado desde o in�cio da manh� deste domingo. A movimenta��o � intensa de carros particulares e viaturas da Pol�cia Civil e Federal no cemit�rio. A imprensa foi impedida de entrar no local. Colegas de profiss�o lamentaram o assassinato. “Todo mundo est� lamentando essa morte que foi est�pida e covarde. Perdemos um colega que era muito querido e engajado”, afirmou o delegado Rodrigo Bossi.
Para ele, o crime reflete um problema da sociedade brasileira. “A morte desse delegado vai al�m do crime e passa por problemas sociais. Essa � a desvaloriza��o da vida e desrespeito � autoridade”, criticou o delegado antes de entrar no Cemit�rio Bosque da Esperan�a para fazer as �ltimas homenagens ao colega.
O homic�dio � tratado como latroc�nio pela Pol�cia Civil. Pois, os adolescentes usaram a arma do policial para mat�-lo e depois fugiram com a pistola .40 que pertencia ao delegado. Os autores do crime j� foram identificados, t�m respectivamente 16 e 17 anos e moram no Morro do Querosene, local que foi ocupado por dezenas de viaturas pouco depois do crime. O in�cio da confus�o entre o delegado, lotado na Delegacia Adida ao Juizado Especial Criminal (Deajec), e os dois menores, e parte das trocas de agress�es entre eles foram filmadas pelas c�meras de videomonitoramento do com�rcio. Os equipamentos n�o registraram o momento dos tiros.
Testemunhas contaram � Pol�cia Militar que, depois de atirar na v�tima, a dupla fugiu correndo, no sentido da Barragem Santa L�cia. Vanius de Campos, baleado na cabe�a, peito e perna, chegou a ser socorrido por militares do 22º BPM, mas morreu ao dar entrada no Hospital de Pronto-Socorro Jo�o XXIII (HPS).
As imagens das c�meras de seguran�a mostram que a confus�o se iniciou �s 3h50, logo ap�s a chegada dos dois adolescentes � loja. Campos, que j� estava no local, desconfiou dos dois jovens, se posicionou em frente ao caixa e ficou observando a dupla. Um dos rapazes, de cabelo descolorido e camisa verde, se aproximou do balc�o com algumas latas de cerveja na m�o e pegou dinheiro para pagar a bebida. O delegado, que estava o tempo todo com a m�o no bolso de tr�s da cal�a, segurando a arma, disse alguma coisa para o menor. Na sequ�ncia, o outro rapaz, vestido com uma camisa vermelha, se juntou ao amigo, aparentemente irritado com o policial. Ele colocou mais latas de cerveja no balc�o, retirou algumas notas do bolso, discutiu com o delegado e saiu. O policial foi atr�s e o segundo menor tamb�m deixou a loja.
No minuto seguinte, captado pela c�mera externa, j� no p�tio do posto, o delegado foi para cima do rapaz de camisa vermelha, agarrando-o pelos bra�os. O jovem de camisa verde deu um chute em Campos. Uma testemunha, que pediu para n�o ser identificada, contou que nesse momento o policial e o adolescente de camisa vermelha ca�ram e a arma que estava no bolso de tr�s da cal�a do policial tamb�m caiu. “O jovem se levantou r�pido, chutou o delegado duas vezes, pegou a arma dele e deu tr�s tiros. Um dos funcion�rios da loja ainda tentou separar a briga e por pouco tamb�m n�o foi baleado. A dupla correu subindo a Prudente de Morais”, contou a testemunha.
De acordo com essa pessoa, o delegado estava bebendo na loja de conveni�ncia. Ele havia chegado por volta de 1h, acompanhado de um amigo, que foi embora poucos antes da briga. A testemunha disse que o policial suspeitou que os rapazes iriam assaltar o local e resolveu vigi�-los. “Os dois chegaram, conversaram com um amigo, brincaram para ele pagar uma garrafa de u�sque e chegaram a pegar a garrafa, mas acabaram desistindo de levar o produto. O delegado chegou perto deles, perguntou o que estava acontecendo e isso acabou irritando um dos rapazes. O outro chegou a pedir ao amigo para n�o discutir”, disse.
“SOU TRAFICANTE”
A testemunha informou tamb�m que o jovem perguntou ao policial quem era ele, porque ele o estava provocando, disse que tinha dinheiro para pagar e que nem ele nem o amigo estavam ali para roubar. Nesse momento, Campos se identificou como delegado da Pol�cia Civil e o jovem disse ser traficante, e que o delegado n�o era ningu�m, que o dinheiro que a v�tima ganhava por m�s, ele conseguia em uma semana. “Esses rapazes est�o sempre na loja e nunca haviam se envolvido em confus�o. Um deles ficou nervoso porque o delegado pensou que eles estavam l� para assaltar”, informou a testemunha.
Na busca pelos adolescentes, os policiais conversaram com a m�e de um dos menores, na tentativa de fazer com que ele se entregasse. “Lamentamos profundamente o ocorrido. Estamos empenhados em apurar as circunst�ncias do assassinato do colega e pretendemos apreender os autores o mais r�pido poss�vel. O Vanius era muito querido, profissional dedicado e sua morte causou total indigna��o. Mas essa perda n�o afastar� a Pol�cia Civil do compromisso di�rio com a Seguran�a P�blica”, disse o delegado Wanderson Gomes da Silva, chefe da Pol�cia Civil.