
A psic�loga e professora Gra�a Brito, de 62 anos, e seu marido, o empres�rio Almir Brito, de 67, chegaram antes das 7h ontem ao Parque da Serra do Curral. Ao contr�rio de boa parte das pessoas que j� estavam no local, a inten��o deles n�o era fazer uma caminhada aproveitando a linda vista de Belo Horizonte. Junto com outras 30 pessoas, o casal s� estava interessado numa coisa: passarinhar, verbo criado pelos amantes da observa��o de p�ssaros para designar um hobby que consideram apaixonante. Enquanto isso, o parque tamb�m se preparava para receber mais de 100 simpatizantes do ioga para aulas a c�u aberto. J� no Parque Municipal, a medita��o deu o tom. Foi um dia zen na capital mineira.
Ao som do canto de capacetinhos-do-coco-do-pau, sanha�os-de-fogo, campainhas-azuis, choca-de-asas-vermelhas, pintasilgos e sa�ras, que comp�em a fauna de 120 esp�cies presentes no Serra do Curral, o grupo ligado ao projeto Avistavis e � Ecoavis acompanhava Gra�a e Almir na “ca�ada” aos passarinhos, atra�dos para as �rvores pr�ximas dos observadores pela reprodu��o do seu canto num pequeno aparelho de som. � o que acontece com o risadinha. Assim que o aparelho � acionado, o p�ssaro responde e se aproxima. “Para mim, observar p�ssaros � uma renova��o da alma. Vim cedo para c�, direto da casa da minha m�e que est� doente. Se fosse para a minha casa, iria tomar um banho e deitar, mas n�o conseguiria relaxar. Vindo para c�, j� dei uma espairecida”, diz Gra�a.

Segundo os praticantes, para adotar o hobby n�o � necess�rio nada al�m do ouvido, do olhar e de um bin�culo. Mas o bom mesmo � fotografar os bichinhos e depois reviver a emo��o de encontr�-los por meio das fotografias. O engenheiro Thiago Mafra, de 30s, era o guia respons�vel pelo grupo. Segundo ele, o passeio ocorre uma vez a cada dois meses. “Fa�o isso desde 2001. Sempre gostei de praticar esportes na natureza, mas parei de ir a cachoeiras depois que comecei a observar os p�ssaros e outros animais”. Na manh� de ontem, ele j� havia conseguido fotografar o capacetinho, o enferrujado, a gralha- do-campo e o sanha�o-de-fogo.

A banc�ria Renata Pereira Martins, de 28, foi ao parque para praticar ioga pela segunda vez. “Sinto que isso me traz tranquilidade e o alongamento � muito ben�fico”, explica. J� o bi�logo e professor de ioga Orion Boncompagni Jr., de 39, acredita que a pr�tica faz as pessoas entrarem em conex�o com a sua paz interior. “O ioga n�o � uma religi�o, mas fortalece a f� e conecta as pessoas com a sua pr�pria divindade, al�m de aquietar as ondas mentais”, ensina.