Protesto ap�s morte de jovem na BR-040 exp�e rotina de trag�dias nas estradas

A morte de Thayna Cristine do Nascimento, de 19 anos, atropelada na noite de domingo na BR-040, no Bairro Gag�, em Conselheiro Lafaiete, na Regi�o Central, despertou a revolta dos moradores do local, que fecharam a rodovia por 16 horas, at� a tarde de ontem. O trecho est� sob a concess�o da empresa Via 040, que cobra ped�gio dos motoristas e � respons�vel pela manuten��o desde o m�s passado. Os moradores querem a constru��o de dois quebra-molas e interromperam o protesto ap�s negociarem com a empresa. A Via 040 informou, por meio de sua assessora de imprensa, que enviar� t�cnicos para o local hoje e analisar� a melhor solu��o para o trecho.

Thayna cursava o segundo per�odo de engenharia civil na Faculdade Santa Rita (Fasar), em Conselheiro Lafaiete. O enterro da jovem foi na tarde de ontem e as aulas da Fasar foram canceladas. A dor sentida pela fam�lia da jovem � recorrente entre os moradores do trecho. “A inseguran�a aqui � constante e j� estamos cansados. � de vidas que estamos falando”, afirma o morador do Bairro Gag�, Get�lio das Dores Moreira, que j� perdeu uma sobrinha de 12 anos atropelada na rodovia.

O atropelamento � a segunda modalidade de acidente que mais provoca mortes nas estradas, respons�vel por 14,6% dos �bitos. As colis�es frontais s�o as mais fatais: 33,7%. Os dados s�o de relat�rio acidentes de tr�nsito nas rodovias federais brasileiras produzido pelo Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada (Ipea) com base nos dados da Pol�cia Rodovi�ria Federal (PRF) de 2014 e divulgado na semana passada.

O relat�rio aponta que o �ndice de morte nos atropelamentos � de 29,1 a cada 100 acidentes e 71,73% dos atropelamentos ocorreram em trechos urbanos, como o local onde Thayna foi atropelada. O per�odo noturno concentrou 63,12% das mortes por esse tipo de acidente. Em 2014, houve 4.144 acidentes com atropelamento, com 1.204 mortes e 1.912 feridos graves.

“Geralmente, rodovias em �reas urbanas concentram a maior parte desses acidentes, que podem ser evitados com bons projetos, visando ao aumento de seguran�a das pessoas, com destaque para equipamentos de travessia de pedestres (passarelas) e tamb�m melhoria da ilumina��o p�blica nos trechos de maior fluxo de pessoas, j� que no per�odo noturno h� maior ocorr�ncia de atropelamento”, aponta o relat�rio do Ipea.

Manoel Vesp�cio da Costa Vasconcelos � coordenador do Movimento em favor da vida, organiza��o criada em 1993 para tentar melhorar as condi��es de travessia da BR-040 em Conselheiro Lafaiete. “Crian�as precisam atravessar a rodovia todo dia para ir � aula (na Escola Estadual Queiroz J�nior). J� fizemos audi�ncia na C�mara e at� na Assembleia Legislativa, mas nunca olharam por n�s”, lamenta Manoel. O l�der comunit�rio destaca que dois projetos de constru��o de passagens subterr�neas foram engavetados pelo poder p�blico. A Via 040, informa, em nota, que planeja duplicar o trecho e que as obras est�o previstas para come�arem em mar�o, assim que a licen�a ambiental for expedida.


LENTID�O A manifesta��o dos moradores atrasou a viagem de muita gente. Dois �nibus de turismo que retornavam do Rio de Janeiro para Belo Horizonte ficaram parados no tr�nsito, o que obrigou os passageiros a passarem a noite na estrada. Os coletivos sa�ram da capital fluminense por volta das 18h e somente na manh� de ontem puderam prosseguir o trajeto.Segundo a Pol�cia Rodovi�ria Federal, aproximadamente 30 pessoas foram para a rodovia por volta das 21h30 de domingo. Os manifestantes incendiaram peda�os de madeira, galhos de �rvores e pneus, impedindo a passagem de ve�culos.

Os policiais foram at� o local para negociar com os manifestantes, mas n�o tiveram sucesso. A Via 040 informou, em nota, que mant�m di�logo com as lideran�as comunit�rias de Conselheiro Lafaiete e que implantou quatro redutores de velocidade – nos quil�metros 617, 618, 621 e 628 – al�m de ter refor�ado a sinaliza��o. O ped�gio custa R$ 4,60 par autom�veis.

� espera de passarela

Distante 20 quil�metros do local onde a estudante Thayna Cristine do Nascimento foi atropelada, na mesma BR-040, est� um dos pontos mais perigosos da rodovia, a travessia do Bairro Pires, em Congonhas. A presidente da Associa��o Comunit�ria do Bairro Pires, Ivana Gomes, calcula que nas �ltimas duas d�cadas dezenas pessoas tenham morrido atropeladas. Ela lembra que em uma das v�rias manifesta��es no local pediu aos moradores para levarem cruzes com nomes de v�timas da rodovia. “Foram mais de 50”, recorda.

A t�o aguardada passarela para travessia do bairro, dividido pela rodovia, ainda n�o tem data marcada. A concession�ria Via 040 informou, em nota, que fez uma readequa��o do projeto da passarela (cuja conclus�o foi prometido pela prefeitura para ocorrer no ano passado) e que aguarda o aval do poder p�blico municipal. “Essa promessa � antiga. Agora o argumento � que a BR-040 vai ser duplicada nesse trecho e a passarela tem que ser feita contemplando o novo tra�ado”, explica Ivana.

Os moradores do Pires ainda precisam conviver com a Ferrovia do A�o, que corta o bairro em outra por��o. Na semana passada, o estudante Victor Em�dio Matos Gomes morreu atropelado pela composi��o f�rrea. “Ele foi atravessar e a m�quina passou por cima”, descreve Ivana, que era prima da v�tima. O jovem era o ca�ula de tr�s irm�os e, segundo a l�der comunit�ria, o que amplia a revolta da fam�lia � que Vitor foi atropelado embaixo de uma passarela inacabada, cuja estrutura existe desde 2012, mas n�o foi terminada pela empresa MRS.