
Outro indicador negativo s�o as agress�es sofridas pelos trabalhadores: seis, em m�dia, todos os dias, referentes a xingamentos na empresa, por parte de outros motoristas, de passageiros, al�m de viol�ncia f�sica e verbal em assaltos. Al�m disso, sob amea�a de morte, trabalhadores e passageiros foram expulsos neste ano de nove coletivos, queimados por criminosos. O n�mero j� ultrapassa o total de ocorr�ncias de 2014, quando oito ve�culos foram destru�dos pelas chamas.
No caso de ontem, Webert estava cumprindo o que a fun��o determina: exigir o pagamento da passagem. O crime aconteceu por volta das 7h50, em um ponto da Avenida Cristiano Machado, no Bairro Ipiranga, Regi�o Norte. Segundo o delegado Emerson Morais, testemunhas contaram que o autor dos disparos entrou no ve�culo na Rua A, no Bairro Primeiro de Maio, 10 minutos antes do crime. N�o passou pela catraca e ficou pr�ximo � escada. Quando o coletivo passou pr�ximo ao Hotel Ouro Minas, na Avenida Cristiano Machado, houve a abordagem dos fiscais, que pediram para todos os que estavam antes da roleta que pagassem a tarifa.
O �nibus estava lotado na hora do crime. “Testemunhas disseram que o assassino ficou na escada e, depois da ordem do fiscal, fingiu que iria pagar a passagem. Quando chegou pr�ximo � catraca, sacou uma arma e disse: ‘Quer que pague a passagem? Ent�o toma aqui seus R$ 3,10’. Depois disso, atirou”, relatou o delegado. Ele explicou que foram dois disparos no peito da v�tima, que caiu no piso do �nibus, quando foi alvejada mais tr�s vezes, nas costas. O assassino fugiu pela Avenida Cristiano Machado.

Na quarta-feira, o autor j� havia brigado com a v�tima e outros tr�s fiscais no interior de um �nibus da linha1509, nas proximidades da Rua Jacu�. “Os fiscais abordaram o autor dentro do �nibus, pois ele tinha o costume de descer pela porta da frente do �nibus sem pagar passagem. Disseram: ‘Voc� n�o faz isso mais, tem que pagar a passagem’. Houve discuss�o e outro fiscal, colega da v�tima, chegou a agredir o passageiro, que disse: ‘Voc�s gostam de bater nas pessoas? Isso n�o vai ficar assim, n�o. Eu vou tirar essa diferen�a com voc�s’”, relatou delegado.
De acordo com o diretor de Comunica��o do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodovi�rios de Belo Horizonte e Regi�o, Carlos Henrique Marques, s�o muitos os relatos de viol�ncia feitos por motoristas, trocadores e fiscais em BH. “As viagens s�o marcadas por amea�as, xingamentos, assaltos, fechadas no tr�nsito, agress�es verbais e at� f�sicas, que, em casos extremos, como esse, chegam � morte”, afirma o diretor. Segundo ele, a profiss�o, que era considerada tranquila, tem se tornado um of�cio de alta periculosidade, o que j� fez a categoria levantar a possibilidade de ingressar com uma a��o civil p�blica contra o Estado, cobrando seguran�a.
Segundo Carlos, os trabalhadores reclamam da falta de policiamento preventivo e de prote��o dos �rg�os de seguran�a p�blica. Ainda de acordo com o sinsicalista, a categoria sofre outro tipo de viol�ncia no trabalho: “Motoristas e trocadores tamb�m s�o obrigados a exigir o pagamento de passageiros sentados na parte da frente do �nibus. Quando n�o fazem isso, s�o punidos com advert�ncia ou suspens�o do trabalho por at� tr�s dias”.
Pesquisa recente realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais atesta que 53% dos motoristas e 57% dos cobradores sofreram agress�o ou amea�a � sua integridade f�sica de meados de 2013 a meados de 2014. O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra BH) foi procurado para comentar o assunto, mas informou que vai aguardar o fim da investiga��o policial para se pronunciar. Na Via��o Zurick, respons�vel pela linha em que trabalhava o fiscal, ningu�m foi localizado.
INVESTIGA��O Dois fiscais que trabalhavam diretamente com a v�tima foram ouvidos ontem pela pol�cia e relataram que constantemente h� discuss�es e brigas com passageiros que n�o pagam passagem. Disseram que s�o amea�ados de morte, mas, como atuam em v�rias linhas de �nibus, n�o t�m tempo para ir � delegacia ou � Pol�cia Militar. Pelas imagens gravadas na confus�o de quarta-feira, testemunhas do homic�dio reconheceram o assassino. O �nibus onde ocorreu o crime ontem tem quatro c�maras, mas justamente a direcionada para a porta dianteira, onde estava o assassino, n�o estava funcionando. As outras tr�s registram o desespero dos passageiros na hora dos tiros. Qualquer informa��o que possa levar a pol�cia � pris�o do autor pode ser passada pelos telefones 181 (disque-den�ncia) ou (31) 3478-7524. O denunciante n�o precisa se identificar.
Entrevista
Testemunha do tiroteio, que pediu para n�o ser identificada
O que voc� viu?
Os fiscais estavam na parte da frente do �nibus e pediram para ele (o atirador) se identificar. A� come�ou um bate-boca. O homem foi para o corredor e eu entendi que ele ia pagar a passagem, a�, de repente, ele sacou uma arma e voltou atirando. Atirou nos dois fiscais e pegou em uma passageira.
Os fiscais j� estavam no �nibus?
Eles estavam no ponto. Na hora que o �nibus para, eles abordam. Chegaram e pediram para o pessoal (os passageiros) se identificar.
Voc� chegou a ouvir alguma coisa da discuss�o?
Eles tiveram um bate-boca pequeno, foi coisa simples. Eu at� entendi que o cara ia pagar a passagem normalmente, mas, de repente, ele voltou atirando.