(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Assassinato de fiscal exp�e rotina de viol�ncia em �nibus na Grande BH

Relatos de agress�es f�sicas e verbais, assaltos e inc�ndios criminosos s�o recorrentes no transporte p�blico da capital


postado em 02/10/2015 06:00 / atualizado em 02/10/2015 07:41

Trabalhador foi executado com cinco tiros dentro do ônibus lotado, quando coletivo passava pela Avenida Cristiano Machado. Um dia antes, assassino já havia sido abordado pelo mesmo motivo, e jurou vingança(foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)
Trabalhador foi executado com cinco tiros dentro do �nibus lotado, quando coletivo passava pela Avenida Cristiano Machado. Um dia antes, assassino j� havia sido abordado pelo mesmo motivo, e jurou vingan�a (foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)
Uma escalada de viol�ncia assusta passageiros, motoristas, trocadores e fiscais do servi�o de transporte p�blico de Belo Horizonte. Ontem, em mais uma ocorr�ncia policial, um fiscal da linha 1502 (Vista Alegre/Guarani) foi baleado e morreu depois de pedir a um passageiro, sentado na parte dianteira do coletivo, que pagasse a passagem. Irritado, o homem sacou uma arma da mochila e atirou no trabalhador, ferindo ainda um colega dele e uma passageira. A Pol�cia Civil trata a morte de Webert Eust�quio de Souza, de 33 anos, como vingan�a, j� que o atirador – que tinha o costume de n�o pagar a tarfifa –, j� havia se desentendido na quarta-feira com os fiscais, aos quais jurou de morte. O assassinato foi o ponto alto da inseguran�a a que funcion�rios e usu�rios est�o expostos. Em BH, �nibus foram alvo de pelo menos 264 assaltos e furtos ao m�s, entre janeiro e agosto deste ano. Quarenta e cinco a mais que a m�dia mensal do mesmo per�odo do ano passado.

Outro indicador negativo s�o as agress�es sofridas pelos trabalhadores: seis, em m�dia, todos os dias, referentes a xingamentos na empresa, por parte de outros motoristas, de passageiros, al�m de viol�ncia f�sica e verbal em assaltos. Al�m disso, sob amea�a de morte, trabalhadores e passageiros foram expulsos neste ano de nove coletivos, queimados por criminosos. O n�mero j� ultrapassa o total de ocorr�ncias de 2014, quando oito ve�culos foram destru�dos pelas chamas.

No caso de ontem, Webert estava cumprindo o que a fun��o determina: exigir o pagamento da passagem. O crime aconteceu por volta das 7h50, em um ponto da Avenida Cristiano Machado, no Bairro Ipiranga, Regi�o Norte. Segundo o delegado Emerson Morais, testemunhas contaram que o autor dos disparos entrou no ve�culo na Rua A, no Bairro Primeiro de Maio, 10 minutos antes do crime. N�o passou pela catraca e ficou pr�ximo � escada. Quando o coletivo passou pr�ximo ao Hotel Ouro Minas, na Avenida Cristiano Machado, houve a abordagem dos fiscais, que pediram para todos os que estavam antes da roleta que pagassem a tarifa.

O �nibus estava lotado na hora do crime. “Testemunhas disseram que o assassino ficou na escada e, depois da ordem do fiscal, fingiu que iria pagar a passagem. Quando chegou pr�ximo � catraca, sacou uma arma e disse: ‘Quer que pague a passagem? Ent�o toma aqui seus R$ 3,10’. Depois disso, atirou”, relatou o delegado. Ele explicou que foram dois disparos no peito da v�tima, que caiu no piso do �nibus, quando foi alvejada mais tr�s vezes, nas costas. O assassino fugiu pela Avenida Cristiano Machado.

Câmeras registraram imagem do homem apontado como atirador(foto: Divulgação)
C�meras registraram imagem do homem apontado como atirador (foto: Divulga��o)
O fiscal Webert morreu na hora. Ele deixa quatro filhos. A passageira Maria das Gra�as Martins, de 65, levou um tiro em um dos p�s e foi socorrida por equipes do Samu. O tamb�m fiscal Rog�rio Lopes, de 46, foi atingido por estilha�os e deu entrada no Hospital Jo�o XXIII. Ambos passam bem. “Considero a banaliza��o da vida humana matar um pai de quatro filhos, trabalhador, por causa de R$ 3”, afirmou o delegado.
Na quarta-feira, o autor j� havia brigado com a v�tima e outros tr�s fiscais no interior de um �nibus da linha1509, nas proximidades da Rua Jacu�. “Os fiscais abordaram o autor dentro do �nibus, pois ele tinha o costume de descer pela porta da frente do �nibus sem pagar passagem. Disseram: ‘Voc� n�o faz isso mais, tem que pagar a passagem’. Houve discuss�o e outro fiscal, colega da v�tima, chegou a agredir o passageiro, que disse: ‘Voc�s gostam de bater nas pessoas? Isso n�o vai ficar assim, n�o. Eu vou tirar essa diferen�a com voc�s’”, relatou delegado.

De acordo com o diretor de Comunica��o do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodovi�rios de Belo Horizonte e Regi�o, Carlos Henrique Marques, s�o muitos os relatos de viol�ncia feitos por motoristas, trocadores e fiscais em BH. “As viagens s�o marcadas por amea�as, xingamentos, assaltos, fechadas no tr�nsito, agress�es verbais e at� f�sicas, que, em casos extremos, como esse, chegam � morte”, afirma o diretor. Segundo ele, a profiss�o, que era considerada tranquila, tem se tornado um of�cio de alta periculosidade, o que j� fez a categoria levantar a possibilidade de ingressar com uma a��o civil p�blica contra o Estado, cobrando seguran�a.

Segundo Carlos, os trabalhadores reclamam da falta de policiamento preventivo e de prote��o dos �rg�os de seguran�a p�blica. Ainda de acordo com o sinsicalista, a categoria sofre outro tipo de viol�ncia no trabalho: “Motoristas e trocadores tamb�m s�o obrigados a exigir o pagamento de passageiros sentados na parte da frente do �nibus. Quando n�o fazem isso, s�o punidos com advert�ncia ou suspens�o do trabalho por at� tr�s dias”.

Pesquisa recente realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais atesta que 53% dos motoristas e 57% dos cobradores sofreram agress�o ou amea�a � sua integridade f�sica de meados de 2013 a meados de 2014. O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra BH) foi procurado para comentar o assunto, mas informou que vai aguardar o fim da investiga��o policial para se pronunciar. Na Via��o Zurick, respons�vel pela linha em que trabalhava o fiscal, ningu�m foi localizado.

INVESTIGA��O Dois fiscais que trabalhavam diretamente com a v�tima foram ouvidos ontem pela pol�cia e relataram que constantemente h� discuss�es e brigas com passageiros que n�o pagam passagem. Disseram que s�o amea�ados de morte, mas, como atuam em v�rias linhas de �nibus, n�o t�m tempo para ir � delegacia ou � Pol�cia Militar. Pelas imagens gravadas na confus�o de quarta-feira, testemunhas do homic�dio reconheceram o assassino. O �nibus onde ocorreu o crime ontem tem quatro c�maras, mas justamente a direcionada para a porta dianteira, onde estava o assassino, n�o estava funcionando. As outras tr�s registram o desespero dos passageiros na hora dos tiros. Qualquer informa��o que possa levar a pol�cia � pris�o do autor pode ser passada pelos telefones 181 (disque-den�ncia) ou (31) 3478-7524. O denunciante n�o precisa se identificar.

Entrevista

Testemunha do tiroteio, que pediu para n�o ser identificada

O que voc� viu?

Os fiscais estavam na parte da frente do �nibus e pediram para ele (o atirador) se identificar. A� come�ou um bate-boca. O homem foi para o corredor e eu entendi que ele ia pagar a passagem, a�, de repente, ele sacou uma arma e voltou atirando. Atirou nos dois fiscais e pegou em uma passageira.

Os fiscais j� estavam no �nibus?

Eles estavam no ponto. Na hora que o �nibus para, eles abordam. Chegaram e pediram para o pessoal (os passageiros) se identificar.

Voc� chegou a ouvir alguma coisa da discuss�o?

Eles tiveram um bate-boca pequeno, foi coisa simples. Eu at� entendi que o cara ia pagar a passagem normalmente, mas, de repente, ele voltou atirando.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)