
Mesmo com sistema de c�meras de videomonitoramento e alarmes, a loja do estilista mineiro Ronaldo Fraga, na Savassi, Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, voltou a ser arrombada por criminosos. Nesta �ltima investida, na madrugada de ontem, bandidos quebraram um dos vidros da vitrine e levaram cerca de 40 pe�as, o que provocou um preju�zo aproximado de R$ 60 mil, nos c�lculos do artista. Essa foi a terceira vez que o estabelecimento comercial, localizado no n�mero 81 da Rua Fernandes Tourinho h� sete anos, foi arrombado. A a��o foi flagrada pelas c�meras de seguran�a da loja e, de acordo com o estilista, tr�s ou quatro homens encapuzados entraram no local, passando pela abertura na vitrine.
Fraga soube do furto por volta das 7h de ontem, depois de receber um telefonema de um lojista que integra a rede de comerciantes protegidos da regi�o. Ele n�o participava do grupo, que serve para alertar sobre crimes e outras ocorr�ncias, mas os participantes da rede conseguiram seu telefone e entraram em contato. “N�o foi pedra. Quebraram o vidro com algo forte. Entraram se arrastando para o alarme n�o tocar e levaram araras inteiras, roubaram as roupas mais caras”, conta o estilista. Indignado com a falta de seguran�a na regi�o, ele reclama: “Vamos ter que p�r alarme em n�s mesmos para viver nesta cidade?”.
No Facebook, Fraga postou fotos dos estragos na loja e fez um desabafo sobre a criminalidade. “N�o foi a primeira vez e, no ritmo que as coisas est�o, provavelmente n�o ser� a �ltima. Fico triste com a viol�ncia, com o preju�zo, mas arrasado mesmo estou � com o momento em que o Brasil est�. Nau sem rumo envolta num mar de lama em que quem padece � quem trabalha e produz”, disse na postagem na rede social. O artista afirma lamentar o que chama de decad�ncia da Savassi, com clientes indo embora por causa da falta de seguran�a.
Segundo ele, lojistas tamb�m est�o desistindo da regi�o e indo se instalar em shopping centers da cidade, em busca de prote��o. “Estamos falando de uma regi�o que poderia representar Belo Horizonte como uma cidade moderna, mais humanizada, e n�s ainda n�o conquistamos esse lugar. Ali�s, n�s j� perdemos em rela��o ao que a Savassi j� foi”, disse. O estilista ainda lamenta a situa��o dos pequenos comerciantes. “Estes, cujas economias est�o aplicadas no pr�prio com�rcio, est�o padecendo por falta de seguran�a. N�o d� para se acostumar com isso, de forma alguma”, destacou.
Questionado sobre sua perman�ncia na Savassi, o estilista preferiu n�o adiantar nenhuma decis�o e chamou aten��o para o problema generalizado da falta de seguran�a. “Hoje, no af� do corpo quente, meu desejo � n�o me calar. � de chamar as pessoas para que elas tamb�m n�o se calem. Um segundo momento � outra hist�ria. Mas eu queria lan�ar luz hoje n�o sobre o meu neg�cio, que eu fui assaltado. N�o � isso! � sobre o que est� acontecendo com o espa�o p�blico em Belo Horizonte”, disse, referindo-se aos v�rios casos de assaltos e arrombamentos vividos por comerciantes na regi�o.
Ap�s o arrombamento, a Pol�cia Militar foi chamada, registrou um boletim de ocorr�ncia e entregou as imagens das c�meras de seguran�a para a Pol�cia Civil, que vai investigar o caso. At� o fechamento desta edi��o, nenhum dos criminosos havia sido identificado ou preso. De acordo com a tenente Luana Pontes, comandante do Setor Savassi do 1º Batalh�o de Pol�cia Militar (BPM), a corpora��o registra casos de arrombamentos e outros tipos de viol�ncia na regi�o, mas que s�o pontuais. “A Savassi n�o � uma regi�o violenta, mas aqui o caso ganha repercuss�o. A Pol�cia Militar est� atenta e mant�m o policiamento diuturnamente, inclusive na madrugada. Mas � imposs�vel estar em todos os lugares, infelizmente”, afirma. Ainda segundo a policial, outros casos de arrombamentos j� geraram mudan�as na vigil�ncia, em rela��o a hor�rios e estrat�gias.
Tr�s perguntas para...
Ronaldo Fraga, Estilista

1- Como voc� soube do arrombamento?
Tem um grupo de empres�rios, lojistas da Savassi, que fez uma rede. Como o efetivo de policiamento foi reduzido, quando os comerciantes passam e veem uma coisa diferente, publicam na p�gina ou passam no WhatsApp. Eu nem fazia parte do grupo. Algu�m viu a loja quebrada, perguntou quem tinha o contato. Era por volta das 7h (quando fui avisado). Parece que foi no final da madrugada. N�o foi pedra. Quebraram o vidro com algo forte, entraram se arrastando para o alarme n�o tocar e levaram araras inteiras, roubaram as roupas mais caras.
2 - Voc� disse que esta � a terceira vez em que a loja � arrombada. Como voc� v� essa situa��o?
O que me entristece, me deixa em p�nico, � quando olho no meu entorno e vejo que aquilo (a viol�ncia) se tornou uma coisa comum. No meu caso, � f�cil passar por cima de tudo isso. Mas o problema n�o � a roupa, o preju�zo que eu tive. O problema � a situa��o em que se encontra o bairro. � o descaso em que se encontra o bairro. Ent�o, isso aqui � muito mais do que um assalto, um preju�zo, entre roupas e um vidro quebrado – R$ 50 mil , R$ 60 mil – isso � muito pouco. O que me preocupa � a situa��o da maioria dos comerciantes ali. Tem gente que botou toda a economia de uma vida inteira l�.
3 - A viol�ncia na Savassi se resume �s madrugadas?
N�o. A Savassi chegou a um ponto – voc�s lembram daquela coisa de carros com vidros quebrados nos anos 1980, 1990? Tudo isso voltou. Tem assalto � m�o armada �s quatro horas da tarde. Ent�o, quebrar, violentar o estabelecimento que � ganha-p�o das pessoas, virou uma coisa normal. Do tipo, “que bom que era � noite”. Ou, “que bom que n�o tinha ningu�m a�”. Ou como o policial mesmo disse: “Ah! Mas n�o tinha grade.” Ent�o vamos ter que colocar grade! Vamos ter que colocar cerca el�trica! E vamos ter que p�r alarmes em n�s mesmos para viver nesta cidade?