
A nova-iorquina Jeimy Ruiz, de 20 anos, escutou o disco Do Oiapoque a Nova York (2008) do rapper belo-horizontino Fl�vio Renegado e percebeu semelhan�as com o �ltimo �lbum do californiano Kendrick Lamar, principalmente com To pimp a butterfly, lan�ado neste ano. “Tratam de temas semelhantes, como a viol�ncia policial, a luta dos movimentos negros e problemas econ�micos”, explica Jeimy, que assim como seus seis compatriotas – todos estudantes universit�rios – visitaram ontem o Morro do Papagaio, na Regi�o Centro-Sul.
Os sete estudantes s�o intercambistas da Middelburry Colege, sediada no estado de Vermont, e est�o cursando disciplinas isoladas na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florian�polis. Os universit�rios visitaram a capital mineira no primeiro evento internacional da Central �nica das Favelas (Cufa) desde a inaugura��o de seu escrit�rio global na Organiza��o das Na��es Unidas (ONU), no m�s passado, que marcou tamb�m a posse da presid�ncia nacional da entidade pelo morador do Morro do Papagaio Francislei Henrique dos Santos.
O almo�o para recepcionar os estudantes, na casa de Francislei, teve no card�pio feij�o-tropeiro, churrasco e integra��o com os moradores do morro. “O ensino n�o acontece somente na universidade. � preciso viver outras experi�ncias e vivenciar o idioma em uma dimens�o real”, explica a professora e diretora do Middleburry Colege, Silvia Lorenso.
Silvia, que nasceu no Morro do Papagaio e cursou o doutorado e p�s-doutorado nos EUA, fez uma prepara��o com os estudantes antes de eles visitarem Belo Horizonte. Passou para eles escutarem o disco de Fl�vio Renegado, exibiu o filme Uma onda no ar, dirigido por Helv�cio Ratton e que conta a hist�ria da R�dio Favela e tamb�m reportagens sobre a cidade. “A favela � sempre vista de maneira estigmatizada, com a representa��o de filmes como Cidade de Deus (Fernando Meirelles, de 2002)”, pondera Silvia. Os estudantes conheceram tamb�m o Morro do Papagaio e visitaram o Morro do Macaco, no Rio de Janeiro.
“A imagem que temos do Brasil � focada no Rio Janeiro, com futebol, samba e Carnaval. Quase ningu�m sabia onde fica Florian�polis e muito menos Belo Horizonte”, explica Colin Larsen, que cursa Estudos Internacionais e Globais, com foco na Am�rica Latina. Colin tem 20 anos, � de Washington D.C e joga capoeira h� um ano. Para o mestre de capoeira Bruno Silva, integrante da Cufa, Colin fez bonito na roda de que participou. “O mais importante � a troca de experi�ncias. Como eles (os universit�rios) j� falam portugu�s fica mais f�cil de conversar”, entende Bruno.
LINGUAGEM O Middlebury College, segundo a diretora Silvia Lorenso, � uma das universidades mais reconhecidas dos Estados Unidos no ensino na �rea de linguagem. Colin, por exemplo, j� sabia espanhol quando decidiu tamb�m aprender portugu�s. “Eu sempre gostei de estudar idiomas e n�o aprendi portugu�s com inten��o de viajar para o Brasil. A oportunidade veio depois”, afirma. Al�m de participar de uma roda de capoeira e comer churrasco e feij�o-tropeiro, os universit�rios visitaram uma escola local e presenciaram debates sobre problemas comuns do Brasil e Estados Unidos, como racismo, desigualdade social, viol�ncia urbana e divis�o de renda.
Cufa global
No m�s passado, uma comitiva de mineiros ligados � Central �nica das Favelas (Cufa) foi at� Nova York participar da solenidade de inaugura��o do escrit�rio global da entidade na Organiza��o das Na��es Unidas e da posse da presid�ncia mundial e brasileira da entidade. A Cufa desenvolve projetos nos 27 estados brasileiros, em mais de 400 munic�pios. Al�m do Brasil, atua em 17 pa�ses da �frica, Europa, Am�rica do Norte e Am�rica Latina.