Calor e umidade muito baixa p�em BH perto do estado de emerg�ncia

O casal Pedro Resende, de 28 anos, e Izabella Andrade, de 25, procurou o sop� da Serra do Curral, para tentar fugir do calor infernal que assola a capital mineira neste m�s. O palco para a comemora��o de tr�s anos de namoro foi a Pra�a do Papa. “Um casal de amigos nos sugeriu comemorar aqui, pois � mais fresco que a Savassi”, contou Pedro. Mas nem todos puderam fugir para a montanha como eles, e amargaram mais um dia de calor semelhante ao do Rio de Janeiro, com a umidade relativa do ar inferior � de Bras�lia, capitais conhecidas pela alta temperatura e pelo clima seco, respectivamente.

De acordo com a medi��o do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) de Belo Horizonte, a umidade chegou a 13% na tarde de ontem, na Pampulha, contra 15% na capital federal. J� a temperatura m�xima registrada foi de 34°C, a mesma da capital fluminense. A combina��o � perigosa para a sa�de humana, e deve continuar pelos pr�ximos dias. “� p�ssimo”, resume o presidente do departamento de Cl�nica M�dica da Associa��o M�dica de Minas Gerais, o m�dico Oswaldo Fortini. A Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS) considera  medi��es entre 12% e 20% como estado de alerta. Abaixo de 12% a situa��o j� � considerada de emerg�ncia.

Fortini explica que o calor e a baixa umidade podem causar uma s�rie de altera��es no corpo. Uma das principais, detalha o m�dico, � o ressecamento das mucosas, que no caso do sistema respirat�rio pode provocar rinite e at� infec��es. J� a secura nos olhos pode provocar les�o da c�rnea. “� importante lubrificar com solu��es e col�rios”, recomenda o m�dico.

Para evitar os efeitos da seca e do calor, o m�dico Oswaldo Fortini recomenda beber pelo menos dois litros e meio de �gua por dia. O trio de amigos C�cero Nogueira, de 21 anos, Bernardo Botelho, tamb�m de 21, e Daniel Viegas, de 22, n�o descuidou da hidrata��o e na tarde de ontem bebiam �gua mineral e �gua de coco.

O Oswaldo Fortini alerta para aten��o especial com as crian�as e idosos. “O calor pode levar os idosos a ter at� confus�o mental”, explica Fortini. J� as crian�as, detalha, podem ficar mais prostradas e ter as defesas do organismo reduzidas. Outra recomenda��o � usar roupas claras e leves e evitar atividades ao ar livre das 10h �s 16h.

O meteorologista Heriberto dos Anjos, do instituto TempoClima, da PUC Minas, explica que a onda de calor se deve ao fen�meno El Ni�o, que atua no Oceano Pac�fico e influencia a temperatura em todo o planeta. “O El Ni�o afeta os padr�es de vento de todo o globo. No Brasil, deixa o tempo mais quente na regi�o Sudeste e muito seco no Nordeste e em parte da Regi�o Norte. J� no Sul do pa�s, provoca muita chuva”, detalha.

Heriberto destaca que a m�dia hist�rica do m�s de outubro � de 27,2°C, mas que nos treze primeiros dias deste m�s a temperatura m�dia vem sendo de 30°C. “A tend�ncia para a primavera � ser muito quente”, avalia. De acordo com os estudos meteorol�gicos, n�o h� previs�o de chuva pelo menos at� o fim da semana. Estudos preveem um El Ni�o mais rigoroso do que o ocorrido nos anos de 1997 e 1998, considerado um dos mais extremos da hist�ria.

CHUVA O meteorologista Ruibran dos Reis, do ClimaTempo, afirma que o El Ni�o deste ano � tido como o mais intenso dos �ltimos 65 anos e que em Minas Gerais, durante a ocorr�ncia deste fen�meno em 1982 e 1983 e 1997 e 1998, choveu abaixo da m�dia at� dezembro, o que deve acontecer novamente. Por�m, Ruibran destaca que nos meses de janeiro, fevereiro e mar�o o volume de chuva volta para a m�dia hist�rica, com exce��o do Vale do Jequitinhona e Norte de Minas, que seguir�o sofrendo com a falta de chuva.

O meteorologista do 5° distrito do Inmet, Luiz Ladeia, prev� que outubro seguir� com a umidade do ar muito baixa. Ele destaca que h� possibilidade de o �ndice chegar a 10% no Tri�ngulo Mineiro. Nos treze primeiros dias de outubro, a m�dia em Belo Horizonte foi de 42,5%, inferior � m�dia hist�rica de 68,3%. A m�dia da umidade considera os valores medidos em tr�s hor�rios do dia: 9h, 15h e 21h.