
A lembran�a do olhar “claro e determinado” ainda emociona os fi�is que se encontraram pessoalmente com o Padre Eust�quio e foram aben�oados por ele em um momento que descrevem como raro e inesquec�vel. O religioso holand�s, que chegou � capital em 1942 e morreu um ano depois, atrai milhares de fi�is ao seu santu�rio, no bairro que leva seu nome na capital mineira. Com o processo aberto de canoniza��o no Vaticano, milhares de cartas com relatos de curas extraordin�rias depois de promessas e pedidos endere�ados ao sacerdote chegam � par�quia, na Regi�o Noroeste de Belo Horizonte, onde est� o seu t�mulo.
Na sexta reportagem da s�rie Provas de F�, o Estado de Minas acompanhou, em Belo Horizonte, a peregrina��o de fi�is ao santu�rio do padre Humberto van Lieshout, que ficou conhecido por atrair grande legi�o de devotos em todos os lugares por onde passou desde que chegou ao Brasil. Mais de 25 mil pessoas participaram de celebra��es e visitaram o santu�rio em 30 de agosto, quando � celebrado o dia do beato. Pouco tempo depois de ter chegado a Belo Horizonte, a fama de sua bondade, virtudes e poder de intercess�o para cura divina se propagou rapidamente. Era preciso distribuir senhas aos fi�is para que recebessem suas ben��os e fossem ouvidos em confiss�o, na capela do Cristo Rei, no antigo Bairro do Progresso, hoje Padre Eust�quio.
O padre, que costumava saudar seus fi�is com o lema “sa�de e paz”, foi beatificado pelo Vaticano em 2006, depois de ter sido reconhecido seu milagre na cura de um c�ncer, e continua atraindo multid�es. Al�m do reconhecimento do Vaticano, uma infinidade de relatos cercam a hist�ria do holand�s. Um dos casos, que ganhou repercuss�o nacional, foi a gravidez da ent�o primeira-dama de Belo Horizonte, Sarah Kubitschek.
Em depoimento ao Vaticano, o ex-prefeito e ex-presidente da Rep�blica Juscelino Kubitschek contou que, depois de 12 anos tentando todos os tratamentos sem nenhum resultado, sua mulher recebeu uma ben��o do Padre Eust�quio. “Cerca de 10 dias depois, constatou-se a concep��o. Quando ele veio � minha casa, o recebemos mais por delicadeza do que pensando em um fato extraordin�rio. Como cat�lico, admito o milagre”, disse Juscelino.

Saud�vel e com disposi��o de sobra, a professora e zootecnista Melina Fernandes, de 27 anos, nada se parece com algu�m que h� algumas semanas estava em um leito de CTI. “Os m�dicos chegaram a me dizer que ela poderia morrer”, conta a m�e, a contadora Maria Natalina Fernandes, de 56. A fam�lia sempre teve rela��o de proximidade com o Padre Eust�quio, mas foi quando Melina teve a vida amea�ada que um pedido especial foi feito ao beato. “De frente ao t�mulo, eu pedi a ele pela vida da minha fam�lia e consegui, como em um milagre, perceber que ele devolvia minha filha curada”, relata a m�e.
Muito emocionada, a terapeuta ocupacional Marcella Fernandes, de 29, irm� mais velha da zootecnista, diz que no dia seguinte ao pedido da m�e os m�dicos deram a not�cia de que a irm� se recuperava. “No mesmo dia do pedido de minha m�e, fomos � missa e uma frase do evangelho dizia: sua filha est� curada.” A hist�ria de Melina, que teve uma infec��o generalizada, � mais uma entre as curas atribu�das ao Padre Eust�quio e ser� avaliada, podendo ser estudada no processo de canoniza��o.
CONFIRMA��O Vin�cius Maciel, vice-postulador da causa de canoniza��o do Padre Eust�quio, explica que para uma gra�a ser considerada um milagre � necess�rio que o feito seja reconhecido pela ci�ncia como algo sem explica��o. A transforma��o deve ser r�pida, ocorrer de forma extraordin�ria e ser duradoura. � muito importante tamb�m identificar a quem o pedido de cura foi dirigido.
Existem poss�veis milagres do Padre Eust�quio sendo analisados para futuro envio ao Vaticano, onde uma junta internacional de m�dicos estuda minuciosamente os casos. Desde a morte do religioso at� sua beatifica��o passaram-se 63 anos. “Para a canoniza��o, Deus deve se manifestar novamente, com a confirma��o de um novo milagre”, explica.
A farmac�utica Fernanda Rezende, de 43, e o marido, o analista de sistemas Ant�nio Bolivar, de 44, passam �s filhas Lu�za, de 11, e J�lia, de 8, a f� no beato. “Uma das gra�as que alcancei foi instant�nea, quando eu e meu marido fomos assaltados � m�o armada. Eu tinha um chaveiro do Padre Eust�quio, e, no momento do assalto, pedi a ele que nos protegesse”, conta. Para Fernanda avida dos dois foi poupada por intercess�o do beato. “Estou aqui para agradecer pela sa�de e paz da minha fam�lia.”

Aos 13 anos, em 1943, eu estive aqui neste santu�rio, onde o Padre Eust�quio dava b�n��os na antiga Capela Cristo Rei. Estava acompanhando uma tia, que pedia a ele uma b�n��o para o irm�o. Ele s� enxergava no escuro, n�o via nada no claro, mas depois daquele dia foi curado. Como eu era crian�a, estava aguardando, afastada do confession�rio, quando o Padre Eust�quio fez um sinal me chamando at� ele. Com seu olhar manso, determinado, firme, um olhar que nos deixava em paz, ele me disse: ‘N�o fale, s� eu falo’ e me aben�oou. Logo depois, me aconselhou a rezar para S�o Jos� e Nossa Senhora de Lourdes, disse que eles iriam iluminar e guiar minha vida. Mais tarde, quando minha filha teve paralisia infantil, eu pedi sua intercess�o, para que Jesus a curasse. Assim aconteceu. Logo depois de meu pedido, ela ficou boa. Todos os dias da minha vida s�o dedicados ao Padre Eust�quio, n�o tem chuva ou sol. Se precisarem de mim, aqui estou, trabalhando com ajuda aos doentes e atendendo as fam�lias que mais precisam. Servindo ao pr�ximo, seguindo os seus ensinamentos. Izabel Leite Souza, 85 anos, aposentada
Na �ltima reportagem da s�rie rovas de F�, o Estado de Minas mostra amanh� o que pensam outras religi�es e doutrinas, bem como a psicologia, sobre milagres, promessas e devo��o. Nas cinco primeiras mat�rias foram retratadas as romarias a Congonhas, Bel�m (PA), Aparecida (SP), Caet�, Tr�s Pontas e Leandro de Freitas.