
O azul do c�u de primavera se tornou cinza nos �ltimos dias na Regi�o do Barreiro, em Belo Horizonte, e nos bairros dos munic�pios de Ibirit� e Brumadinho, na regi�o metropolitana, localizados no entorno do Parque Estadual do Rola-Mo�a. A fuma�a e a fuligem do inc�ndio que segue devastando, desde quarta-feira, a vegeta��o de mata atl�ntica e de cerrado e matando diversas esp�cies animais t�picas na �rea de preserva��o, est�o causando transtornos �s fam�lias que residem pr�ximo � reserva. Apesar das altas temperaturas, os moradores est�o sendo obrigados a permanecer com as portas e as janelas de suas resid�ncias fechadas dia e noite.
Para permanecer em suas casas sem adoecer com os problemas respirat�rios e conseguir suportar o calor, as fam�lias que moram pr�ximo ao parque est�o recorrendo a ventiladores, panos �midos, vasilhames com �gua e umidificadores. E para o desconsolo da vizinhan�a do Rola-Mo�a, n�o h� estimativa de quando a situa��o ser� amenizada. Mesmo com os trabalhos do Corpo de Bombeiros, brigadistas, t�cnicos do Instituto Estadual de Florestas (IEF), Associa��o Mineira de Defesa do Ambiente, Copasa e dos volunt�rios que est�o atuando quase que 24 horas por dia na tentativa de debelar o fogo, as chamas continuavam avan�ando pela mata ontem.
A dona de casa M�rcia Cristina Pereira Silva, de 39 anos, vive com a m�e idosa, de 93, o marido, de 34, e a filha, de 12, em uma das 70 moradias constru�das no Bairro Solar, numa �rea dentro do Rola-Mo�a. O cheiro de fuma�a tomou conta de todos os c�modos da casa da fam�lia e os m�veis e o ch�o da resid�ncia est�o cobertos de fuligem. A moradora mais velha n�o dorme desde quinta-feira, com falta de ar. “O calor est� insuport�vel e minha m�e est� se sentindo mal, sem conseguir respirar direito. Mesmo deixando as portas e as janelas fechadas, o ventilador e o umidificador ligados, est� tudo cheirando a fuma�a, o que deixa o ar pesado”, contou M�rcia.

O frentista Manoel J�lio da Silva, de 37, � pai de Victor Hugo, de 1 ano e 7 meses. Preocupado com a sa�de do filho, ele e a mulher optaram por deixar as janelas e as portas de casa fechadas desde quinta-feira, quando o inc�ndio destruiu a mata em frente ao im�vel. Nesses �ltimos dias, o ventilador e o umidificador permaneceram ligados sem interrup��o. O casal tamb�m espalhou toalhas molhadas pelos c�modos e n�o descuida da crian�a, oferecendo �gua e suco v�rias vezes ao dia. “Vivemos neste local h� 12 anos, e todo ano sofremos com fogo na mata, mas, desta vez, a situa��o foi mais grave. Ficamos muito assustados”, disse Silva.
Apesar da situa��o cr�tica na regi�o, funcion�rios da Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Barreiro afirmaram n�o sido registrado um aumento na procura de atendimento devido a problemas respirat�rios causados pela combina��o da fuma�a com o tempo quente e seco.
Combate intenso O gerente-geral do Rola-Mo�a e o tenente Bruno Fran�a Gon�alves, do 22º Batalh�o do Corpo de Bombeiros, informaram ontem que a prioridade � combater o inc�ndio. Segundo eles, os trabalhos est�o concentrados na preserva��o dos mananciais – seis em toda a extens�o do parque – de onde se faz capta��o de �gua para o abastecimento da popula��o da capital e da Grande BH. Freitas informou que o parque foi criado com o objetivo de preservar a mata e todo o ecossistema e os campos ferruginosos, forma��o extremamente rara, que ocorre no local.
Segundo Marcus Vin�cius de Freitas, o levantamento da �rea destru�da somente ser� feito quando o inc�ndio estiver controlado. Ontem, mais de 150 pessoas foram mobilizadas no combate ao fogo, que come�ou ainda na madrugada, primeiro na Morro do Cachimbo, depois seguiram para a mata do Barreiro. Foram usados tr�s avi�es air-tractor e dois helic�pteros, sendo um dos Bombeiros e outro da PM, para levar �gua at� os pontos onde o fogo destru�a a vegeta��o. Dezoito jipeiros se colocaram � disposi��o das equipes de combate ao fogo.
O advogado Robson Dias, 44, o administrador do grupo Brigada 4x4, fundado em 2011, convocou sua turma pelo Facebook e o WhatsApp. “N�o podemos ver uma situa��o dessa e ficar de bra�os cruzados”, disse Dias. O empres�rio Alvarenga Peixoto, 58, e o filho �caro Martins, 29, atenderam ao chamado e seguiram de madrugada para o parque.