
O propriet�rio da fazenda e dos animais roubados, Marcos Bossi de Paula, acredita que os ladr�es j� conheciam o funcionamento da fazenda. “Prenderam todo mundo. Obrigaram os vaqueiros a separar o gado e embarcar todos nas carretas. Eram 110 cabe�as e cada animal pesa 12 arrobas,” explica o fazendeiro.
Os funcion�rios foram intimidados e amea�ados pelos criminosos. “Estavam fortemente armados. Pelo modo como agiram, era uma quadrilha especializada nesse tipo de roubo. Sabiam de tudo que acontecia l�. A ousadia foi tanta que at� mandaram a empregada cozinhar para eles”, concluiu Bossi.
O grupo deixou a propriedade por volta das 21h. A pol�cia foi chamada e fez rastreamento na regi�o, por�m, sem sucesso. Segundo o fazendeiro, os ve�culos usados pelos criminosos foram vistos na BR-365, pr�ximo a Pirapora. “Estamos assustados com isso. Esse tipo de crime se tornou frequente na regi�o. Tenho a fazenda desde 1972 e esta foi a primeira vez que aconteceu comigo, mas h� muitas v�timas. Como vou viver na fazenda desse jeito?”, questiona.
A Pol�cia Civil confirmou que foram roubadas 110 cabe�as de gado. Pelo menos oito autores participaram da a��o. Tr�s agiram armados para render o caseiro e os demais funcion�rios. Os outros cinco conduziram os cinco caminh�es usados para levar o gado. Policiais civis de Pirapora foram encarregados do caso e procuram pistas dos autores.
O aumento da viol�ncia no campo vem fazendo os donos das propriedades mudarem os h�bitos. Antes, buscavam as fazendas para morar, mas, agora, est�o tendo que se mudar para as cidades. “N�o temos a seguran�a urbana que � oferecida. N�o temos patrulhamento, a pol�cia que atua no campo, que � a Pol�cia Ambiental, serve para fiscalizar o produtor. Agora, se algu�m for assaltado, ela n�o faz nada para ajudar, pois tem a fun��o de fiscaliza��o e n�o de repress�o. Isso deixa os fazendeiros � merc� do aumento de crimes no campo. Como n�o t�m condi��es de morar nas propriedades, os produtores est�o se mudando para a cidade, � procura de seguran�a”, afirma Pierre Vilela, Superintendente do Instituto Ant�nio Ernesto de Salvo (Inaes) da Federa��o da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg).
O superintendente diz que n�o h� estat�sticas exatas sobre roubos de gado, pois, na maioria dos casos, as v�timas n�o fazem boletins de ocorr�ncia. Mesmo assim, relata um aumento da viol�ncia no campo. “A informa��o que estamos recebendo dos sindicatos � o aumento da criminalidade na zona rural, com roubo de m�quinas e produto. Antigamente, n�o t�nhamos isso. A necessidade de seguran�a que existe hoje na cidade, com muros altos e cercas el�tricas, est� chegando ao campo. Nas fazendas, temos propriedades abertas com cercas apenas para prote��o dos animais. Por isso, fica muito f�cil para os assaltantes”, comenta Vilela.
Dados divulgados pela Faemg, com base em registros da Secretaria de Estado de Defesa Social, indicam que, de janeiro at� maio foram registrados 625 casos de furto, roubo e extravio de porcos, bois e cavalos. Em todo o ano passado, foram 1.093 ocorr�ncias. E, em 2013, 868. Em rela��o a arrombamento e furtos de resid�ncias rurais, nos cinco primeiros meses deste ano foram registrados 2.938 casos. Em 2014, foram 5.634 ocorr�ncias registradas em 12 meses, e, no ano anterior, 1,8 mil.A Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), por sua vez, divulgou os dados de roubo e furto de gado no estado nos �ltimos tr�s anos. Os n�meros mostram crescimento da pr�tica desses crimes. No caso do roubo de gado, foram sete ocorr�ncias registradas em 2013, nove em 2014 e 16 de janeiro a agosto deste ano. Quanto ao furto, s�o esses os n�meros: 466 casos em 2013, 640 no ano passado e 789 at� agosto.