
Quem v� cara n�o v� cora��o – o velho dito popular salta aos olhos ao se visitar a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, joia barroca de Sabar�, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, que tem obras de Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1737-1814), e a prefer�ncia dos noivos para a cerim�nia de casamento. Se de frente o altar-mor causa admira��o, por tr�s, s� espanto: os cupins devoraram parte da estrutura do trono, podendo-se ver at� vigas improvisadas de eucalipto como suporte. “Estou muito preocupado, pois a degrada��o cresce a cada dia. � preciso que autoridades se unam e liberem recursos para salvar o templo, datado de 1763”, alerta o historiador Jos� Bouzas, integrante da Ordem Terceira do Carmo de Sabar� e do Instituto Hist�rico e Geogr�fico do Ciclo do Ouro.
A situa��o do patrim�nio cultural de Sabar�, com destaque ainda para a Capela de Nossa Senhora do �, na sede do munic�pio, e Matriz de Nossa Senhora da Assun��o, no distrito de Ravena, foi alvo, ontem, de audi�ncia p�blica na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), por meio da Comiss�o de Cultura. Durante o encontro, a chefe de gabinete da superintend�ncia em Minas do Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan), Ros�ngela Guimar�es, adiantou que o piso da Capela do �, parcialmente interditada ap�s reportagem publicada pelo Estado de Minas em 1º de outubro, ser� recuperado de imediato, com trabalho executado por especialistas do escrit�rio de Diamantina. Al�m disso, est� marcado um encontro com representantes da Arquidiocese de BH e da prefeitura local para resolver os demais problemas apresentados pelo templo do in�cio do s�culo 18 e tombado pelo Iphan desde 1938.
Autor do requerimento para realiza��o da audi�ncia p�blica, o deputado Wander Borges (PSB) informou que os resultados da reuni�o ser�o levados ao secret�rio de Estado da Cultura, Angelo Oswaldo. “H� problemas em Sabar�, mas tamb�m em outras cidades mineiras. Precisamos verificar especialmente a quest�o dos recursos para restaura��o dos monumentos”, afirmou Borges, ao lado das deputadas Cristina Corr�a (PT), vice-presidente da comiss�o de Cultura, e Ione Pinheiro (DEM).
EMO��O E LUTA Carregando cartazes, moradores de Ravena deram depoimentos emocionados, durante a audi�ncia na ALMG, sobre a Matriz de Nossa Senhora da Assun��o (1720), conhecida como Igreja da Lapa, que est� fechada h� cinco anos, com a primeira interdi��o ocorrida h� 12 anos. “Estamos sem casa, sem teto. N�o podemos mais conviver com a situa��o. H� anos as missas s�o celebradas debaixo de �rvores ou sob sol quente. A festa da padroeira, em 15 de junho, n�o tem mais a sua igreja”, afirmou o zelador Eder L�rio Pinto.
A coordenadora da Pastoral do Batismo, Maria da Penha Ferreira Pinto, pediu �s autoridades que n�o “brinquem com a f� do povo” e fa�am tudo para proteger a igreja tombada pelo Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha). De acordo com informa��es do Iepha, “a igreja de Ravena foi inscrita no programa Minas Patrim�nio Vivo, no governo anterior, e atualmente passa por uma revis�o de projeto, o que motivou uma tempor�ria paralisa��o das obras”.
Uma sugest�o que ganhou simpatia dos participantes partiu da diretora do Memorial da Arquidiocese de BH, Maria Goretti Gabrich, para quem deve haver uma uni�o de esfor�os em busca de recursos, incluindo ainda a Prefeitura de Sabar�, via Imposto sobre Circula��o de Mercadorias e Servi�os (ICMS Cultural) recebidos e deputados, para dota��o de emendas parlamentares. Na primeira fase das obras de restaura��o, foram investidos R$ 4 milh�es e haver� uma reavalia��o dos custos da segunda etapa.