O risco de rompimento das barragens do Fund�o e Santar�m da mineradora Samarco em Mariana (MG) foi alvo de alerta em 2013 pelo Instituto Pr�stino, institui��o particular sem fins lucrativos que realizou um estudo na regi�o a pedido do Minist�rio P�blico Estadual (MPE). A promotoria quer saber se foram tomadas medidas preventivas e vai agora pedir o fechamento da mina da Samarco.
Conforme balan�o divulgado ontem, a lama lan�ada dos reservat�rios deixou cerca de 300 fam�lias desabrigadas. Ao todo, seis distritos do munic�pio foram atingidos. Pelo menos 500 pessoas tiveram de ser resgatadas s� de um dos vilarejos, Bento Rodrigues, que fica mais perto da mina da Samarco. O prefeito de Mariana, Duarte Eust�quio Gon�alves J�nior (PPS), afirmou que a Defesa Civil tem informa��es de sete pessoas desaparecidas.
J� o Corpo de Bombeiros trabalhava ontem na localiza��o de 13 funcion�rios da Samarco que estavam perto das barragens. O coronel Luiz Gualberto, dos bombeiros, tem a confirma��o de uma morte na trag�dia: um funcion�rio da Samarco que ficou ferido no acidente e teve uma parada card�aca ao ser hospitalizado. H� ainda um corpo encontrado na cidade de Rio Doce, a 100 km de Mariana - sem confirma��o de elo com o desastre.
O documento t�cnico que falava do risco de uma trag�dia foi elaborado h� dois anos e assinado por t�cnicos - na maioria professores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Tem oito p�ginas e identificava pontos de contato entre rejeitos da minera��o e a barragem. "Com a evolu��o da satura��o por causa do fluxo natural das �guas superficiais resultantes da precipita��o atmosf�rica (chuva), a zona acima do n�vel de equil�brio hidrost�tico ficaria saturada. Tal situa��o ocasionaria a ressurg�ncia de �gua nas faces dos taludes da pilha de est�ril e a possibilidade de desestabiliza��o da face do talude, resultando em colapso."
Em outro trecho, h� uma descri��o parecida com o que de fato teria acontecido. "Dependendo do raio da ruptura no processo, podem ocorrer v�rios colapsos em diferentes n�veis de taludes e criar um fluxo de material com grande massa est�ril se deslocando para jusante na dire��o do corpo da barragem do Fund�o e adjac�ncias." Os especialistas da UFMG fizeram uma s�rie de recomenda��es, como a apresenta��o de um plano de conting�ncia em caso de acidentes e um monitoramento por parte do poder p�blico sobre os riscos ao meio ambiente. Ontem, o diretor-presidente da empresa, Ricardo Vescovi, disse que "desconhece esse estudo".
J� o promotor Carlos Eduardo Ferreira Pinto, coordenador de Meio Ambiente do Minist�rio P�blico de Minas Gerais, afirmou ontem que o relat�rio foi entregue � empresa e � Secretaria de Estado de Meio Ambiente. O material foi solicitado quando a empresa acionou o Estado para renovar a licen�a ambiental da barragem. "Vamos ver se a Samarco cumpriu tudo o que foi previsto", afirma o promotor. Segundo a Secretaria de Meio Ambiente, por�m, o material n�o aponta nada de irregular, trazendo apenas recomenda��es-padr�o de seguran�a.
Fechamento
O promotor Ferreira Pinto ainda vai pedir na segunda-feira o fechamento da mina da empresa. "Vamos recomendar � Secretaria de Estado (de Meio Ambiente) que suspenda a licen�a at� que se apure a regularidade e garanta a seguran�a das comunidades."
Um inqu�rito civil p�blico j� foi aberto pelo MP anteontem para apurar as causas da trag�dia - entre as pe�as a serem anexadas estar� o estudo do Pr�stino. Segundo o promotor, a investiga��o se concentrar� no poss�vel descumprimento de normas t�cnicas na manuten��o da estrutura. "A barragem estava em processo de alteamento (levantamento para aumentar a capacidade). Isso pode ter influenciado na ruptura", pontuou. O MPE apura ainda se uma explos�o em uma mina da Vale influenciou no desastre. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.