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Estado de Minas

Moradores lamentam: "Bento Rodrigues acabou"

Passado o susto, fam�lias se recordam do que perderam para a avalanche de lama


postado em 08/11/2015 06:00 / atualizado em 10/11/2015 12:50

Rony Alves é caseiro de sitio atingido em Camargos (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Rony Alves � caseiro de sitio atingido em Camargos (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)

M�e de nove filhos, dois deles (de 14 e 16 anos) estudantes da Escola Municipal Bento Rodrigues, Silvana Aparecida Coelho, de 41, ainda se emociona ao tocar na trag�dia divulgada internacionalmente. Para se salvar, os meninos correram pelo mato e foram resgatados pelos bombeiros. “Era um lugar t�o bom. Aqui temos poucos recursos, mas todos s�o amigos”, diz Silvana, ao lado dos filhos Vin�cius Coelho, de 24, pedreiro, e Graziele Stepany de Freitas, de 25, faxineira. “O povo daqui vive alerta. Houve perda de vidas humanas, mas comerciantes perderam o que estava no freezer, ficaram com d�vidas, n�o t�m mais nada”, disse ela.

Quando Silvana e fam�lia j� estavam saindo do local, apareceu na estrada um conhecido, Rony Alves Silva, de 43, que queria voltar para a fazenda onde trabalha h� seis meses. “Vou para l�, vou dormir no curral”, apontava Rony para a propriedade atolada no barro escuro. Passando as m�os no rosto vincado pela ansiedade e a tristeza, Rony relatava a perda de muitos animais, principalmente o gado. “Esta fazenda � a vida do meu patr�o. Estou aqui h� seis meses. Perdi o emprego. Tenho que voltar para o curral, os bichos est�o sem �gua para beber, sem comida”, afirmou. Silvana tentou demov�-lo, e o homem prometeu que seguiria para um lugar seguro.

Na vizinha comunidade de Camargos, a dona de casa Andrina Maria Rodrigues, casada e m�e de quatro filhos e seis enteados, mora num casar�o bem diante da Igreja de Nossa Senhora da Concei��o. “Se tiver perigo, temos que correr para l�”, diz Andrina, mostrando a longa escadaria que conduz ao templo do per�odo colonial. A fam�lia � a �nica que continuou no local depois do alerta da Coordenadoria Municipal da Defesa Civil. “Essa situa��o emociona a gente demais. Bento Rodrigues acabou. N�o h� nem a escola, a igreja”, disse Andrina na janela da casa “de mais de 150 anos”. Ao se despedir, ela observou: “Depois dessa trag�dia, n�o dormimos mais. Vivemos com o cora��o apertado, mesmo sabendo que aqui n�o corremos riscos”.



Recupera��o levar� d�cadas

Vegeta��o destru�da, �rvores arrancadas e constru��es dos tempos coloniais soterradas. Para o bi�logo, ec�logo e professor do Laborat�rio de Gest�o Ambiental de Reservat�rios da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), professor Ricardo Motta Pinto Coelho, ser�o necess�rios de 20 a 30 anos para a natureza se recompor desse tsunami de lama – “se houver ajuda com investimentos, remo��o de sedimentos e outras pr�ticas”, ressalta. Com o rompimento das barragens e escoamento da lama pelo Rio Gualaxo, a mata atl�ntica foi atingida, com seus exemplares de pau-d'�leo, peroba, aroeira e outras.

“Foi interrompido um processo natural, precisa haver a recupera��o da paisagem. Os preju�zos ambientais s�o muitos nesse que �, sem d�vida, o maior desastre ambiental, em extens�o, no Brasil. O governo deve exigir uma indeniza��o ambiental, pois os danos s�o gigantescos”, acrescenta o bi�logo. “H� exemplos da recupera��o da natureza, como ocorreu em Chernobyl”, numa refer�ncia ao acidente nuclear ocorrido em 26 de abril de 1986, na cidade da Ucr�nia.


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