
Depois de 16 dias aterrando os rios Gualaxo do Norte, do Carmo e Doce, a enxurrada de lama e rejeitos de min�rio de ferro que vazou da barragem da mineradora Samarco, em Mariana, na Regi�o Central de Minas, chegou ao mar, nesse s�bado, por volta das 18h. Pescadores de Reg�ncia Augusta, distrito de Linhares (ES), onde fica a foz do Rio Doce, se apressaram em remover seus barcos do estu�rio e se uniram em uma manifesta��o com cerca de 100 pessoas ligadas � atividade, ao turismo e � prote��o das tartarugas marinhas que se reproduzem na regi�o.
Uma passagem para o mar havia sido aberta dias antes pela prefeitura local, j� que a foz tradicional do rio, que fica ao sul, estava assoreada e bloqueada. M�quinas e oper�rios a servi�o da mineradora intensificaram o trabalho de alargamento da passagem e posicionaram tamb�m barragens de boias para tentar direcionar a lama para longe da comunidade e diretamente para o mar, onde a esperan�a � de que o material seja dilu�do mais rapidamente. Ontem, decis�o da Justi�a Federal determinou que a empresa se esforce para acelerar a dispers�o dos poluentes.
A controv�rsia ocorreu por que na quarta-feira a Justi�a Federal em Vit�ria concedeu decis�o em favor do Minist�rio P�blico Federal (MPF) em a��o civil p�blica que determinava que a Samarco impedisse a lama de atingir o litoral, sob pena de multa de R$ 10 milh�es. Na sexta-feira, a Vara da Fazenda P�blica, Registros P�blicos e Meio Ambiente de Linhares, da Justi�a Estadual, determinou que a empresa deveria utilizar de todos os m�todos para fazer com que a lama n�o ficasse retida e flu�sse em dire��o ao mar, como preconizaram o Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema) do Esp�rito Santo, e do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBIO). Se n�o o fizesse, a multa seria de R$ 20 milh�es e mais R$ 1 milh�o por dia de descumprimento.
No mesmo dia, o juiz federal Rodrigo Reiff Botelho recebeu da Samarco um pedido de liminar para cancelar a a��o que determinava o barramento da lama, em oportunidade em que a empresa apresentou seu plano de recupera��o e mitiga��o dos efeitos do vazamento. Com isso, o juiz declarou que n�o determinou barramentos no rio e sim resguardava a prote��o aos ecossistemas, admitindo que a passagem da lama seria inevit�vel, mas poderia ser menos danosa. Afirmou tamb�m, que a Justi�a Estadual � incompetente para julgar esse m�rito, por ser o Doce uma bacia federal.
A Samarco anunciou, ap�s a decis�o da Justi�a, o monitoramento do avan�o da enxurrada de lama por meio de c�meras instaladas em um bal�o. O equipamento far� varreduras na parte Sul da foz do Rio Doce, no distrito de Reg�ncia Augusta, at� o povoamento dessa regi�o, no munic�pio de Linhares. O bal�o leva c�meras de sensor triplo, capazes de produzir imagens em alta resolu��o e tempo real, dia e noite, permitindo acompanhar e mapear a regi�o, com coordenadas georreferenciadas.
Para isolar a fauna e a flora que vivem no entorno nas duas margens do rio e em algumas ilhas localizadas no estu�rio, 9 mil metros de barreiras feitas de lona 100% imperme�vel e fixadas no fundo do rio est�o sendo instalados em sentido longitudinal, mas sem impedir a chegada dos rejeitos ao mar. As barreiras variam de 60 cent�metros a at� 2,1 metros de altura, adaptadas de acordo com a profundidade de cada ponto de instala��o. De acordo com a Samarco, as estruturas t�m alta resist�ncia e s�o capazes de suportar ventos de 20km/h e ondas de tr�s metros. Quatro frentes de trabalho, com mais de 50 pessoas e diversas embarca��es, atuam simultaneamente na instala��o.
Al�m dessas medidas, a Justi�a do Esp�rito Santo determinou o imediato resgate de representantes de todas as esp�cies da fauna aqu�tica nativa e que t�m o rio como h�bitat, com o intuito de salvaguardar a variedade gen�tica, com exce��o de esp�cies ex�ticas, devendo ser quantificados e catalogados, com amparo t�cnico e supervis�o dos �rg�os competentes. A empresa dever� tamb�m resgatar, imediatamente, ovos das tartarugas marinhas que podem ser afetadas pela mancha de contamina��o.