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Estado de Minas

J�ssica d� sua vers�o para briga com Lara e confessa: "me chamavam de menininha UFC"

Protagonista do v�deo que bombou na internet nos �ltimos dias, estudante da cidade de Alto Jequitib� segue marcada pelas imagens que a tornaram "c�lebre" at� entre famosos


postado em 25/11/2015 06:00 / atualizado em 25/11/2015 17:05

Jéssica (foto) se enfureceu com Lara por achar que esta flertou com seu namorado (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
J�ssica (foto) se enfureceu com Lara por achar que esta flertou com seu namorado (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

Alto Jequitib� – Palco da rusga mais comentada do Brasil desde o rompimento de Xuxa e Marlene Matos, Alto Jequitib�, na Zona da Mata mineira, � uma esp�cie de materializa��o do poema Cidadezinha Qualquer, do poeta Carlos Drummond de Andrade. Seu esp�rito provinciano grita j� no layout da placa com que o munic�pio recebe os visitantes. “Bem-vindos”, diz a chapa de madeira pendurada no portal de entrada em letras rebuscadas, propositalmente exageradas na rusticidade.

Quando se caminha pela cidade, a calmaria das ruas mexe com quem est� acostumado ao ritmo fren�tico das metr�poles. Tal qual nos versos de Drummond, ali, “o homem vai devagar, o cachorro vai devagar, o burro vai devagar”. E a internet m�vel, vai quase parando.

Assim, � curioso imaginar que justamente desta localidade tenha  partido o viral mais comentado do momento, protagonizado por duas adolescentes: Lara T., 14 anos, e J�ssica A., 13. Flagradas se engalfinhando nas proximidades do col�gio em que estudam, as garotas viraram assunto nacional em 17 de novembro, depois que o v�deo da briga caiu no whatsapp e, posteriormente, no Youtube. As imagens, que chegaram a ocupar o primeiro lugar dos trending topics mundiais do Twitter, mostram J�ssica em vantagem sobre Lara – que cai no ch�o, mas n�o perde o topete. Atrevida, levanta-se rapidamente, ajeita os cabelos e, com ares de diva, diz a frase que, sem saber, se transformaria no bord�o atualmente mais repetido no pa�s at� por artistas: “J� acabou, J�ssica”?

A rixa, conforme revelou o Estado de Minas em 17 de novembro, j� acabou mesmo. Um dia antes, na segunda-feira em que a confus�o viralizou, as meninas que trocaram tapas, socos e pontap�s motivadas por ci�me (J�ssica se enfureceu com Lara por achar que esta flertou com seu namorado), fizeram as pazes. O burburinho, contudo, est� longe de terminar.

Com a mãe, Selma Anselmo, Jéssica virou o alvo das atenções no pequeno município da Zona da Mata mineira depois de brigar e fazer as pazes com a colega de escola(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Com a m�e, Selma Anselmo, J�ssica virou o alvo das aten��es no pequeno munic�pio da Zona da Mata mineira depois de brigar e fazer as pazes com a colega de escola (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)


J� no primeiro giro pela cidade, o EM p�de constatar o impacto local do epis�dio. Em uma das seis farm�cias do vilarejo, clientes e funcion�rios praticamente pouparam parte do trabalho da apura��o jornal�stica. Bastou que vissem a c�mera dependurada no pesco�o do rep�rter fotogr�fico para perguntar: “Voc�s vieram por causa do v�deo?” E foram logo contando seus casos.

O do fim do sossego das J�ssicas jequitibaenses � dos mais pitorescos. No s�bado, uma mo�a hom�nima � jovem famosa se casou na Igreja Nossa Senhora da Concei��o, que fica pr�xima � entrada do munic�pio. Entre aproveitar o momento prop�cio para fazer a piada e calar-se para sempre, ningu�m titubeou: “J� casou, J�ssica?”, repetiram os convidados durante toda a cerim�nia.

Na escola de idiomas da cidade, o professor de Ingl�s Josch Amprose, que � brit�nico e est� no Brasil desde janeiro, aproveitou o caso para tornar as aulas mais divertidas. Apesar de n�o compreender bem o portugu�s, assistiu ao v�deo e confessou ter achado gra�a, mas desaprovado a viol�ncia. Traduziu o meme para sua l�ngua – “Are you done, J�ssica?” – e o usa principalmente quando percebe que os estudantes est�o absortos em conversas paralelas.

A comerciante S�nia Grippi, dona de uma loja de vestidos de noiva, desaprova a maneira como a cidade ficou famosa. “N�s temos tanta coisa interessante. Estamos pertinho do Pico da Bandeira, o terceiro maior do Brasil. Somos hospitaleiros, temos a Serra do Capara� colada na regi�o, toda muito bonita. � isso que eu queria ver saindo na m�dia, n�o uma briga banal de adolescentes”, afirma

Sem nome

No Cart�rio de Registro Civil, todos se lembram com detalhes da briga. Foi �s portas dele que as garotas trocaram sopapos. “O v�deo do quebra-pau foi feito dessa escada aqui”, aponta Juarez Ant�nio Barbosa, o respons�vel pelo estabelecimento. O caso, por�m, n�o afetou os registros locais. “Olha, nasceram quatro beb�s desde ent�o. Tr�s meninos e uma menina. E o nome dela n�o � J�ssica. Quem sabe a pr�xima que nascer?”, brinca.

Vers�o tem de ci�me a provoca��o

Faltavam pouco mais de 30 minutos para que batesse o sinal que indica o fim das aulas do turno da tarde no col�gio – que conta cerca de 900 alunos da 7º ano do Ensino Fundamental, ao 3º ano do Ensino M�dio. A equipe do EM pediu autoriza��o para entrar na institui��o de ensino. Sem sucesso: a diretora Elizabeth Sathler diz ter recebido ordens da Secretaria de Estado de Educa��o para n�o comentar o caso ou deixar que ele fosse muito exposto para a imprensa, de quem afirma receber muito ass�dio. A secretaria, contudo, informou o contr�rio: caberia � dire��o abrir ou n�o as portas . A decis�o de barrar os jornalistas, assim, foi da escola.

Terminadas as atividades das crian�as, um enxame delas se formou em torno carro de reportagem do Estado de Minas. J�ssica, uma das estrelas jequitibaenses, fez men��o de se esconder. Cobriu a cabe�a com um agasalho vermelho, envergonhada. N�o adiantou. Implac�veis, os colegas a denunciaram. Mas n�o foram necess�rios mais que uns poucos minutos de conversa at� que ela ficasse � vontade e soltasse o verbo.

“N�o foi s� por causa de namorado que eu dei na Lara!” diz, ao falar da briga. “Ela fica me irritando, me xingando, falando coisas at� a respeito da minha fam�lia, que ela n�o conhece”. Acaba assumindo, por�m, o ci�me do agora ex-namorado. “A gente nem namora mais, mas ela deu em cima dele, sim. Na hora do recreio, ela chegou e subiu o short. Desci o short dela. Da�, ela disse que eu tinha de confiar no meu namorado, que, se ele gostasse de mim, n�o ia olhar. E continuou me provocando”.

O resultado da suposta provoca��o foi uma explos�o de f�ria. J�ssica voltou para a sala, mas prometeu acertar as contas com Lara na sa�da, como o fez. Descrita por algumas amigas como de esp�rito pac�fico, h� controv�rsias sobre o ar zen da mocinha de cabelos lisos, longos, e olhos claros. Alguns funcion�rios da escola a tacham “encrenquinha”. “Ela � bem espevitada. J� deu uns tapas em outros meninos”, conta uma professora, que preferiu n�o se identificar.

Ao lado da m�e, a comerciante Selma Nogueira, de 39 anos, ela assumiu o g�nio dif�cil. “Em Manhumirim, onde eu morava, me chamavam de ‘Menininha UFC’, porque eu brigava com os colegas. J� derrubei uns”, revela.

Quando a m�e toma a palavra, o ar valente vai embora. Selma, mulher de voz firme que acorda ainda de madrugada para preparar as refei��es do restaurante que comanda na entrada de Alto Jequitib�, conta que s� na reuni�o convocada pelo col�gio ficou sabendo do epis�dio, da repercuss�o e do namoro da filha com o piv� da discuss�o: Gustavo Amorim, de 17 anos, por quem a menina se encantou.

“No dia seguinte, ela foi proibida pela dire��o de entrar na escola sem a minha presen�a. Mas p�s a mochilinha nas costas, caladinha, e ficou na pracinha at� dar a hora de voltar para casa. S� fiquei por dentro de tudo quando me ligaram e me chamaram l�. Fiquei bem brava ao saber da briga e do namoro. Crian�a l� namora? Tratei de chamar o rapaz, a fam�lia e acabar com isso j�”, diz. Punida, J�ssica foi privada de usar a internet, as redes sociais e teve o telefone confiscado.

Sil�ncio na casa de Lara 

A reportagem do EM foi at� a casa de Lara T., nova musa da internet ap�s ensinar ao mundo que se pode divar em todos os momento da vida – at� mesmo depois de levar uma surra.

A garota mora a cerca de 12 Km de Alto Jequitib�, numa Zona Rural conhecida como Tavares. Foi a m�e da adolescente, Deuziana Tavares, quem nos recebeu. Lara chegou a caminhar at� o alpendre da casa ampla, onde, logo em frente, se v� um terreiro enorme, destinado a secar o caf� que a fam�lia planta. “Vai botar �gua no arroz pra mim, Lara”, despachou Deuziana, querendo impedir que a menina falasse conosco, ou fosse fotografada. Sem render muita conversa, disse n�o daria entrevistas, e entrou em casa.

O perfil de Lara, assim, s� p�de ser conhecido pelos que convivem com ela na cidade. As colegas de classe a descrevem como um tanto esnobe. “A Lara � muito metida, diz Carla Almeida, 15 anos. “S� porque � filha �nica, acha que � melhor que a gente. Fica querendo aparecer”, diz. Outra estudante, contudo, a defende. “Olha, � inveja desse povo. A Lara � bonita, rica e poderosa. Ela pode ser assim”, diz Ane Freitas, 15.

Pela cidade, algumas hist�rias envolvendo a mais nova celebridade instant�nea da web tamb�m s�o contadas. Numa das padarias do munic�pio, uma cliente que n�o quis se identificar conta que, ao ir ao dentista recentemente, Lara chegou divando logo na recep��o: “Tem vaga pra musa?, teria perguntado.


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