
Belo Horizonte encanta por suas muitas facetas. Quem vive, passa pela cidade ou se arrisca em versos para descrev�-la destaca como a metr�pole BH ainda pode surpreender por tra�os de uma vida pacata. Nos versos do Poema para Belo Horizonte, o poeta Wagner Merinje sintetiza: “Entre indas e vindas/te tornastes esbelta e elegante/ inconstante e desvairada/ conservadora e t�mida/burguesa e desprendida.” Na semana em que a capital mineira completar� 118 anos, o Estado de Minas conversou com moradores da cidade e ouviu de muitos deles que um dos encantos da cidade � justamente manter locais em que � poss�vel sair � tarde para namorar e tomar sorvete, como fizeram a advogada Lorena Maciel, de 28 anos, e o funcion�rio p�blico Pablo Henrique Mesquita, de 32; ou simplesmente encontrar na pra�a a amiga de juventude, caso da professora M�rian Paiva Borges, de 65.
Lorena e Pablo namoram h� seis anos e ainda mant�m h�bitos de casal no in�cio do namoro: v�o para a pra�a tomar sorvete, enquanto trocam confid�ncias. “Gosto muito de Belo Horizonte. Meus amigos e minha fam�lia est�o aqui”, diz Lorena. Aos domingos ela gosta de correr na orla da Lagoa da Pampulha. A paix�o do namorado � o Est�dio Independ�ncia, onde ele costuma ir para assistir aos jogos do Clube Atl�tico Mineiro. Pablo tamb�m gosta da cidade – apenas lamenta que n�o haja mais linhas do metr�. Como ele mora no Barreiro e ela no bairro Cidade Nova, um transporte p�blico mais amplo facilitaria os encontros. “Vou de carro, mas se tivesse uma linha de metr�, seria muito melhor.”
A Savassi � o lugar preferido da professora M�rian e foi o escolhido para ela reencontrar a amiga Maria Elisa depois de duas d�cadas sem se encontrar. “Trabalhamos juntas, durante um per�odo, mas depois perdemos o contato”, disse. M�rian nasceu em Ibi�, mas veio para BH em 1979. “Quando cheguei era dif�cil achar programas culturais. Mas agora est� cada vez melhor”, diz em refer�ncia �s atra��es culturais. Moradora do bairro Sagrada Fam�lia, na Regi�o Leste, ela gosta de ir at� a Pra�a da Savassi para espairecer. “� um lugar muito bonito e tranquilo”, diz.

Diversidade Na segunda que antecedeu o feriado do dia da padroeira Nossa Senhora da Boa Viagem, comemorado hoje, muitas pessoas tamb�m aproveitaram a tarde para passear no Mercado Central. “Como disse Ronaldo Fraga, Belo Horizonte � uma cidade onde a gente pode parar e ver o tempo passar”, afirmou o gerente de projetos Paulo Vinhal, de 50 anos. Na tarde de ontem, ela gastou o tempo pelos corredores do Mercado Central. “Gosto da diversidade. Aqui � um espa�o de compra e de lazer”, afirmou. Ela fez a visita mensal ao local � procura de alimentos frescos e saud�veis.
Adepto de uma vida mais saud�vel, outro ponto na cidade escolhido por Paulo � a Serra do Curral, por suas trilhas e a vista �mpar da capital. “Morei em v�rios lugares do Brasil por causa do trabalho, mas sempre algo me chama para BH.” Paulo morou em Linhares, Vit�ria, ambas no Esp�rito Santo, e S�o Paulo capital. Por sua vez, o funcion�rio p�blico Gabriel Xavier, de 24 anos, destaca o lado bo�mio da capital. “Quem quiser ir em bar por 24 horas ao dia vai encontrar. Voc� sai de um e cai no outro. Todos muito bons”, disse. O jovem gosta dos bares de Lourdes, na Regi�o Centro-sul, adora encontrar os amigos para bater papo e tomar cerveja.
Caminhar pelos corredores do mercado � uma atividade especial para a psic�loga Ana Paula Orsini, de 40. Ela frequenta o espa�o desde a inf�ncia, quando tinha idade menor do que a filha Carolina, de 5, com quem esteve no local na tarde de ontem. Ao passar em frente a uma loja, sentiu o cheiro do caf� torrado que a remete aos momentos com o pai, Rui Orsini, que morreu h� tr�s meses. “Ele gostava de comprar caf� torrado”, lembrou. Ontem, ela e a filha escolhiam ingredientes para uma salada que far� no jantar para acompanhar um peixe. “Adoro cozinhar e venho aqui para encontrar ingredientes frescos. Sempre que posso venho passear aqui.” Uma das coisas que ela mais gosta na capital mineira � o fato de ainda manter um ar de cidade pequeno, onde voc� pode encontrar as pessoas para poder conversar.