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Estado de Minas

Defesa contra v�rus zika vira desafio em Belo Horizonte

Sem esquema especial na rede p�blica ou testes de cont�gio, gestantes e mulheres que querem engravidar dependem de repelentes para fugir do v�rus que provoca a doen�a


postado em 17/12/2015 06:00 / atualizado em 17/12/2015 07:51

Grávida, Daniela Maia e o marido Wanderson tiveram que se contentar com repelente com menor tempo de ação para evitar risco do vírus(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Gr�vida, Daniela Maia e o marido Wanderson tiveram que se contentar com repelente com menor tempo de a��o para evitar risco do v�rus (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
O protocolo de Aten��o � Sa�de para Microcefalia lan�ado esta semana pelo Minist�rio da Sa�de far� pouca diferen�a em Belo Horizonte. Nenhum esquema especial para atendimento a gestantes est� sendo montado, nem tampouco para a realiza��o de testes de gravidez. Isso porque, segundo a Secretaria Municipal de Sa�de, todas as medidas j� s�o adotadas pelo munic�pio. Al�m disso, n�o houve aumento na demanda e – pelo menos por enquanto – n�o h� registros de que o v�rus zika, relacionado � ocorr�ncia de microcefalia em beb�s, esteja circulando na cidade. O que h�, segundo a secretaria, s�o casos isolados. J� a Secretaria de Estado de Sa�de disse que ainda vai analisar o protocolo.O grande problema, no entanto, � com rela��o � realiza��o de testes que detectem a presen�a do v�rus.

Segundo o m�dico infectologista da ger�ncia de assist�ncia da Secretaria Municipal de Sa�de, Alexandre Moura, � muito limitado o n�mero de testes disponibilizados pelo Minist�rio da Sa�de, por isso, atualmente os exames s� s�o realizados em pessoas que tenham hist�rico de viagem. Do contr�rio, diante da apresenta��o dos sintomas do zika, que s�o similares aos da dengue, o paciente � tratado como se estivesse com dengue. “Por enquanto, se a pessoa viajou para um local que tem o zika circulando e apresenta, principalmente, manchas no corpo, o exame � realizado. Se a pessoa n�o viajou, segue como dengue”, afirma.

Segundo ele, o resultado do teste demora de 15 a 20 dias e, enquanto isso, as a��es j� s�o adotadas tanto no que diz respeito ao tratamento, que n�o difere da dengue, com necessidade de bastante hidrata��o, como no combate ao vetor, com a intensifica��o de combate ao mosquito na regi�o onde a pessoa mora ou possivelmente foi picada.

No caso de gr�vidas que por ventura possam ter contra�do o v�rus, tamb�m n�o h� o que fazer, infelizmente, do ponto de vista de se evitar a malforma��o na crian�a. O que pode ser feitos s�o ultrassons para acusar a probabilidade de o beb� ter desenvolvido a microcefalia.

A médica Ana Carolina pretende engravidar e não encontrou o produto desejado para se proteger do zika(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
A m�dica Ana Carolina pretende engravidar e n�o encontrou o produto desejado para se proteger do zika (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
VACINA NATURAL Ao contr�rio do que muitos temem, a mulher que tenha contra�do o v�rus zika, passado o tempo de cont�gio (cerca de sete dias), pode engravidar, sem risco para o beb�. Ali�s, essa seria a melhor das situa��es j� que depois de ter o zika, a pessoa se torna imune a ele. Ou seja, a doen�a serve como uma vacina natural. O problema, novamente, esbarra nos testes de detec��o do v�rus. Segundo Alexandre Moura, n�o existem ainda testes que comprovem, ap�s passado o per�odo de incuba��o, que a pessoa tenha tido o v�rus. “De fato, funciona como uma vacina. O problema � comprovar se a pessoa j� teve mesmo o zika. Pode-se achar que foi e ter sido dengue”, observa.

Produto j� est� em falta em BH

Nas ruas de Belo Horizonte, a busca pelos repelentes do mosquito Aedes aegypti zerou os estoques das farm�cias e est� deixando gr�vidas preocupadas, por conta da rela��o j� confirmada pelo Minist�rio da Sa�de entre o zika v�rus e a microcefalia. Em uma drogaria na Rua Domingos Vieira, na regi�o hospitalar da capital, o movimento de gr�vidas � constante, � procura pelo repelente Exposis, produto feito com a subst�ncia icaridina, cujo tempo de a��o chega a 10 horas e � o mais indicado pelos m�dicos. “Temos seis fornecedores e todos est�o zerados. N�o h� nenhuma previs�o de reposi��o, j� que o aumento no consumo foi exponencial. � o mais indicado porque as pessoas usam menos e, consequentemente, se exp�em menos ao risco de intoxica��o”, afirma o farmac�utico Eduardo Luiz Leopoldino, enquanto mostra outra op��o de repelente � contadora Daniela Maia Ribeiro, de 35 anos, gr�vida de seis meses, e ao marido de Daniela, o economista Wanderson de Castro Pinto, 38.

O casal � de Par� de Minas, na Regi�o Central do estado, e est� muito preocupado com a circula��o do Aedes aegypti, principalmente porque a cidade lidera o ranking dos munic�pios do Sudeste do Brasil com maior �ndice de infesta��o do mosquito (6,9%). Isso significa que a cada 100 im�veis, 6,9 t�m criat�rios do inseto, o que configura situa��o de risco de surto de dengue, febre chikungunya e zika v�rus, as tr�s doen�as transmitidas por ele. Eles conseguiram um frasco do repelente mais indicado na cidade, mas era o �ltimo da farm�cia. Em BH, n�o encontraram e acabaram levando uma outra op��o, baseada na subst�ncia Deet, cujo tempo de a��o varia entre duas e quatro horas no corpo.

“A gente ficou muito preocupado por conta da divulga��o do surto de microcefalia e da rela��o com o zika v�rus. Principalmente porque, em Par� de Minas, n�o estamos vendo muita mobiliza��o para combater o mosquito. O jeito � levar esse para n�o ficar completamente desprotegida”, afirma Daniela. Wanderson lembra que a cidade viveu muitos problemas de falta de �gua, o que motivou a popula��o a estocar grandes quantidades. “Isso pode ter causado o aumento da quantidade de mosquitos”, diz Wanderson. J� a m�dica Ana Carolina Duarte Couto, de 35, que pretende ficar gr�vida em breve, preferiu n�o levar a op��o com tempo de prote��o menor. Ela procurava o primeiro repelente. “N�o estou encontrando em lugar nenhum. Eu consegui um frasco, mas ele vai acabar em algum momento e vou precisar de outro. Meu objetivo � passar toda a gravidez protegida”, afirma.

Enquanto a maioria das gr�vidas se preocupa com a possibilidade de serem picadas pelo Aedes aegypti e os beb�s desenvolverem microcefalia, h� exemplos em Belo Horizonte de mulheres que n�o acreditam nessa possibilidade. A manicure e cabeleireira Emilene Rodrigues de Souza, 38, diz que o surto ococrreu no Nordeste. “Em Belo Horizonte j� houve caso descartado e o meu m�dico tamb�m n�o me deu nenhuma orienta��o nesse sentido. Estou com quatro meses e n�o acho que vou ter nenhum problema, at� porque tenho visto que o risco maior se d� nas gr�vidas que ainda n�o chegaram aos tr�s meses”, afirma.

"O risco real e que deve ser combatido � o mosquito", alerta m�dico

Alexandre Moura, m�dico infectologista da Secretaria Municipal de Sa�de

Existem outras formas de se contrair o v�rus zika?

A quest�o � o mosquito Aedes aegypti. Existem rar�ssimos casos de transmiss�o por transfus�o de sangue ou rela��o sexual. Mas isso � o que chamamos de risco te�rico. O risco real e que deve ser combatido � o mosquito.

Qual o risco de aumento de circula��o do v�rus durante as festas de fim de ano?

No ver�o, normalmente o vetor � mais abundante. O risco sobe em fun��o da maior circula��o do Aedes. Ele sempre esteve em BH. Mas o risco do zika n�o tem como prever. � preciso que a pessoa chegue de viagem, seja picada e isso se sustente. Ent�o se for o caso de uma epidemia, isso ser� l� para fevereiro ou mar�o.

Al�m do combate ao mosquito, h� outros cuidados?

Basicamente, evitar locais onde est�o sendo registrados mais casos. Mas a solu��o � mesmo buscar eliminar os focos do mosquito e evitar o contato com o inseto at� por causa da dengue. N�o podemos nos esquecer da dengue. Em BH, n�o h� locais espec�ficos at� porque esse mosquito � muito domiciliado. Ent�o n�o adianta dizer para evitar parques, por exemplo. Pois ele est� dentro das casas. E n�o tem uma regi�o a ser evitada. O mosquito est� espalhado pela cidade toda. Em BH, o risco maior � de dengue e mais de 80% dos focos est�o dentro das casas. Outro cuidado � usar roupas que deixem menos �reas do corpo expostas e considerar o uso do repelente. Mesmo assim, n�o � completamente eficaz, pois pode deixar uma ou outra �rea do corpo exposta.

Em BH j� est�o faltando repelentes nas farm�cias. � de conhecimento da secretaria?

J� ouvi coment�rios sim. O governo federal, inclusive, est� com planos de refor�ar a produ��o na f�brica do Ex�rcito. Mas � uma quest�o de oferta e demanda.

Mosquiteiros resolvem?

Esse � um mosquito de h�bitos mais diurnos. Ele n�o pica � noite. Normalmente atua at� o crep�sculo. Por isso tamb�m o uso de mosquiteiros � noite � pouco eficaz.

Dizem que tamb�m � um mosquito que n�o vou alto. Isso procede?

Sim. Por isso pica mais as pernas. Ele n�o sobe voando a um apartamento. Mas h� o risco de subir de elevador.


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