Dois meses depois do estouro da Barragem do Fund�o, em Mariana, muitas perguntas continuam � espera de respostas do poder p�blico, da Samarco e de suas controladoras – a brasileira Vale e a anglo-australiana BHP Billiton. O maior mist�rio, as causas do vazamento dos 55 milh�es de metros c�bicos de rejeitos de min�rio, continua sem esclarecimento. Ontem, o delegado Rodrigo Bustamante adiantou que dever� pedir � Justi�a novo prazo para concluir o inqu�rito.
“Vence em 9 de janeiro. Aguardo laudos e, possivelmente, pedirei nova prorroga��o”, disse o policial. A primeira extens�o de data ocorreu em 4 de dezembro. Paralelamente � investiga��o da Civil, a Samarco e suas acionistas contrataram a empresa norte-americana Cleary Gottlieb Steen & Hamilton LLP para apurar os motivos do estouro da barragem. A propriet�ria da Barragem do Fund�o informou que “em fun��o da complexidade do acidente”, a expectativa � de que “os laudos conclusivos sejam poss�veis dentro de seis meses a um ano”.
Ap�s dois meses, um plano de recupera��o da natureza ainda n�o foi apresentado. Para Leonardo Deptulski, presidente do Comit� da Bacia Hidrogr�fica do Rio Doce (CBH-Doce) e prefeito de Colatina (ES), cidade de 120 mil habitantes que teve o abastecimento de �gua comprometido pelo tsunami de lama, a mineradora “j� deveria ter apresentado propostas”.

A companhia informou que iniciou a��es emergenciais, como as obras de constru��o de diques nas proximidades da Fund�o. “As estruturas v�o conter os sedimentos, liberando a �gua mais limpa e tamb�m servir�o para barrar o material s�lido, evitando que as chuvas levem sedimentos para o Rio Gualaxo”, informou.
O presidente do CBH-Doce calcula que a recupera��o de parte da calha do Rio Doce levar� at� 20 anos e alerta que a revitaliza��o depende muito de parte do dep�sito de R$ 2 bilh�es que a Justi�a Federal exigiu da Samarco, em dezembro, para financiar os reparos socioambientais. A empresa informou que “est� analisando o documento e responder� � Justi�a no prazo determinado”.
Moradores cobram a constru��o de casas para sobreviventes. “O lugar do novo Bento j� deveria ter sido decidido”, defende Marinalva Salgado, de 43 anos, que perdeu a casa e hoje vive em im�vel alugado pela Samarco.
A �rea em que o lugarejo ser� reconstru�do come�a a ser definida hoje. Grupo composto por desalojados e representantes do poder p�blico v�o definir o processo de reconstru��o da comunidade. Para isso, a mineradora contratou a Environmental Resources Management (ERM), uma multinacional brit�nica.“� um programa que precisa de di�logo e participa��o social e depende da constru��o conjunta com as comunidades”, disse o coordenador de desenvolvimento socioinstitucional, Estanislau Klein.
LICEN�A AMBIENTAL O promotor Felipe Faria, do n�cleo de resolu��o de conflitos ambientais do Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG), informou que o inqu�rito que apura o licenciamento ambiental encontrou “equ�vocos” na autoriza��o para explora��o da mina do Fund�o. Ele preferiu n�o adiantar o n�mero e quais s�o esses equ�vocos.
Apoio � inf�ncia
Um total de R$ 1.016.880,00 em doa��es ser� dividido igualmente entre as crian�as de �reas atingidas pela lama de rejeitos que vazou da Barragem do Fund�o. O destino dos recursos – que ser� detalhado na segunda-feira – foi definido ontem pelo conselho criado para administrar o dinheiro. Ficou acertada ainda a realiza��o de um leil�o em Belo Horizonte, no m�s que vem, para arrecadar fundos que poder�o ser acessados por meninos e meninas quando completarem 18 anos. Entre os atrativos est�o um agasalho esportivo doado pelo ex-jogador de futebol Zico e um rel�gio do apresentador Faust�o.