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Estado de Minas

Universit�rio morto no Par� era esperado para comemorar anivers�rio do av� em MG

Estudante mineiro � brutalmente assassinado em praia do Par� e pol�cia acredita em latroc�nio. Em Pedro Leopoldo, o pai, o av� e o irm�o lembram que ele era muito ligado � natureza.


postado em 13/01/2016 06:00 / atualizado em 13/01/2016 07:30

O avô de Gabriel Cortez, Edson; o pai, José Luiz; e o irmão, Marco Túlio, reveem no tablet fotos do jovem, que fazia estágio no Pará e
O av� de Gabriel Cortez, Edson; o pai, Jos� Luiz; e o irm�o, Marco T�lio, reveem no tablet fotos do jovem, que fazia est�gio no Par� e "era muito ligado � natureza" (foto: Cristina Horta/EM/DA Press)

Pedro Leopoldo –
O pr�ximo dia 23 seria de festa na casa do empres�rio Edson Jorge, todo entusiasmado para comemorar o anivers�rio de 87 anos e reunir a numerosa fam�lia na casa em Pedro Leopoldo, na Grande BH. Um dos convidados mais esperados era o neto Gabriel Jos� Jorge Cortez, de 26, estudante de agroecologia em viagem ao Par�, a quem o av� se refere carinhosamente como Biel. No entanto, para dor e tristeza de Edson, o jovem n�o estar� presente – a n�o ser na saudade e belas lembran�as. No s�bado, ele foi brutalmente assassinado com um tiro nas costas e o corpo encontrado na regi�o conhecida como Praia da Xacar�, �s margens do Rio Xingu, em Porto de Moz, no Par�.


A Pol�cia Civil trabalha com pelo menos uma hip�tese para a morte de Gabriel, que cumpria est�gio havia tr�s meses, com respaldo escolar, na Cooperativa de Produtos Org�nicos de Xingu, em Altamira. Residente em Divin�polis, na Regi�o Centro-Oeste do estado, o estudante estava perto de concluir o curso no Instituto Federal de Educa��o, Ci�ncia e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, em Rio Pomba, na Zona da Mata. O enterro ser� hoje, �s 11h, no cemit�rio de Pedro Leopoldo, cidade onde residem muitos familiares do rapaz descrito como “sereno, dedicado aos estudos e muito ligado � natureza”.

Segundo as investiga��es, Gabriel estava a passeio em Porto de Moz, onde chegara no s�bado. De acordo com o delegado Mhoab Khayan Azevedo Lima, � frente do caso, o estudante pode ter sido v�tima de latroc�nio – roubo seguido de morte –, pois o telefone celular e a carteira dele foram levados. O policial explicou que algumas pessoas est�o sendo investigadas e a Justi�a autorizou o cumprimento de mandados de busca e apreens�o. O delegado, por�m, preferiu n�o divulgar os nomes dos suspeitos, acrescentando que algumas testemunhas prestaram depoimento.

“Os primeiros levantamentos indicam que o universit�rio foi atacado, quando preparava o jantar. Ele levou um tiro nas costas e o corpo dele estava com cortes no pesco�o e nos ombros”, informou Lima. Pescadores da regi�o encontraram o corpo e avisaram � Pol�cia Militar.

Ao rever na tela do tablet as fotos do jovem alto, de 1,84m, Edson se comove. E conta que no dia 2 conversou com o neto, pelo telefone, lembrou sobre a comemora��o dos 87 anos e pediu para ele vir embora logo: “Vem para c�, n�o fica a� nesse lugar n�o.” Em resposta, Gabriel disse que viria para o anivers�rio, seguindo antes para Macap� e depois para Cuiab�.  “Mas no s�bado ficamos sabendo sobre o que ocorreu”, recorda o empres�rio.

EQUIL�BRIO Na sala da casa, o empres�rio conhecido na cidade por ser propriet�rio do Cine Maraj�, que completar� seis d�cadas em 15 de mar�o – “sou o mais velho dono de um cinema em atividade no pa�s”, orgulha-se – une-se ao genro Jos� Luiz Tavares Cortez, de 58, engenheiro qu�mico, e ao neto Marco T�lio, de 25, que cursa licenciatura em ci�ncia biol�gicas na Universidade Federal de Lavras (Ufla). “Estou transtornado. N�o estou suportando. Jesus � quem est� me carregando”, afirma o pai de Gabriel, ainda se refazendo da perda da mulher Bernadete, de 56, h� pouco mais de um ano, que era psic�loga e dedicada � educa��o de excepcionais em Divin�polis.

Sem esconder as l�grimas em alguns momentos, Jos� Luiz n�o quer saber de muitos detalhes sobre o violento assassinato do filho. Mas revela que viu a foto do filho morto e se assustou. “Ele foi degolado”, explica. Ao se lembrar de Gabriel, o pai diz que era uma “alma muito especial”, uma pessoa “em equil�brio e harmonia com as coisas assentadas naturalmente”.

SERENO Budista, Gabriel ficou 10 dias num mosteiro em completo sil�ncio, “rezava na hora de comer”, e preferiu estudar agroecologia em vez de agronomia. “Era contra monocultura e o uso de agrot�xicos nas lavouras”, complementa o irm�o Marco T�lio. O terceiro filho, o mais velho, chama-se Mateus.

A gatinha Meleca, de Edson Jorge e de Mar�lia de Dirceu, casados h� 61 anos, sobe na mesa e distrai por uns segundos a fam�lia. Mas as hist�rias voltam � tona. “Ele viajou de bicicleta, num percurso de 1,4 mil quil�metros. Era sereno e intenso”, conta Marco T�lio, palavras que soam como homenagem ao irm�o querido.

Gabriel José Jorge Cortez, de 26 anos, que fazia estágio em Altamira, levou um tiro nas costas(foto: Facebook/Reprodução)
Gabriel Jos� Jorge Cortez, de 26 anos, que fazia est�gio em Altamira, levou um tiro nas costas (foto: Facebook/Reprodu��o)

Post ajudou a encontrar parentes

Prima da m�e de Gabriel Cortez, Patr�cia Rafael Perdig�o descreveu o jovem como uma pessoa tranquila e amante da natureza. Secret�ria Municipal de Cultura, Esporte, Lazer, Juventude e Turismo de Pedro Leopoldo, Patr�cia foi a primeira da fam�lia a receber a not�cia da morte do jovem depois de uma postagem numa rede social. Uma professora residente em Porto de Moz divulgou fotos do universit�rio para ajudar na identifica��o dele e na localiza��o da fam�lia.

Patr�cia contou que Gabriel correu risco de ser enterrado como indigente e a professora guardou o corpo at� o in�cio da manh� de domingo, quando a funer�ria chegou � cidade. A fam�lia, ent�o, providenciou os tr�mites para o translado do corpo. “Somos muito agradecidos � professora, ao delegado e aos advogados que ajudaram l� no Par�”, diz Edson Jorge, o av�.

No post, a professora escreveu: “Quero agradecer a todos que entraram comigo na campanha para encontrar a fam�lia do Gabriel Cortez. Gra�as a isso, localizamos parentes e amigos deste jovem que, de forma tr�gica, perdeu a vida. Ontem lament�vamos sobre as pessoas que dormiam em suas casas e foram assassinadas em Altamira. Hoje, aqui em Porto de Moz, no final da praia, � triste; e n�o existe quem consiga segurar as pessoas de mau-car�ter, ruins, cru�is, que est�o em toda parte. Pedimos a Deus que console o cora��o dos parentes dessas pessoas que perderam de forma t�o cruel os entes queridos”.

"Foi um ato de covardia"

Jos� Luiz Tavares Cortez, engenheiro qu�mico, pai de Gabriel Cortez, morto no Par�, n�o esconde a dor ao perder o filho. Para ele, o jovem, que praticava o budismo, era equilibrado e o surpreendia sempre.


O senhor est� acompanhando o caso?
N�o quero saber os detalhes. Foi um ato de covardia, matar pelas costas, depois degolar. Vi umas fotos feitas logo depois do crime, e n�o reconheci meu filho. Estava com o rosto modificado, indicando muito sofrimento antes de morrer.

Como o senhor descreve o Gabriel?

Era a serenidade em pessoa, �s vezes n�o conseguia entender a sua natureza, pois era calado. Um dia matei um mosquito na frente dele. Ele perguntou de imediato: “� seu? Voc� que o ensinou a voar? Pode matar? Tudo o que � de Deus tem que ser respeitado”. Era muito equilibrado, budista, meditava. Nos surpreendia sempre.

Como ter for�as para enfrentar?
Perten�o a Jesus. N�o estou suportando, pois Gabriel era uma alma especial. Jesus est� me carregando. Vi umas fotografias que ele mandou do Par� e n�o gostei. Pelo seu semblante, vi que estava perdendo a serenidade.


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