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Estado de Minas

Desastre em Mariana � o maior acidente mundial com barragens em 100 anos

Apenas cinco acidentes com barragens de rejeitos excederam 10 milh�es de m� de lan�amentos, at� hoje, em todo o mundo


postado em 15/01/2016 12:01 / atualizado em 15/01/2016 12:21

Ver galeria . 5 Fotos Há poucos sinais de vida em Bento Rodrigues quase dois meses após a tragédiaJair Amaral/EM/D.A Press
H� poucos sinais de vida em Bento Rodrigues quase dois meses ap�s a trag�dia (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press )

O rompimento da barragem de rejeitos da Samarco em novembro de 2015 - que destruiu o distrito mineiro de Bento Rodrigues - � o maior desastre do g�nero da hist�ria mundial nos �ltimos 100 anos. Se for considerado o volume de rejeitos despejados - 50 a 60 milh�es de metros c�bicos (m³) - o acidente em Mariana (MG) equivale, praticamente, � soma dos outros dois maiores acontecimentos do tipo j� registrados no mundo - ambos nas Filipinas, um em 1982, com 28 milh�es de m³; e outro em 1992, com 32,2 milh�es de m³ de lama. Os dados est�o presentes em estudo da Bowker Associates - consultoria de gest�o de riscos relativos � constru��o pesada, nos Estados Unidos - em parceria com o geofisico David Chambers.

Apenas cinco acidentes com barragens de rejeitos excederam 10 milh�es de m³ de lan�amentos, at� hoje, em todo o mundo.


Mas n�o � apenas nessa m�trica (volume de rejeitos) que a trag�dia mineira sai negativamente na frente. Em termos de dist�ncia percorrida pelos rejeitos de minera��o, a lama vazada da Samarco quebra outro recorde. S�o 600 quil�metros (km) de trajeto seguidos pelo material, at� o momento. No hist�rico deste tipo de acidente, em segundo lugar aparece um registro ocorrido na Bol�via, em 1996, com metade da dist�ncia do trajeto da lama, 300 quil�metros.


O ineditismo num�rico continua em um terceiro quesito: o custo. O investimento necess�rio para reposi��o das perdas ocasionadas pelo desastre, no caso brasileiro, est� or�ado pela consultoria norte-americana em US$ 5,2 bilh�es at� o momento. O maior valor contabilizado com a mesma finalidade, ap�s os anos 1990, foi de um acidente com perdas pr�ximas a US$ 1 bilh�o, na China. "Essas avalia��es n�o levam em considera��o a 'limpeza' das �reas afetadas, nem a 'corre��o' de danos diversos os quais os reparos podem n�o ser economicamente vi�veis ou tecnicamente realiz�veis", acrescenta o estudo da consultoria norte-americana.

"Embora os n�meros exatos permane�am um pouco distorcidos, a diferen�a de magnitude em rela��o a cat�strofes passadas torna inequivocamente claro que o caso da Samarco � o pior registrado na hist�ria sobre essas tr�s medidas de gravidade", pontua Lindsay Newland Bowker, coordenadora da Bowker Associates. O estudo registra, de 1915 a 2015, um total de 129 eventos com barragens - de 269 conhecidos - e projeta, em m�dia, um acidente grave por ano no per�odo de uma d�cada.

At� 2015, foram registrados 70 eventos "muito graves" com barragens em todo o mundo. A classifica��o leva em conta o fato de esses acidentes terem ocasionado o vazamento de, no m�nimo, 1 milh�o de metros c�bicos de rejeitos, cada. De acordo com a pesquisa, enquanto na d�cada que se encerra em 1965 havia sido contabilizado 6 milh�es de m³ vazados em desabamentos de barragens, na d�cada que termina em 2015, esse n�mero saltou para 107 milh�es de m³.

O estudo prev� que a d�cada que se encerrar� em 2025 registre 123 milh�es de m³ de vazamentos de barragens de rejeitos. Em termos de quilometragem, tamb�m � registrada a tend�ncia de crescimento. Na primeira d�cada pesquisada, eram 126,7 quil�metros tomados por lama de rejeitos. Na �ltima d�cada, foram 722,2 quil�metros totais, j� incluindo a falha da Samarco. A expectativa para os dez anos que se encerram em 2025 � de 723,5 km.

"Todas as cat�strofes na minera��o s�o ocasionadas por erro humano e falhas ao n�o se seguir as melhores pr�ticas estabelecidas, o melhor conhecimento, a melhor ci�ncia", pondera Lindsay.


A consultora complementa que os acidentes s�o, tamb�m, "falhas dos parceiros p�blicos"."Uma das preocupa��es � que o Brasil permite a utiliza��o de barragens � montante, o m�todo menos est�vel de constru��o, com barragens grandes. Trata-se de um desvio aos conhecimentos e pr�ticas globalmente aceitas", explica. "No caso espec�fico da Samarco, essa instabilidade inerente foi exacerbada por uma taxa de deposi��o de rejeitos e uma taxa de aumento na barragem muito superiores aos melhores padr�es globais", complementa Lindsay.

O estudo lembra, ainda, outro acidente ocorrido com barragens no Brasil, em setembro de 2014, em Itabirito, tamb�m no estado de Minas Gerais. A Herculano Minera��o � a respons�vel pela obra. Na ocasi�o, dois trabalhadores morreram e um desapareceu.

"As falhas da Samarco e da Herculano s�o apenas os dois exemplos mais recentes de um Estado que tem falhado na pol�tica nacional de minera��o. Nenhuma a��o foi tomada pelo governo em n�vel estadual ou federal para a identificar quais foram os problemas e evitar a sua manifesta��o com novas falhas repentinas", conclui Lindsay.

Esta semana, o subsecret�rio de Regulariza��o Ambiental da Secretaria de Meio Ambiente de Minas Gerais, Geraldo V�tor de Abreu, em depoimento � comiss�o da Assembleia Legislativa do Estado que investiga o desastre da barragem de Mariana, afirmou que Minas Gerais quer proibir o sistema de alteamento de barragens � montante na unidade da Federa��o. Procurada pela Ag�ncia Brasil, a empresa Samarco n�o se manifestou, at� o momento, sobre os dados apresentados pelo estudo da Bowker Associates.


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