Um deslizamento de terra na �rea da mineradora Min�rios Ita�na (Minerita) em Mateus Leme, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, chamou a aten��o para o aumento do risco de acidentes relacionados �s atividades miner�rias em Minas Gerais em fun��o das chuvas. Segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent�vel (Semad), uma encosta natural de um terreno de propriedade da empresa cedeu e houve um pequeno deslizamento de terra. A Pol�cia Militar do Meio Ambiente afirma que a encosta atingida fazia parte de uma cava de minera��o, que est� ativa. Ningu�m ficou ferido e at� ontem nenhum dano ambiental havia sido contabilizado. A Semad disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que hoje de manh� ser� enviada uma equipe do N�cleo de Emerg�ncia Ambiental at� o local para ter certeza da situa��o e verificar se h� algum impacto. A Copasa afirmou que n�o houve nenhum problema com o reservat�rio Serra Azul, uma das tr�s represas do Sistema Paraopeba, e tamb�m com o Ribeir�o Serra Azul, de onde chega a �gua que � represada para abastecer parte da Grande BH.
O capit�o S�rgio Rodrigues Dias, subcomandante da Companhia de Pol�cia Militar do Meio Ambiente de Belo Horizonte, esteve no local e visitou tamb�m uma casa a cerca de tr�s quil�metros do local do deslizamento, onde havia lama no muro, no quintal e na piscina. O dono do im�vel, o aposentado Rog�rio Souza Magalh�es, de 61 anos, se assustou com a lama (veja texto nesta p�gina), mas ainda n�o foi confirmado se ela � proveniente do terreno da mineradora. “Ainda n�o d� para saber se h� rela��o entre os dois eventos. Vamos fazer uma visita��o completa amanh� (hoje) com sobrevoo se as condi��es clim�ticas favorecerem.
Em outra propriedade, acima dessa casa, encontrei uma concentra��o maior de pequenos galhos, perto da porteira de outro im�vel”, afirma o policial. Morador dessa propriedade, o floricultor Apar�cio Casemiro Silva, de 50 anos, diz que uma avalanche de lama “inundou tudo”, logo depois de ter ouvido um estrondo na dire��o da mineradora. O capit�o lembra que o aumento s�bito de algum c�rrego que passa na regi�o tamb�m pode ter causado os problemas e indicou que a presen�a de um dique de seguran�a no local onde houve o deslizamento poderia ter evitado o escorregamento. A empresa diz que pretende recompor a encosta e evitar que mais material des�a, mas precisa aguardar um per�odo de estiagem para viabilizar o plano. � noite, o prefeito da cidade, Marlon Guimar�es, confirmou as informa��es dadas pelo capit�o.
A �poca de chuva � a mais perigosa para as �reas de minera��o, especialmente para as barragens de conten��o de rejeitos. Segundo o professor do Departamento de Engenharia de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e doutor em gerenciamento ambiental, Hernani Mota de Lima, o volume de �gua pode causar uma desestabiliza��o nas estruturas de concreto. Por isso mesmo, orienta, drenos e vertedouros dos empreendimentos devem estar funcionando perfeitamente “e a todo o vapor”. Na tarde de ontem, ao saber, pelo Estado de Minas, a respeito do ocorrido na mineradora Minerita, dois meses e meio depois da trag�dia da Samarco em Mariana, o professor se assustou e, de imediato, perguntou se havia v�timas.
Para enfrentar o per�odo chuvoso, explica Hernani, as mineradoras precisam de um monitoramento constante. “Nesse tempo, � comum haver rupturas localizadas, devido ao volume de �gua de chuva. Mas, antes de tudo, � necess�rio um plano de a��o para evitar problemas graves, como um rompimento da barragem de rejeitos”, diz o especialista. J� o engenheiro de minas e metalurgia e consultor Jos� Mendo Mizael de Souza cita Leonardo da Vinci (1452-1519) para explicar esse per�odo: “Se tens que lidar com �gua, consulta primeiro a experi�ncia, depois a raz�o”. Com larga experi�ncia no setor em Minas, ele diz que o fundamental para evitar qualquer tipo de problema � fazer um bom planejamento e acompanhamento permanente. E conclui: a produ��o mineral a c�u aberto se torna mais f�cil do que sob chuva. (Colaborou Landercy Hemerson)