A batida de ontem ocorreu por volta das 7h. O motorista do caminh�o Manoel Elson Santana, de 32 anos, bateu em uma van e em outros dois carros no km 23, altura do Bairro Bet�nia. Os dois ocupantes da van, Alexssandro Evangelista Pinto, de 39, e Fabiano Melo da Luz, de 28, ficaram presos �s ferragens e morreram no local. “O motorista (do caminh�o) diz que perdeu o freio, desviou de v�rios ve�culos e foi a carroceria que bateu na van”, explica o sargento Ederson Macedo, da Pol�cia Militar Rodovi�ria (PMRv). Ele seguia com uma carga de cal de Ouro Preto para S�o Paulo. Era a primeira vez que passava pelo Anel Rodovi�rio. Maonel foi levado para a Delegacia Especializada em Acidentes de Ve�culos (Deav), onde foi ouvido e liberado. Hoje, ele volta a prestar depoimento. O condutor passou por exame de baf�metro e n�o foi constatado consumo de bebida alco�lica.
De acordo com a PMRv, em 2015, 25 pessoas morreram em acidentes no Anel Rodovi�rio, sendo uma delas na descida do Bet�nia, oito vidas a menos do que as 33 mortes de 2014. As batidas ca�ram de 2.553 para 1.646, queda de 35% nas colis�es. Mesmo assim, o professor Guilherme Leiva, coordenador do curso de engenharia de transportes do Cefet/MG, acredita que uma reforma estrutural na rodovia pode ajudar a reduzir esses n�meros. “O principal problema do Anel � a mistura do tr�fego rodovi�rio com o urbano. O projeto precisa entender essas diferen�as”, afirma.
O tenente-coronel Ledwan Cotta, comandante do Batalh�o de Pol�cia Militar Rodovi�ria (BPMRv), admite que as condi��es do Anel Rodovi�rio, especialmente na descida do Bet�nia, favorecem as batidas violentas. “H� uma necessidade de interven��o de engenharia urgente”, diz.
OBRAS Nas gest�es p�blicas do estado e da Uni�o entre 2010 e 2014, o debate em torno da obra do Anel ganhou for�a. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) chegou a um entendimento com o Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER/MG) de que o estado tocaria o processo de projetos e obras com recursos da Uni�o. O estado desenvolveu um projeto para tr�s trechos considerados prioridade, que n�o inclu�am a descida do Bet�nia. A Secretaria de Estado de Transportes e Obras P�blicas (Setop) chegou a afirmar que se tocasse a obra na modalidade de licita��o pretendida pelo Dnit, o Regime Diferenciado de Contrata��o Integrada (RDCI), poderia incorrer em improbidade administrativa, o que esfriou os trabalhos. O Dnit, ent�o, levou a reforma para Bras�lia.
Entrevista - 'Se pegasse em mim, j� era'
O motorista da picape Fiat Strada Augusto Ferreira trafegava pelo Anel Rodovi�rio no momento do acidente. Ele conta ao EM como foi a trag�dia.
O senhor viu o caminh�o batendo na van?
N�o vi muita coisa. S� ouvi o estrondo, um barulho muito alto, e depois o caminh�o passou por mim e bateu.
O senhor tem o costume de passar pelo Anel Rodovi�rio?
Sempre passo, mas � a primeira vez que envolvo em acidente. Ando devagar e n�o passo dos 60 quil�metros. Aqui � perigoso.
O que diz depois de sair ileso do desastre?
Voc� ver um caminh�o daquele passar por voc� e bater na mureta como ele bateu... Se pegasse em mim, j� era. Nasci outra vez.
Como ficou?
Condutor de carreta vai a j�ri popular

A per�cia da Pol�cia Civil apontou que ele estava a 115km/h, em um per�metro que hoje � regulamentado para 60km/h. A velocidade foi suficiente para arrastar 14 ve�culos antes de atingir um caminh�o-ba�. Entre os mortos, estava a pequena Ana Fl�via Gibosky, de 2 anos. Doze pessoas ficaram feridas.
A prima de Ana, Laura Gibosky, � �poca com 4 anos, ficou 159 dias internada antes de receber alta e hoje vive com sequelas. “Uma certeza que a gente tem � que mais pessoas v�o morrer ali. N�o sabemos quem vai ser e nem quando. Pode ser, mais uma vez, algu�m da minha fam�lia ou voc�. � uma neglig�ncia muito grande com a vida das pessoas saber que aquele lugar � um ponto cr�tico recorrente e n�o fazer nada. Por que a vida vale t�o pouco para o estado?”, questiona Poliana Gibosky, tia de Laura e Ana Fl�via.