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Estado de Minas

PM descarta uso de "caveir�es" no Aglomerado da Serra, mesmo depois de tiros em viaturas

Pol�cia fica no aglomerado durante todo o dia pela primeira vez. Briga de traficantes mant�m popula��o sem servi�os p�blicos


postado em 03/02/2016 06:00 / atualizado em 03/02/2016 14:21

Policiais militares ocupam a Praça do Cardoso, um dos pontos emblemáticos do Aglomerado da Serra: PM muda estratégia para identificar novos suspeitos e vigilância agora não será feita apenas à noite(foto: Túlio Santos/EM/DA Press)
Policiais militares ocupam a Pra�a do Cardoso, um dos pontos emblem�ticos do Aglomerado da Serra: PM muda estrat�gia para identificar novos suspeitos e vigil�ncia agora n�o ser� feita apenas � noite (foto: T�lio Santos/EM/DA Press)

O fogo cruzado da guerra entre traficantes no Aglomerado da Serra, na Regi�o Centro-Sul de BH, j� resultou em duas viaturas policiais cravejadas de balas e policiais sob o risco da morte. Mas os dois ve�culos blindados do tipo “caveir�o”, que custaram � Pol�cia Militar R$ 1,4 milh�o h� seis anos e poderiam proteger os militares, n�o est�o nos planos do comando da corpora��o para entrar na Serra. Ontem, a PM ocupou o complexo de favelas pela primeira vez durante todo o dia, desde que os confrontos entre traficantes come�aram, em 6 de janeiro. Apesar do poder dos ve�culos blindados, que s�o capazes de romper vielas bloqueadas por barricadas e resistem a disparos de metralhadoras antia�reas calibre .30, eles s� sa�ram para enfrentar o crime organizado uma vez a cada cinco meses desde que foram adquiridos. H� quase um m�s, a popula��o � ref�m da viol�ncia.


Apesar de os habitantes da Serra estarem sob o fogo cerrado dos traficantes, a op��o do comando foi de n�o usar os dois blindados similares aos “caveir�es” do Batalh�o de Opera��es Policiais Especiais (Bope) do Rio de Janeiro. Isso mesmo depois de o pr�prio Comando do Policiamento Especilaizado (CPE), que gerencia essas unidades, ter declarado � reportagem que “a principal fun��o (dos caveir�es) � a atua��o em situa��es de controle de dist�rbios, na imin�ncia ou por ocasi�o da ruptura da ordem p�blica, e para seu reestabelecimento”.

Os dois ve�culos t�m capacidade para transportar 14 militares, com esta��es de tiro, torre para disparos de bombas de efeito moral, g�s lacrimog�nio e jatos de �gua. Um est� estacionado nas novas instala��es do Grupo de A��es T�ticas Especiais (Gate), no Bairro Santa Am�lia, Regi�o da Pampulha. De acordo com o CPE, foi utilizado, at� o dia 22 de outubro do ano passado, em 14 incurs�es em aglomerados urbanos e em outras nove ocorr�ncias. J� o blindado que pertence ao Batalh�o de Choque participou de 21 incurs�es a aglomerados e, de acordo com o CPE, chega a ser usado entre 35 e 45 vezes por ano em “eventos de defesa social”. Ainda segundo o CPE, “a finalidade t�cnico-operacional dos ve�culos blindados pertencentes ao Batalh�o de Pol�cia de Choque e ao Batalh�o Gate, da PMMG, n�o se restringe a incurs�es em aglomerados urbanos”.

Ontem, pela primeira vez desde que os conflitos deste ano come�aram, a ocupa��o do Aglomerado da Serra ocorreu durante todo o dia, com presen�a de viaturas do Choque. A mudan�a de estrat�gia, que privilegiava incurs�es da PM em hor�rios pontuais, foi uma tentativa de avan�ar na identifica��o de novos suspeitos. De acordo com o comandante do 22º Batalh�o de Pol�cia Militar (BPM), tenente-coronel Ol�mpio Garcia, militares deram in�cio ao policiamento desde as 6h at� o fim do dia. A presen�a do grupamento estava restrita ao per�odo das 19h �s 23h. O objetivo da ocupa��o, segundo o coronel, foi garantir seguran�a a policiais do setor de intelig�ncia para que pudessem colher mais informa��es sobre gerentes do tr�fico e os “jovens traficantes”, que assumiram as bocas de fumo ap�s a pris�o de l�deres do tr�fico, no �ltimo ano. “Vamos pedir mandados de pris�o para todos eles. Nosso objetivo � desarticular por completo esses grupos”, disse. O coronel admitiu que o clima permanecia tenso ontem no aglomerado, mas afirmou que as pessoas estavam conseguindo manter a rotina de trabalho e sa�da e entrada em casa.

"Caveir�o" est� estacionado e, por enquanto, n�o vai subir at� a Serra (foto: Ramon Lisboa/EM/DA Press)
IMPACTOS Ainda assim, o impacto foi n�tido. Os tiroteios j� influenciam na vida da comunidade. Servi�os p�blicos foram fechados e moradores e policiais residentes no complexo de favelas s�o amea�ados e expulsos de suas casas. Dentro de uma das vilas, uma lideran�a comunit�ria, que prefere n�o se identificar, afirma que a tens�o vai al�m dos tiroteios com a intensifica��o das amea�as das quadrilhas para que a popula��o n�o colabore com rivais ou com a pol�cia.

O Centro de Sa�de Vila Cafezal ficou fechado pelo segundo dia consecutivo. Das 11 unidades de ensino instaladas na regi�o, o in�cio das aulas s� ocorreu normalmente em seis. Nas cinco restantes, o retorno foi adiado por causa da viol�ncia. Entram na lista tr�s escolas municipais, al�m das unidades municipais de educa��o infantil (Umeis) Padre Tarc�sio e Capivari .

Passageiros que dependem do servi�o de transporte suplementar tamb�m foram afetados. As duas linhas que atendem ao Aglomerado da Serra – 102 e 103 – j� s�o alvo de cr�ticas por circular quase sempre lotadas e com intervalos de hor�rios muito grandes. E ontem a situa��o foi ainda pior. Das 29 viagens programadas para a linha 102, cinco deixaram de ser feitas, enquanto das 41 previstas para a 103, seis foram suspensas. O com�rcio tamb�m j� sofre o impacto do conflito e donos de pequenos empreendimentos no local se queixam de baixa nas vendas.

O professor da Funda��o Jo�o Pinheiro e especialista em seguran�a p�blica Luis Felipe Zilli Nascimento afirma que o modelo de pol�cia que apenas reage com viol�ncia a dist�rbios ocorridos nos aglomerados n�o produz efeito duradouro na seguran�a da comunidade, isso inclui investimentos em modelos utilizados no Rio de Janeiro, como as unidades de Pol�cia Pacificadora (UPP), que s�o como a �rea Integrada de Seguran�a P�blica (Aisp) da Serra, e os caveir�es. “No Rio de Janeiro, essa � uma nova forma de policiamento, mas com uma corpora��o de velhos paradigmas, dentro das comunidades que trabalham sob metodologia de enfrentamento e n�o de pol�cia comunit�ria. Combatem o crime e n�o resolvem problemas. Lugares violentos precisam de policiamento de proximidade”, afirma.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)
PMs pedem para se mudar do complexo

A viol�ncia na Serra n�o tem poupado nem sequer os policiais militares que residem no aglomerado. A reportagem do Estado de Minas apurou que ao menos 10 policiais residentes nas favelas est�o sofrendo amea�as de criminosos, sendo tr�s casos mais graves com imin�ncia de retalia��es dos bandidos. O caso de um sargento seria o mais grave, tendo os membros das quadrilhas erguido at� barricadas em volta de sua resid�ncia e o amea�ado de morte. O Comando do 22º Batalh�o de Pol�cia Militar (BPM) n�o confirma o n�mero nem a situa��o citada pela fonte, mas admite que h� policiais amea�ados. “Um deles j� deixou o Alto Vera Cruz e outro est� em processo de mudan�a da Serra”, disse o tenente-coronel Ol�mpio Garcia.

Uma lideran�a comunit�ria do complexo de favelas da Serra afirma que a situa��o de viol�ncia � cr�tica sobre os policiais, e que h� tamb�m moradores sendo expulsos de suas casas. “Normalmente, os bandidos d�o indiretas. A pessoa passa na rua e eles intimidam. Gritam dizendo que chegou o fulano, que ele fica cheirando a galera inimiga. Isso porque o filho namora algu�m na �rea do outro pessoal, ou porque joga bola com eles. Mandam ir ficar com o pessoal inimigo, j� que gosta deles. Perguntam se na hora que o bicho pegar vai ficar com eles. As pessoas apavoram, chamam a pol�cia para ajudar a tirar as suas coisas e depois somem no mundo. Ningu�m mais ouve falar delas”, conta. Sobre a situa��o dos moradores, o tenente-coronel afirmou que os militares est�o presentes durante todo o dia para garantir a seguran�a e a manuten��o da rotina dos moradores. E que as a��es policiais t�m se preocupado em n�o afetar a rotina de atividades da comunidade. De acordo com a assessoria de comunica��o da Pol�cia Militar, a corpora��o faz o acompanhamento da situa��o pelo servi�o de intelig�ncia e oferece programas habitacionais que atendem o policial para o remanejamento quando ele reside em �rea de risco e/ou sofre algum tipo de amea�a. Segundo o �rg�o, a PM conta com o Pro-Morar, programa de facilita��o para a aquisi��o de im�vel. “Mas o militar amea�ado passa na frente do processo por um colegiado que avalia isso. Tamb�m temos a rede de policiais protegidos, que incentiva policiais da mesma regi�o a trocarem informa��es e com isso buscar a autoprote��o”, informou a assessoria. (MP/VL)


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