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Estado de Minas

Fac��es em guerra no Aglomerado da Serra usam r�dio para antecipar a��es da PM

Denunciada pelo EM no ano passado, rede de radiocomunica��o de gangues no aglomerado intensifica vigil�ncia sobre passos da PM e serve at� para troca de amea�as entre criminosos


postado em 04/02/2016 06:00 / atualizado em 04/02/2016 07:43

Ação de policiais e movimentação de moradores é monitorada por olheiros e divulgada via aparelhos de rádio, como os apreendidos ontem em operação que terminou com localização de armas e prisões(foto: Euler Júnior/EM/DA Press - 29/1/16)
A��o de policiais e movimenta��o de moradores � monitorada por olheiros e divulgada via aparelhos de r�dio, como os apreendidos ontem em opera��o que terminou com localiza��o de armas e pris�es (foto: Euler J�nior/EM/DA Press - 29/1/16)

(foto: Polícia Militar/Divulgação)
(foto: Pol�cia Militar/Divulga��o)
A ocupa��o, por dezenas de policiais militares, de vias, becos e pra�as que s�o pontos-chave para traficantes do Aglomerado da Serra, o maior conjunto de favelas de Belo Horizonte, deveria sufocar o com�rcio de drogas e interromper a guerra entre quadrilhas iniciada no dia 6 do m�s passado. Mas a estrat�gia n�o surtiu o efeito esperado. Do alto de lajes de barracos, nos mirantes, entre jovens nas pra�as e escolas, olheiros do tr�fico munidos de radiocomunicadores monitoram cada passo dos policiais e antecipam a��es que poderiam resultar em apreens�es de entorpecentes, armamentos e na pris�o de l�deres das fac��es criminosas. Na noite de ter�a-feira e madrugada de ontem, a equipe do Estado de Minas – que j� havia denunciado, no ano passado, o esquema de monitoramento na comunidade – captou e acompanhou transmiss�es de traficantes, que n�o s� continuaram seu “trabalho” como usaram os canais de r�dio para amea�ar rivais e intimidar a popula��o para que n�o os denunciasse. A pol�cia admite n�o ser capaz de impedir a rede de comunica��o dos criminosos, mas garante usar o conte�do das conversas para planejar suas opera��es e conhecer melhor os traficantes. Em opera��o realizada ontem, foram detidos seis suspeitos de integrar gangues locais.


Durante outra a��o policial na ter�a-feira, por volta das 22h, quando um �nibus repleto de PMs do Batalh�o de Choque e as viaturas do Batalh�o de Rondas T�ticas Metropolitanas (Rotam) circulavam pelas ruas estreitas, traficantes discutiam nervosamente se atacariam rivais da Rua Sacramento, na parte baixa, naquela mesma noite. Um dos criminosos tenta convencer outros a adiar a a��o: “Vai ficar trocando tiro de dia e de noite, p�? Volta a�, p�. Galera fazendo trouxas de voc�s (sic)”. A resposta vem de um traficante que aparenta estar obcecado em atacar os concorrentes. “Eu t� na pilha. Eu vou pra pista. N�o pega nada, n�o, coisa ruim. Olha aqui no beco para trocar de autom�tica comigo (chama para trocar tiros). Anda. Anda que eu quero ver. Quem estiver escutando a�, a hora � essa. Quem quiser vir para fechar o bonde (grupo de ataque), t� fechado. A Rotam t� aqui, �. T� aqui, t� na favela, mas eu j� corri da pol�cia. Eu t� esperando, p�. Quando a galera n�o queria mesmo (o confronto), eu entornei o caldo e n�o mexeram mais com n�s (sic)”. Mas o grupo � convencido a n�o fazer o ataque por outro membro da quadrilha. “Eu copiei, eu copiei, mas tem morador (que pode ser atingido e piorar a ocupa��o da pol�cia), falou? (sic)”.

Confira os di�logos entre os criminosos

AMEA�AS Em meio � indecis�o, um traficante rival entra no canal de r�dio usado pela quadrilha e faz mais amea�as, por volta de meia-noite. “Tudo gira mesmo. Tudo que era meu e tu pegou tem que devolver. Eu copiei de voc� chegando. �, Cabe�a, t� derrubando voc� agora no seu barrac�o da sua casa. Voc� deu foi sorte (de n�o ser achado em casa).”

O movimento intenso de policiais fez com que olheiros trabalhassem intensamente durante a noite e a madrugada. Pelas conversas, d� para ver como minam a a��o policial, ao descrever pelo r�dio cada movimento das autoridades. H� situa��es em que pris�es importantes n�o ocorreram por um triz. “(A pol�cia) T� virando ali no come�o da (Beco) Chaparral. Ela t� virando ali, �. A Rotam entrou ali. N�o sei pra qu�. Ih, parou a�, �, em frente � creche. Duas Rotams paradas a� em frente � Chaparral em frente � creche. Copiou, Pra�a 7?”, transmitiu um dos traficantes por volta das 21h de ter�a-feira. Em resposta, outro integrante da quadrilha, identificado como “Nado”, foi averiguar de perto e passar mais informa��es sobre a opera��o. “J� estou colando a� (se aproximando para monitorar a PM de perto).” De repente, um dos monitores transmite uma mensagem urgente alertando a um companheiro identificado como “Panda” para correr com as drogas, diante da aproxima��o da pol�cia. “Corre, Panda, corre Panda! A pedra (drogas) aqui, �!”

Em v�rios momentos, moradores que circulam pela comunidade s�o monitorados para saber se s�o policiais ou membros de quadrilhas rivais. Caso sejam militares, a estrat�gia observada � a de informar a rota para que os traficantes possam fugir. Se a suspeita for de inimigos, os moradores s�o acompanhados e podem at� ser agredidos ou baleados. Por volta de 20h, o homem que � chamado de Chandon e que exerce fun��o de gerente do tr�fico pergunta sobre duas pessoas que est�o passando pelas ruas. “� Chandon. � Chandon, acho que � os home (pol�cia) a�, viu, Chandon? (sic)”, disse um dos olheiros. “Isso a� � morador, falou, Chandon, morador, falou?”, responde um dos olheiros mais pr�ximos. “� Chandon, � morador daquele lugar que voc� falou l�, �”, completa o criminoso, dando a entender que se trata de pessoas que vivem em locais dominados por gangues rivais. “Pois �, vamos monitorar”, responde o gerente.
(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)


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