Mesmo morando em outra cidade, N�tila n�o perde o �nimo de seguir os desfiles da Banda Mole, Baianas Ozadas, Ent�o, Brilha! e o Roda de Timbau, estreante na folia. Depois do sucesso que Nathalie fez ao som dos tambores, o Estado de Minas foi at� a casa da menina para saber de sua rotina e conhecer a fam�lia carnavalesca.
Quando a reportagem chegou, quem recepcionou foi a pr�pria Nathalie. A menina pega na m�o dos visitantes e os leva at� a cabana colorida montada na sala, onde ficam seus brinquedos. Apesar da linguagem t�pica da idade, descreve cada um deles. Ao ver uma foto de fam�lia, mostra a m�e, o pai e se reconhece: “nan� eta”, diz em refer�ncia ao pelido carinhoso que recebe dos pais “Nan� preta”. A m�e valoriza a identidade negra da menina, fazendo diferentes penteados. Ontem, os cabelos estavam arrumados em diversos cachinhos.
As duas vivem na casa da av�, a faxineira Val�ria Rosa de Jesus, de 43, no Bairro Regina em Contagem, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. “Tat�, Nan�, mas quando estou brava chamo de Natali�”, diz a m�e sobre os apelidos dado � menina e � forma aportuguesada de dizer o nome Nathalie. “O meu namorado viu Nathali nas plaquinhas de nomes em um camel� e acrescentou o ‘e’. E Vict�ria colocamos, porque o meu namorado se salvou em um acidente. Em um momento que ele se abaixou para rezar por nossa filha que ainda estava em minha barriga, teve uma explos�o na padaria onde trabalhava. Gra�as a nossa filha ele s� teve uma queimadura na coxa.”
Em 2 de fevereiro de 2014, N�tila n�o imaginava que teria uma filha t�o comunicativa. Depois de 16 horas de trabalho de parto da m�e, a menina nasceu com ajuda de f�rceps. “No come�o, eu a achei esquisitinha. Era roxinha, tinha um olho arregalado. Parecia um ET”, lembra. A menina nasceu com 2 quilos e 275 gramas no Hospital J�lia Kubitschek. N�o demorou muito para a m�e mudar de ideia e hoje n�o s� ela se seduz pelos encantos da menina. A m�e morre de orgulho da menina que, com olhar vivo, corre de um lado para o outro. Guarda as fantasias da filha como se fossem tesouros. Ela mostra que o vestido vermelho com bolinhas brancas combina com o arco com plumas rosas. A saia com fitas coloridas comp�e com o colar havaiano.
Os pais de Nathalie namoram, mas cada um mora na casa dos pais e est�o em busca de emprego para poderem criar a filha. “Ela � criada com a ajuda dos av�s, tanto maternos como paternos”, diz N�tila. Aluna do primeiro ano do ensino m�dio, N�tila sonha construir uma carreira como dan�arina. Depois de ter feito um curso de dan�a no PlugMinas (projeto educacional do governo de Minas) viu que essa era sua voca��o. “Gosto da for�a do maracatu, da leveza do bal�, da maneira como o hip hop � ao mesmo tempo forte e leve”, diz. Enquanto n�o pode se profissionalizar, a jovem d� vaz�o � paix�o pela dan�a nos desfiles de carnaval. “Vou em todos. Adoro”, diz.
