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Estado de Minas TR�FICO AO SOM DO FUNK

Bailes em aglomerados de BH viram espa�o para tr�fico, ostenta��o de armas e sedu��o de jovens

Promovidos por l�deres do crime, eventos viram espa�o de livre venda e consumo de drogas e porta de entrada para o ingresso em gangues


postado em 11/02/2016 06:00 / atualizado em 11/02/2016 08:12

 

Uma das poucas opções de lazer nos aglomerados, as festas terminaram se transformando em perigo para a comunidade, com constantes apreensões de armas, dinheiro e drogas e detenções de suspeitos (foto: Polícia Civil/divulgação )
Uma das poucas op��es de lazer nos aglomerados, as festas terminaram se transformando em perigo para a comunidade, com constantes apreens�es de armas, dinheiro e drogas e deten��es de suspeitos (foto: Pol�cia Civil/divulga��o )

Uma manifesta��o cultural que diverte e entret�m jovens em aglomerados de Belo Horizonte, mas que alimenta o tr�fico. Al�m das bocas de fumo, lideran�as comunit�rias contam que os traficantes t�m refor�o de caixa com a realiza��o de bailes funk nas favelas da capital. S�o festas muitas vezes promovidas com organiza��o de lideran�as do crime, com intenso consumo de �lcool e tamb�m de drogas, al�m do livre com�rcio dos entorpecentes. De modo geral, os eventos s�o frequentados por jovens acima de 18 anos, mas h� tamb�m presen�a de menores de idade. Para a comunidade, o problema vai al�m do financiamento do tr�fico, pois os encontros acabam sendo uma porta de entrada dos jovens para o mundo do crime. � nesse espa�o tamb�m que as lideran�as do tr�fico imp�em seu poder e ostentam armas e dinheiro que seduzem jovens e adolescentes.

“Aqui nos bailes funk correm milh�es que s�o vendidos em drogas. Numa noite vem gente de tudo o quanto � lugar. O aglomerado virou o eixo principal desses bailes, com gente vindo da Pedreira (Prado Lopes), Alto Vera Cruz, Taquaril. Apareceu muita gente de fora. Gente que encosta aqui e come�a a comandar”, disse uma lideran�a comunit�ria do Aglomerado da Serra, que preferiu n�o se identificar.

O representante conta que o clima � de perigo para a comunidade. “Quando os meninos come�am a brigar, a querer mostrar quem tem mais armas, a� � Deus na frente e paz na guia. S� Deus. Quando o bicho pega, pula gente para cima do muro dos outros, para dentro das casas, moto correndo muito e o tiroteio em cima. � muita sorte nenhum inocente ter sido ferido ainda”, revelou.

O l�der comunit�rio afirma que a �rea Integrada de Seguran�a P�blica (Aisp) n�o funciona e cobra a��es prometidas como a instala��o de c�meras de monitoramento do programa Olho Vivo. “Depois que os policiais mataram duas pessoas, constru�ram a Aisp, mas est� l� equipado e s� tem tr�s policiais militares, nem vai policial civil l�. Ent�o n�o funciona, quase ningu�m vai at� l�. E o Olho Vivo que foi prometido poderia ajudar se estivesse em locais estrat�gicos tamb�m”, disse.

No Taquaril, tamb�m na Regi�o Centro-Sul de BH, o problema � comum. As festas regadas a bebida e drogas ainda ocorrem, mesmo depois de um dos organizadores ter sido preso pelo crime de tr�fico. Um representante da comunidade lamentou a forma como as festas ocorrem no Setor 12 do Taquaril. “Todo mundo sabe que tem consumo e venda de droga, muita bebida e muito adolescente. Da forma como s�o feitas, essas festas levam nossa juventude para um caminho muito triste”, lamenta.

Em outro ponto da cidade, o problema se repete. Na Barragem Santa L�cia, moradores s�o “capturados” pelas drogas ainda crian�as ou adolescentes, quando passam a consumir ou at� mesmo se envolvem com a venda ilegal. Quando jovens, avan�am na criminalidade com pr�tica de outros delitos como roubo e porte ilegal de armas. Parte entra no crime por falta de oportunidades, de forma��o profissional e de atendimento por servi�os p�blicos, como avalia o morador do aglomerado Paulo Mutun, que fundou tr�s associa��es de trabalho social no lugar. “Outra parte � porque t�m mesmo a ambi��o do dinheiro f�cil”, diz.

Ele conta ainda que avan�os j� foram feitos, como projetos de esporte e de capacita��o. “Mas � preciso uma presen�a maior do Estado. O investimento em aglomerados � uma mis�ria. Desse modo, o Estado acaba se tornando respons�vel pelo tr�fico, porque n�o investe o que deveria em preven��o”, avalia. Sobre os bailes funk, ele disse que esse tipo de festa diminuiu na Barragem Santa L�cia, depois de muita confus�o j� ter ocorrido. “Mas n�o s� no baile funk, qualquer festa que tem no aglomerado tem droga envolvida”, explica o morador, dizendo que tr�fico � um grande problema no lugar.

 

PM negocia mudan�a nas festas

Depois de perceber que os bailes funk s�o a manifesta��o cultural mais expressiva dos jovens que vivem em aglomerados, a Pol�cia Militar informou que pode desenvolver a��es para incentivar os eventos em aglomerados, mas distante da presen�a de traficantes. De acordo com o tenente-coronel Ol�mpio Garcia, a medida j� est� sendo negociada com a prefeitura e �rg�os de direitos humanos para o Aglomerado da Serra.

“Os jovens s�o as maiores v�timas dos confrontos na Serra e um dos aspectos observados � que eles n�o t�m lazer. A �nica express�o cultural e de extravasamento que eles t�m s�o os bailes funk. A PM apoia o funk, mas distante das bocas de fumo e dos traficantes”, disse. Segundo o Comando de Policiamento da Capital (CPC), se observado que a medida trouxe resultados em benef�cio da redu��o da criminalidade e aumento da sensa��o de seguran�a, o projeto ser� proposto ao Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MP), � prefeitura e a outros parceiros para tentar expandir a iniciativa a mais aglomerados.

A Pol�cia Civil, por meio de sua assessoria de imprensa, afirmou que integra o Grupo de Interven��o Estrat�gica (GIE) e que, com outros �rg�os de seguran�a do estado, Minist�rio P�blico, Poder Judici�rio e lideran�as comunit�rias do Aglomerado da Serra, discute a realiza��o dos bailes funk na comunidade. “A PCMG sempre se manifesta contra a realiza��o desses eventos, devido � falta de estrutura e pouca seguran�a”, informou o �rg�o, destacando que um dos organizadores das festas na Serra, conhecido como Lecha, foi preso no ano passado.

A Pol�cia Civil informou ainda que realiza, durante todo o ano, diversas a��es de combate ao tr�fico no estado. “As opera��es ocorrem em todas as �reas e, principalmente, onde a circula��o de drogas � constante, como festas, boates e bailes funk”, garante. Ainda de acordo com a corpora��o, foram registradas, no ano passado, 112 pris�es relacionadas ao narcotr�fico – por autos de pris�o em flagrante ou por meio de mandados de pris�o – e indiciadas mais de 600 pessoas. A PCMG informou tamb�m que, apenas em 2015, foram realizadas 93 opera��es que investigam desde os grandes grupos de narcotraficantes, que atuam no tr�fico interestadual, at� os casos regionais e locais.


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