
Apenas no primeiro m�s do ano foram 46.589 casos prov�veis de dengue (entre confirmados e suspeitos) no estado. No mesmo per�odo de 2013, ano da �ltima epidemia da doen�a, haviam sido 35.565. Os n�meros sinalizam a for�a da epidemia projetada para 2016. Em janeiro, ocorreram tr�s mortes em virtude da doen�a – duas em Belo Horizonte e uma em Patroc�nio, no Alto Parana�ba. Entre as 104 cidades com maior taxa de incid�ncia, os destaques em n�meros absolutos s�o Cl�udio, no Centro-Oeste de Minas, com 1.056 casos, Visconde do Rio Branco e Ub�, na Zona da Mata, (1.137 e 1.263, respectivamente), al�m de Coronel Fabriciano (1.659) e Tim�teo (1.146), ambas no Vale do A�o. Cidades menores tamb�m despontam entre as de maior preval�ncia da dengue, diante do c�lculo que leva em conta a proporcionalidade de casos projetados para uma popula��o de 100 mil habitantes. Campan�rio, por exemplo, lidera o ranking de incid�ncia, com 160 casos entre seus 3.733 moradores.
Al�m da an�lise por munic�pios, a pesquisadora L�via Dutra, do Laborat�rio de Estat�stica Espacial do Instituto de Ci�ncias Exatas da UFMG, aponta que 18 regionais de sa�de enfrentam quadro compat�vel com epidemia de dengue. Das 35 cidades pertencentes � Regional Sete Lagoas, 19 foram afetadas pela doen�a, enquanto na Regional Leopoldina 10 dos 15 munic�pios sofrem com a prolifera��o de casos.
Em Cl�udio, cidade em que j� foi decretada situa��o de emerg�ncia, propriet�rios de im�veis com focos do mosquito Aedes aegypti ser�o multados. O valor da puni��o vai variar de R$ 100 a R$ 500, de acordo com a gravidade da situa��o nas propriedades fiscalizadas. Em Belo Horizonte, onde tamb�m foi decretada situa��o de emerg�ncia, as a��es e busca de novas op��es para combater o transmissor foram intensificadas, segundo a Secretaria Municipal de Sa�de. Foi criado, inclusive, um grupo executivo para intensifica��o do combate ao vetor.
Segundo Frederico Figueiredo Am�ncio, infectologista do Hospital Jo�o XXIII e doutor em Infectologia e Medicina Tropical pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), quando a quantidade de casos de uma doen�a em determinada regi�o extrapola o n�mero esperado � configurada uma epidemia. Se esse aumento fica muito acima da curva projetada e provoca uma press�o sobre os servi�os de sa�de, a OMS acaba definindo padr�es de casos por habitantes, como fez no caso da dengue. “�s vezes, poucos casos em um munic�pio pequeno, que n�o tem como atender os pacientes de maneira adequada, j� representam um grande problema”, alerta.

Autor de tese sobre a epidemiologia da dengue em Minas Gerais, Frederico se preocupa, principalmente, com o fato de j� se ter atingido, em janeiro, um n�mero recorde de casos, j� que, historicamente, o pico de dengue ocorre de mar�o a maio. Uma das explica��es para o aumento precoce pode ser o racionamento de �gua em 2014, quando muita gente estocou o recurso de forma inadequada. A dificuldade de diagn�stico diferencial entre dengue e zika tamb�m pode estar puxando os n�meros para cima. “Os dados de 2016 s�o alarmantes. Podemos ter uma incid�ncia semelhante ou at� maior que em 2010 e 2013, anos de duas grandes epidemias em Minas Gerais”, afirma.
Para combater o avan�o da dengue no estado, a SES-MG informou que j� investiu R$ 66 milh�es no controle do Aedes aegypti, recurso que foi distribu�do entre todos os munic�pios do estado. O objetivo � incentivar a qualifica��o das atividades de vigil�ncia e controle de endemias.
Ainda de acordo com a secretaria, o Comit� Gestor Estadual de Pol�ticas de Enfrentamento � Dengue, Chikungunya e Zika V�rus se reuniu com prefeitos e representantes de cinco munic�pios em situa��o de risco no estado: Ub�, Governador Valadares, Coronel Fabriciano, Par� de Minas e Bom Despacho, para fazer recomenda��es sobre o planejamento integrado das a��es de preven��o e controle do vetor, organiza��o de servi�os de sa�de e refor�o �s atividades intersetoriais – como mutir�es de limpeza e a��es em im�veis abandonados.
A SES-MG tamb�m fez, em janeiro, visitas t�cnicas �s regionais com maior incid�ncia de dengue em Minas: Sete Lagoas, Ub�, Coronel Fabriciano e Leopoldina, que juntas respondem por 116 munic�pios. Foram realizadas reuni�es com os gestores (prefeitos e secret�rios de sa�de), visitas �s unidades de sa�de e reuni�es com os t�cnicos locais.
Alerta nacional
Assim como Minas, o pa�s come�ou o ano com aumento do n�mero de diagn�sticos de dengue na compara��o com 2015, que j� tinha batido recordes da doen�a. Consideradas apenas as tr�s primeiras semanas de 2016, foram registrados 73.872 casos, crescimento de 48,2% em rela��o �s 49.857 notifica��es do mesmo per�odo do ano passado. Boletim do Minist�rio da Sa�de mostra que, por outro lado, o n�mero de doentes com quadros graves e mortes diminuiu. Segundo o levantamento nacional, por estado, o maior n�mero de casos este ano no per�odo foi em Minas Gerais. Entre os munic�pios com no m�nimo 1 milh�o de habitantes, Belo Horizonte tinha nas tr�s primeiras semanas de janeiro a maior incid�ncia: 193,7 casos por grupo de 100 mil pessoas.
Pol�mica enterrada
A pol�mica em torno da piscina da antiga Associa��o Mineira de Parapl�gicos, na Avenida do Contorno, no Bairro Santa Efig�nia, que se arrastava havia pelo menos 10 anos, chegou ao fim com o aterramento do reservat�rio (foto) pela Associa��o Mais Acess�vel, que agora responde pela estrutura. A medida preventiva, segundo a presidente, Andreia Campos, visou a dar fim a um poss�vel criadouro de mosquitos. “Apesar de a piscina estar sendo monitorada, a amea�a de epidemia acelerou esse processo, por uma quest�o de responsabilidade com o entorno”, diz a representante, que cita a falta de verba para dar manuten��o adequada ao espa�o. Depois da obra, no entanto, ela garante que a �rea continuar� voltada para o esporte, mas em novas modalidades. “Buscamos parceria para construir uma quadra para futsal, peteca ou badminton no local”, diz a presidente.