
Enquanto Belo Horizonte passa por uma epidemia de dengue, com a explos�o de casos em todas as regi�es, sintomas relacionados a outros tipos de viroses t�m confundido a cabe�a de pacientes e dificultado at� a vida dos m�dicos na hora de fazer o diagn�stico e indicar o melhor tratamento para cada quadro. Muitas pessoas que t�m apresentado problemas respirat�rios ou gastrointestinais ficam na d�vida, j� que n�o existe um sintoma que seja �nico da dengue e cuja manifesta��o possibilite uma an�lise cl�nica precisa. Segundo a Prefeitura de Belo Horizonte, normalmente os ind�cios de contamina��o pela doen�a ganham for�a quando h� febre associada a pelo menos dois outros sintomas cl�ssicos, como dor no corpo, dor atr�s dos olhos, dor nas articula��es, enjoo e manchas vermelhas na pele. O problema � que, eventualmente, essas condi��es tamb�m podem aparecer em outras enfermidades. Viroses intestinais, por exemplo, podem causar diarreia, que � tamb�m um dos sinais de alarme para indicar epis�dios graves da dengue, o que demanda muito cuidado na investiga��o.
Nogueira critica ainda a falta de uma vigil�ncia epidemiol�gica de qualidade no pa�s, que fica restrita apenas �s notifica��es de dengue, e por isso sugere que casos duvidosos sejam tratados inicialmente como dengue, que � a enfermidade mais grave e que mata. “Vamos assumir que � dengue e vamos fazer o manejo como se fosse a doen�a, que � hidratar bastante e verificar o sinal de gravidade. N�o tendo isso, � preciso esperar o que o paciente vai apresentar”, completa.
De acordo com especialistas, o exame de sangue pode confirmar o diagn�stico de dengue, a partir de par�metros como o n�mero de plaquetas e leuc�citos, al�m da concentra��o. “Se o hemograma aponta queda nos leuc�citos e nas plaquetas, a indica��o � de dengue. Mas o marcador mais importante � a concentra��o do sangue. Quanto mais alta � a concentra��o, a dengue � pior e mais grave. Isso ocorre porque a doen�a leva a um extravasamento de l�quido e por isso � importante se hidratar muito r�pido, logo no in�cio dos sintomas”, explica o m�dico infectologista Alexandre Moura, que � refer�ncia t�cnica da Ger�ncia de Assist�ncia da Secretaria Municipal de Sa�de. Moura afirma que a ocorr�ncia de outras viroses realmente dificulta o diagn�stico dos m�dicos, pela similaridade dos sintomas. Ele aponta tr�s grandes grupos em que os problemas se misturam: os v�rus transmitidos pelo Aedes aegypti (dengue, zika e chikungunya), os respirat�rios e os gastrointestinais.

Sintomas como nariz escorrendo, tosse e garganta inflamada n�o costumam aparecer na dengue e ajudam a identificar uma virose respirat�ria. Foi um desses sinais que fez o estudante Diego Bezerra Alves, de 27 anos, ficar mais um pouco mais tranquilo depois de ser adoecer logo ap�s o carnaval. Por causa de uma maratona de blocos de rua sob sol escaldante, ele acredita que teve um per�odo de baixa na imunidade, o que abriu a porta para um v�rus. “O problema � que comecei com febre, dor de cabe�a e dor no corpo, sintomas amplamente divulgados como sendo de dengue. Depois, comecei a sentir irrita��o na garganta e fiquei de repouso. Foram quatro dias de mal-estar. Como fiquei bom relativamente r�pido, acabei n�o indo ao m�dico”, conta, acreditando n�o ter sido acometido pela doen�a transmitida pelo mosquito.
J� o estudante Bernardo Lagares, de 19, que mora no Bairro Sagrada Fam�lia, Leste de BH, n�o tem essa certeza. Ele teve muita dor de cabe�a, febre, dor no corpo e �nsia de v�mito no m�s passado. Os sintomas eram bem intensos e diferentes do que ele j� sentiu em outras vezes em que teve outras viroses, o que lhe deixou mais apreensivo. Um lote vago ao lado do pr�dio onde ele mora tamb�m � alvo de preocupa��o e motivou a aquisi��o de uma raquete el�trica para eliminar os pernilongos. Como melhorou antes de fazer os exames de sangue solicitados pelo m�dico, n�o sabe se teve dengue ou outro problema. “Normalmente, me recupero mais r�pido quando � uma virose respirat�ria, o que j� tive em outras situa��es. Desta vez fiquei muito debilitado, mas o pr�prio m�dico disse que poderia ser outro tipo de virose que n�o a dengue. Ele me pediu exames de sangue para confirmar, mas acabei adiando. Como melhorei, n�o cheguei a fazer”, afirma.
Com dores no corpo, nas articula��es e na cabe�a h� cinco dias, ontem, o vendedor ambulante M�rcio da Silva Alves, de 47, aguardava uma consulta na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Leste, no Bairro Vera Cruz, Leste de BH, para confirmar o que ele tinha certeza de ser a dengue. “A dor no corpo n�o passa de jeito nenhum. Estou muito dolorido por dentro. Tomei paracetamol e n�o melhorei. Se fosse outro tipo de virose, eu tinha recuperado mais r�pido e n�o ficaria t�o desanimado como estou. N�o tenho for�a para nada”, disse o morador do Bairro Bet�nia, Oeste da capital mineira.
Term�metro
Confira as manifesta��es de diferentes tipos de viroses
Sintomas cl�ssicos de dengue*
» Febre
» Dor de cabe�a
» Dor atr�s dos olhos
» Dor nas articula��es
» Manchas vermelhas na pele
» Enjoo
Sinais de alarme da dengue**
» V�mitos
» Dor abdominal forte
» Sangramento
» Vista escurecida
» Press�o baixa
Virose gastrointestinal
» Diarreia
» V�mitos
» Dores no corpo
Virose respirat�ria
» Tosse
» Nariz entupido
» Garganta inflamada
» Dores no corpo
* Os quadros de dengue
s�o diagnosticados com
pelo menos dois
dos sintomas cl�ssicos,
al�m da febre
**Esses sinais podem indicar maior gravidade da doen�a, o que implica na necessidade de hidrata��o venosa