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Estado de Minas

Moradores denunciam armadilhas em rua onde menina foi arrastada por enxurrada

Parentes e vizinho de crian�a dizem que barricada e falta de estrutura para escoar �gua onde crian�a foi arrastada pela chuva contribu�ram para trag�dia em Sabar�. Menina est� desaparecida


postado em 01/03/2016 06:00 / atualizado em 01/03/2016 08:27

Familiares de Ana Alice, de 8 anos, acompanharam ontem as buscas no Rio da Velhas(foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)
Familiares de Ana Alice, de 8 anos, acompanharam ontem as buscas no Rio da Velhas (foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)
Uma barricada criada em uma obra de abastecimento da Copasa e a falta de uma estrutura segura da Prefeitura de Sabar� para escoamento da �gua de chuva criou uma armadilha que contribuiu para o que pode ser a quinta morte do atual per�odo chuvoso em Minas Gerais. Essa � a opini�o de parentes e vizinhos da pequena Ana Alice Costa Martins, de 8 anos, desaparecida depois de ter sido arrastada por uma enxurrada no Bairro Santo Ant�nio de Ro�a Grande, em Sabar�, na Grande BH, no �ltimo s�bado. A crian�a estava com o av�, Itamar Costa, de 60, que tamb�m chegou a ser levado pela for�a da �gua, mas foi salvo por uma pessoa que passava no local, e a av�, que n�o se feriu. Moradores acreditam que, se existisse um sistema de escoamento de �guas pluviais na Rua S�o Paulo, que � extremamente �ngreme, com manilhas fechadas com grades, Ana Alice poderia ter uma chance maior de escapar com vida. J� a barreira colocada pela Copasa para demarcar um buraco em uma obra contribuiu para aumentar a for�a da enxurrada e dificultar a situa��o da menina, segundo a popula��o local.

“N�s estamos acostumados a descer essa rua com chuva. A enxurrada se espalhava, sem grandes problemas. O que aconteceu foi que essa barricada, colocada na sexta-feira por conta de um buraco, afunilou a �gua e aumentou a for�a (da �gua)”, diz a cobradora de �nibus Suellen Joyce da Cruz Santos, de 32, tia de Ana Alice. Ela conta que a fam�lia est� em estado de choque pelo ocorrido. Ana morava com o pai, a m�e e um irm�o, e seguia com os av�s maternos para uma festa de anivers�rio no Bairro Jaqueline, na Regi�o Norte de BH. No momento do acidente, os tr�s andavam em dire��o a um ponto de �nibus, onde encontrariam a m�e e um tio de Ana. A chuva forte provocou uma enxurrada canalizada para o canto direito da rua, bem perto de uma escadaria que funciona como escoamento de �guas pluviais at� uma manilha na Rua S�o Jos�. A Rua S�o Paulo � bem mais alta e a escadaria possui um declive elevado, o que pode ter causado graves ferimentos � crian�a no momento em que ela foi arrastada.

Ontem, o Corpo de Bombeiros continuou as buscas pela crian�a no curso do Rio das Velhas, manancial para onde a tubula��o leva a �gua captada na Rua S�o Paulo. A tenente Vanessa �vila, do 3º Batalh�o, vistoriou novamente o local onde ocorreu o acidente e afirmou que a declividade do terreno pode ter influenciado na for�a da �gua. “N�o estive no local no momento exato da chuva, mas as barreiras com sacos podem ter mudado o caminho das �guas que desciam de uma rua bastante inclinada”, afirma. O desaparecimento de Ana Alice completou 48 horas na tarde de ontem. As buscas recome�aram por volta das 6h40 e foram at� as 12h. Os militares voltaram ao rio na altura do trevo para o distrito de General Carneiro, �s 14h30, e trabalharam at� o momento em que a luz natural permitiu a visualiza��o do rio, sem sucesso. Quem tamb�m ajudou nas buscas, fazendo vistoria por terra, foi a Defesa Civil de Sabar�. “Choveu muito na cabeceira, em Nova Lima, e desse ponto para baixo (General Carneiro) o rio tem muito remanso, o que pode ter prendido a crian�a”, afirma o tenente Marcelo Oscar de Queiroz, chefe do �rg�o municipal.

O estudante Danrley Rafael Fortes Moreira, de 19, tamb�m � morador do Bairro Santo Ant�nio de Ro�a Grande e se arriscou para tentar salvar a garota no meio da enxurrada. Acostumado a rodar por todas as ruas da regi�o, ele diz que sua maior esperan�a ao descer o barranco atr�s da crian�a era encontrar alguma manilha tampada com grade, o que poderia facilitar o trabalho de resgate. O grande problema � que o escoamento � feito por uma escada com 72 degraus, a maioria desgastados, al�m de um pared�o de cerca de 6 metros com queda livre. S� depois disso � que a �gua encontra uma manilha, que na pr�tica � um buraco aberto no meio de uma rua de terra. “Quando desci, achando que poderia encontr�-la, a �gua ca�a igual uma cachoeira dentro do buraco”, afirma o jovem. A tia de Ana Alice, que tamb�m � madrinha da crian�a, voltou ontem ao buraco e n�o se conteve. “Se tivesse grade, minha menina n�o tinha descido por esse cano.”

O �nibus escolar da Prefeitura Municipal de Sabar� chegou ontem � Escola Municipal Maria C�lia de Freitas sem uma das alunas de maior destaque da turma de 27 crian�as do 3º ano do ensino fundamental. A professora Regina Maria Santos, de 50, precisou da ajuda de medicamentos para se acalmar. “Ela se preocupava com os colegas e ajudava aqueles que precisavam. � uma verdadeira alma bondosa e solid�ria”, afirma.

APURA��O Em nota, a Copasa informou que “est� atuando no levantamento t�cnico para apura��o das responsabilidades sobre o ocorrido e ir� se pronunciar ap�s a conclus�o do laudo”. A Prefeitura de Sabar� afirmou que, “de acordo com as normas t�cnicas, n�o � permitido colocar grades de conten��o nas manilhas e tubula��es e nas escadas dissipadoras, pois isso pode acarretar no ac�mulo de lixo e, consequentemente, em maiores alagamentos, colocando em risco a popula��o do entorno”. Segundo o texto enviado, as grades s� s�o permitidas nas chamadas bocas de lobo, que recebem um volume menor de �gua. “A prefeitura reitera que todo o sistema de drenagem possui uma infraestrutura adequada para o correto escoamento das �guas pluviais”, declarou o �rg�o p�blico.

Entrevista - Danrley Rafael Fortes Moreira

'Cheguei a esticar a m�o, s� que ela passou de costas'

Como voc� se deparou com a situa��o?

Tinha ido com uma amiga comprar ra��o e, na volta, a chuva ficou muito forte. Paramos para esperar ela passar debaixo de um telhadinho, bem perto do ponto de escoamento da �gua para a rua debaixo. Nesse lugar estavam o seu Itamar com a neta e a esposa.

O que aconteceu?

Ele tentou atravessar a enxurrada, mas quando pisou na primeira po�a, a �gua veio mais ou menos na altura da cintura dele de t�o forte que estava. Faltava uns tr�s passos para completar a travessia quando ele se desequilibrou e caiu. A menina estava de m�os dadas e caiu junto.

Voc� ainda tentou ajudar?

Sim, eu e o Fernando, um rapaz que tamb�m estava l� parado esperando a chuva passar. Ele atravessou pela enxurrada e segurou os dois, mas, no susto, o seu Itamar pegou os dois p�s do Fernando, que tamb�m caiu. Se eu entrasse, ia ser pior para n�s quatro. Ent�o, dei a volta em um poste e esperei a menina. Cheguei a esticar a m�o, s� que ela passou bem perto do outro canto e de costas.

Ela sumiu depois disso?

Achei que, se eu n�o parasse de descer, chegaria l� embaixo primeiro, mas n�o vi mais nada. No meio da escadaria, o Fernando conseguiu tirar o Itamar, que estava muito machucado e foi levado para a UPA de Sabar�.
(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)


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