
Frear a infesta��o e prolifera��o do Aedes aegypti ainda � o grande desafio de agentes de endemias e de sa�de, que lidam com resist�ncia e aus�ncia de moradores em v�rias regi�es da capital. Mesmo diante de uma epidemia, h� quem n�o receba as visitas de controle. “Muita gente est� fora de casa, trabalhando. Outros dizem que est�o ocupados, fazendo almo�o, e n�o abrem a porta”, conta o agente de combate a endemias Guilherme Griz, que na tarde de ontem participou do mutir�o no Conjunto Santa Maria, na Regi�o Centro-Sul da capital. Para reverter o quadro e dar alternativa para moradores que n�o est�o em casa durante o dia, a Defesa Civil come�ou nesta semana a fazer visitas noturnas a im�veis do Barreiro e estuda expandir o projeto para outros bairros.
Balan�o divulgado ontem pela Sala Nacional de Coordena��o e Controle para o Enfrentamento da Dengue, Chikungunya e Zika (SNCC) mostra que, na primeira fase da mobiliza��o nacional, 48,2 milh�es de im�veis foram efetivamente vistoriados no pa�s e que 11,3 milh�es estavam fechados. Em Minas, foram 7,9 milh�es de locais com ingresso de equipes e 1,7 milh�o fechados ou com recusa para o acesso. Im�veis nessas condi��es nas ruas Hildemar Falc�o, Cyrillo Bastos e das Pet�nias, no Barreiro, que n�o foram acessados durante o mutir�o, foram os primeiros visitados no novo hor�rio. A a��o continua hoje e deve realizar, em dois dias, 360 visitas.
Na capital, a estimativa � de que, dos cerca de 800 mil im�veis, 25% n�o tenham sido acessados at� o momento, um total de 200 mil. O n�mero preocupa a Defesa Civil. “Se considerado o �ndice de infesta��o de larvas de 4% das casas, podemos ter oito mil casas com focos. Se tiver um mosquito botando 100 ovos em cada uma dessas casas, vamos ter 800 mil mosquitos voando toda semana e n�o conseguiremos frear a epidemia”, diz o coronel Alexandre Lucas, coordenador municipal da Defesa Civil. O objetivo da a��o noturna, segundo ele, � verificar o percentual de moradores ausentes, al�m de estudar impactos na estrutura de agentes de endemias e modifica��es necess�rias para readequar hor�rios sem trazer preju�zos para o atendimento de outros im�veis e aperfei�oar o servi�o.
A ideia � que os resultados do projeto-piloto no Barreiro sejam entregues at� ter�a-feira e que as informa��es obtidas norteiem um plano que poder� ou n�o ser expandido para outras regionais de Belo Horizonte. “Vamos avaliar a quantidade de recursos que temos. Precisamos fazer um estudo criterioso para mexer nas estruturas que est�o nos apoiando”, lembra o coronel, referindo-se � quantidade de agentes de combate a endemias e de sa�de dispon�veis. “Se tiramos o profissional que trabalha de dia para trabalhar � noite, podemos deixar de visitar as casas de dia. Por isso precisamos ser competentes e r�pidos numa resposta”, avalia. Segundo dados da Secretaria Municipal de Sa�de, Belo Horizonte tem 2,4 mil agentes comunit�rios de sa�de e 1,5 mil agentes de combate a endemias.
O mutir�o intersetorial realizado ontem no Conjunto Santa Maria, na Regi�o Centro-Sul, foi um exemplo da dificuldade encontrada pelos agentes de combate a endemias. Dos 1 mil im�veis visitados, 200 estavam fechados e tr�s recusas foram registradas. A gerente de Controle de Zoonoses da Regional Centro-Sul, Aglasina Alonso, confirma o problema em 15% dos im�veis da regi�o. “A ades�o n�o � de 100%. � muito comum n�o encontrarmos as pessoas em casa, mas alguns deles podem ter focos em casa e desconhecem”, afirma. No caso dos im�veis abandonados, ela conta que houve avan�o, j� que alguns t�m procurado a regional para pedir visita de agentes. “Tivemos o caso de um senhor que tem casa no Santo Ant�nio e veio de Bras�lia para que o trabalho fosse realizado”, diz.
A aposentada �ngela Miranda, de 66 anos, moradora do Santa Maria, tem d�zias de vasos de plantas na varanda de casa, mas deixa todos os pratinhos secos para evitar a prolifera��o do mosquito. “Tive dengue ano passado e n�o desejo para ningu�m”.

Centros s� para casos de dengue
O atendimento a pacientes com suspeita de dengue ser� refor�ado a partir de segunda-feira, com a inaugura��o de dois novos centros de Atendimento a Pacientes com Dengue (CAD), um no Centro de Sa�de Padre Tiago, no Bairro Al�pio de Melo, na Pampulha, e outro na Unidade de Pronto Atendimento Odilon Behrens, onde j� funciona uma unidade de hidrata��o com 40 leitos. Segundo Paula Martins, membro do colegiado gestor de urg�ncia e emerg�ncia da Secretaria Municipal de Sa�de, as novas unidades t�m como objetivo desafogar centros de sa�de e unidades de Pronto Atendimento e devem ser procuradas imediatamente por quem tiver suspeita da doen�a. “Esse paciente ser� recebido em qualquer unidade em que procurar atendimento, mas nos centros voltados para esses casos ele vai esperar menos”, diz.
A m�dica explica que, nos outros centros de sa�de e UPAs, as pessoas com suspeita de dengue enfrentam a mesma fila de pacientes com outras enfermidades e demandas de urg�ncia. Ainda de acordo com ela, as unidades t�m capacidade de atendimento para 300 pessoas e est�o equipadas com m�dicos, t�cnicos de enfermagem e enfermeiros e a assist�ncia de exames laboratoriais. “No CAD Venda Nova, temos atendido uma m�dia de 200 pessoas por dia, ent�o temos capacidade para mais atendimentos”, conta. A orienta��o, segundo Paula, � que os pacientes com sintomas iniciais comecem uma hidrata��o oral e procurem atendimento m�dico o quanto antes. “Uma pessoa desinformada acaba piorando o seu pr�prio quadro”, refor�a ela, que lembra que o acesso aos CADs podem ser feitos diretamente pelos pacientes, mas que o acesso � unidade de reposi��o vol�mica, no segundo andar da UPA Odilon Behrens, para hidrata��o venosa prolongada, ocorre apenas ap�s a passagem do paciente por centros de sa�de e UPAs.