A chikungunya, parecida com a dengue e causada pelo v�rus CHIKV, tem entre os sintomas cl�ssicos dor intensa nas articula��es e febre. No caso das gr�vidas, pode afetar os beb�s. A m�dica infectologista T�nia Marcial, consultora de arboviroses da Sociedade Mineira de Infectologia, explica que 50% dos filhos de mulheres que tenham chikungunya na reta final da gravidez podem contrair a doen�a via placenta. “Dos beb�s contaminados, 50% podem apresentar a forma grave da doen�a, podendo chegar ao �bito, com complica��es como infec��es no c�rebro, f�gado e cora��o”, alerta.
Outro problema da infec��o pelo CHIKV � o poss�vel abortamento no primeiro trimestre da gravidez. “Toda gestante tem que ter cuidados e evitar situa��es de exposi��o ao Aedes aegypti at� o fim da gravidez”, recomenda a infectologista, ao avaliar ser prov�vel que o v�rus j� esteja circulando no estado. Dos diagn�sticos confirmados pela Secretaria de Estado da Sa�de, tr�s s�o de residentes dos munic�pios de Belo Horizonte, Santa Vit�ria e Limeira do Oeste, estas �ltimas no Tri�ngulo Mineiro. Os casos foram importados da Bahia, Alagoas e Sergipe, respectivamente. Os outros dois pacientes com confirma��o laboratorial s�o de Belo Horizonte e Contagem. Neles, � investigada a possibilidade de que a transmiss�o tenha ocorrido dentro do pr�prio estado.
O m�dico infectologista Carlos Starling atesta que Minas pode viver uma epidemia de chikungunya. “Temos as premissas b�sicas para isso: o v�rus circulando no nosso meio, o vetor (mosquito), que est� completamente fora de controle, e a popula��o suscet�vel (que nunca teve a doen�a)”, diz ele, lembrando surtos da doen�a na �frica, Europa e �sia e a circula��o do CHIKV no Brasil. O especialista lembra ainda que a febre, assim como a zika, a dengue e qualquer outra virose, oferece riscos maiores para gr�vidas, mais suscet�veis a infec��es virais e bacterianas. “Todas as doen�as nas gr�vidas s�o mais s�rias, porque elas t�m queda de imunidade natural. Por isso, precisam ter cuidado redobrado do in�cio ao fim da gravidez, para evitar todas as doen�as”, refor�a.
Entre os sintomas da chikungunya, T�nia Marcial lembra a dor articular forte, podendo estar associada a incha�o (diferente da dengue) e febre alta. “De 75% a 95% das pessoas podem manifestar esses sintomas. A dor pode afetar qualquer articula��o, mas � mais comum nas m�os e nos p�s, e � bilateral, ou seja � sentida nos dois lados do corpo”, ressalta a m�dica, que lembra o diagn�stico semelhante ao da dengue. “Temos a sorologia, com exame semelhante ao que � feito para diagnosticar dengue, que pode ser feito do primeiro ao sexto dia de sintomas, na rede p�blica e privada”, comenta. As dores provocadas pelo v�rus CHIKV, segundo Carlos Starling, podem durar muitos meses. “O aumento no n�mero de casos � algo preocupante, quando pensamos no afastamento e na incapacidade para o trabalho, com impacto do ponto de vista trabalhista e no custo social”, diz.
VULNER�VEIS Segundo informa��es do Minist�rio da Sa�de, o v�rus pode afetar pessoas de qualquer idade, mas os sinais e sintomas tendem a ser mais intensos em crian�as e idosos. Al�m disso, pessoas com doen�as cr�nicas t�m mais chance de desenvolver formas graves da doen�a. As mortes, de acordo com o minist�rio, s�o raras. Dados da epidemia ocorrida em 2004, nas Ilhas Reuni�o, indicaram taxa de letalidade de 0,1% (256 mortes em um total de 266 mil casos). Na �ndia, em 2006, houve 1,3 milh�o de casos e nenhuma morte registrada. A Secretaria Municipal de Sa�de de Contagem informou que est�o em investiga��o, atualmente, tr�s casos de febre chikungunya na cidade, mas nenhum relacionado a gestante. A Vigil�ncia Epidemiol�gica do munic�pio disse ainda que 14 casos de zika v�rus est�o em investiga��o, al�m de 7.420 casos prov�veis de dengue, sendo 841 confirmados por exames laboratoriais at� 4 de mar�o.
Diagn�sticos de zika t�m salto
Outra preocupa��o � o avan�o da zika entre gestantes e no n�mero de casos confirmados no estado. Na semana passada, segundo balan�o epidemiol�gico da Secretaria de Estado de Sa�de, 30 gestantes tiveram confirma��o da doen�a. Nesta semana, o n�mero saltou para 47. A realiza��o de exames para diagn�stico laboratorial do v�rus em Minas Gerais, pela Funda��o Ezequiel Dias (Funed-MG), no in�cio de fevereiro, agilizou a confirma��o dos casos entre gr�vidas no estado. J� os casos em investiga��o de febre zika dobraram em uma semana, passando de 755 para 1.523, consequ�ncia da obrigatoriedade de notifica��o, definida nas �ltimas semanas.
A assistente de marketing D�bora Soares n�o est� gr�vida, mas ter� de adiar os planos de ter um beb�, diante do diagn�stico de zika. Ela teve toda a rotina alterada e voltou a trabalhar h� uma semana, depois de ficar afastada por cinco dias. “Senti dores insuport�veis, como se fosse uma fincada por dentro da carne, al�m de fraqueza e desidrata��o”, relata. Passada a fase cr�tica da doen�a, ela tem sempre � m�o repelente, paracetamol para as dores de cabe�a frequentes e �gua para se hidratar. Outra mudan�a provocada pela infec��o ser� o adiamento dos planos de gravidez. “Queria engravidar no in�cio do ano que vem, mas o m�dico orientou a esperar um ano, por precau��o”, relata.