
A quarta-feira seria uma data especial para a fam�lia, que mora no Bairro Santa L�cia. A filha mais nova de Melrilene completou 1 ano e a festa seria naquele dia. Casada, a jovem tamb�m deixou um menino, de 5. O drama de Silvana e dos parentes come�ou quando ela chegou do trabalho, por volta das 17h15, e foi procurada pelo genro, que n�o conseguia contato com a manicure. Eles ligaram, deixaram mensagens no celular, mas sem nenhuma resposta.
“Quando eram umas 23h30, ele chegou falando assim: ‘� Silvana, a Mel tava pro lado do S�o Bento e teve um acidente. Ser� que n�o foi ela?’. Eu falei: ‘Por que voc� n�o me falou mais cedo? Mas n�o � a minha filha, n�o, n�o pode ser!’”. A m�e da jovem chegou ao local acompanhada de outras pessoas e encontrou os bombeiros recolhendo destro�os do ve�culo, al�m de um carro da pol�cia. “O bombeiro falou que n�o tinha certeza. Mas um policial perguntou se eu tinha uma foto dela. Eu mostrei e ele falou que, pela apar�ncia que ele viu, por causa do aparelho e de uma fita que ela tinha na perna, ele falou que era a minha filha, que tava toda acabada. A� ele falou: ‘N�o tenho certeza, mas posso levar a senhora no IML para fazer o reconhecimento’.”
A fam�lia inicialmente n�o acreditou na possibilidade da perda da filha. Silvana conta que o pai da jovem chegou ao local e disse ter ouvido falar que a v�tima do acidente tinha 35 anos. Cogitou-se que o celular dela estivesse estragado, mas eles foram ao instituto, onde tiveram a confirma��o. “Ele viu a fita na perna dela e as tatuagens. Quando eu cheguei aqui, vi minha filha toda acabada. A minha filha quebrou os bra�os, o rosto inchado, corte na cabe�a. Por que fizeram isso? Por qu�? Como eu vou falar para o meu neto que a m�e dele morreu por um irrespons�vel? Como eu vou falar pra minha neta que ela n�o tem mais a m�e dela, pra chamar ela de Luluzinha, de gordinha? Como?”.
Os parentes de Melrilene estiveram no IML durante a madrugada e voltaram por volta das 11h para providenciar a libera��o do corpo e acertar com a funer�ria detalhes do sepultamento. A cerim�nia est� marcada para as 17h de hoje, no Cemit�rio da Saudade, Regi�o Leste de Belo Horizonte.
Melrilene tem tr�s irm�os, duas jovens de 16 e 22 anos e um rapaz de 18. Ela e o marido n�o estavam vivendo juntos. “Eles iam comemorar o anivers�rio da menina juntos, e acontece isso. Ser� que esse homem n�o tinha cora��o, meu Deus? Ser� que ele n�o sabia que podia fazer um estrago em outras pessoas? Ele s� olhou o lado dele, do servi�o dele, ele n�o olhou o lado dos outros seres humanos n�o.”
O acidente aconteceu exatamente �s 16h57, como mostram as imagens das c�meras de seguran�a de im�veis pr�ximos. Segundo a Pol�cia Militar, o caminh�o placa LCE 2467, de S�o Gon�alo (RJ), desceu um trecho �ngreme da Rua Centauro, invadiu a contram�o da Avenida C�nsul Ant�nio Cadar, bateu na mureta de uma quadra de peteca e tombou na cal�ada. Melrilene caminhava pelo passeio quando foi atingida pelo ve�culo, que transportava carga de cimento.
Silvana est� inconsol�vel, em um misto de dor e revolta. “Ele (o motorista) tirou duas vidas. Al�m dele tirar a dele, tirou a da minha filha e ainda corre risco de tirar a do ajudante, fora a minha. Ele acabou com a minha vida!” Assim como outras jovens de sua idade, Melrilene tinha muitos planos. Queria viajar, tirar carteira de motorista e estudar para conquistar uma vida melhor. “Ela falou: ‘M�e, eu vou estudar, vou fazer curso para mudar de profiss�o’. A�, chega um inconsequente e faz isso; um desalmado. Agora eu tenho que cuidar dos meus netos, e n�o sei por onde come�ar”, lamenta a m�e da mo�a.