Planos e cr�ticas d�o o tom durante recebimento de doa��es em Mariana

Mariana – Um alento para a ang�stia e a dor das 306 fam�lias desalojadas dos povoados de Mariana atingidos pela lama de rejeitos de min�rio de ferro da Barragem do Fund�o, da Samarco, em 5 de novembro de 2015. Na manh� de ontem, as v�timas do maior desastre socioambiental da hist�ria do pa�s ratearam a primeira parcela (R$ 800 mil) das doa��es (R$ 1.123.669,00) depositadas em tr�s contas banc�rias abertas pela prefeitura da cidade colonial exclusivamente para essa finalidade. Por�m, a entrega dos cheques tamb�m foi momento de questionar a destina��o diversa dada a outros valores que, segundo representantes da popula��o, foram arrecadados em nome dos marianenses.

Ontem, cada fam�lia recebeu um cheque no valor de R$ 2.614,38. A quantia � irris�ria diante das perdas das v�timas, sobretudo daquelas que enterraram parentes ou amigos que figuravam entre as 19 pessoas que morreram, mas o valor alimentou a esperan�a das pessoas que, h� quase cinco meses, n�o medem esfor�os para recome�ar a vida.

C�ssia M�rian de Souza, de 37 anos, foi a primeira a ser chamada pelo prefeito de Mariana, Duarte J�nior, para receber sua parte. M�e de cinco garotos e de tr�s meninas, ela morava em Bento Rodrigues, o primeiro lugarejo devastado pelo tsunami de lama e onde moravam seis das 19 pessoas que morreram. A auxiliar de limpeza j� sabe o que far� com o dinheiro: “Investir na educa��o dos filhos”.

Emocionada, ela recorda que estava na escola do povoado quando a avalanche de lama chegou pelo leito do Rio Gualaxo do Norte. Em poucos minutos, lembra, quase tudo foi destru�do. Muita gente fugiu apenas com a roupa do corpo. Hoje, a maioria das casas se transformou em ru�nas. O mesmo ocorreu em Paracatu de Baixo, o segundo lugarejo atingido pela lama.

Era l� que morava Jos� Gon�alves, de 68. Ele planeja usar parte do valor recebido ontem para construir um fog�o a lenha id�ntico ao que tinha em seu rancho. “Minha casa foi jogada no ch�o. Moro, agora, num im�vel em Mariana alugado pela Samarco. Quando minha moradia for levantada, fa�o quest�o de construir o fog�o”, contou.

O xar� dele, Jos� Geraldo Santana, de 46, tamb�m fez planos: “Vou comprar um computador para minha filha, porque ela usa os dos amigos para fazer os trabalhos de escola”. A fam�lia dele vivia em Ponte do Gama, onde quatro casas n�o resistiram � for�a da lama. Sorridente, o aposentado deixou o centro de conven��es onde os cheques foram distribu�dos. Ele ainda n�o sabe o que far� com a segunda parcela das doa��es.

O restante do valor das doa��es (R$ 323.669) ser� rateado em 30 dias. O prefeito fez quest�o de explicar �s v�timas que o valor ser� dividido em duas parcelas por determina��o do Minist�rio P�blico de Minas Gerais. Caso alguma fam�lia n�o tenha sido cadastrada na primeira parcela, h� uma quantia no banco para reparar o preju�zo.

Duarte J�nior aproveitou o evento para sugerir nova finalidade aos objetos doados por famosos para serem leiloados em benef�cio das v�timas: “Em vez disso, que os objetos sejam expostos num lugar no novo Bento Rodrigues”. O ex-jogador Zico doou uma camisa da Sele��o usada por ele na Copa de 1982. A apresentadora Ana Maria Braga, um livro. Faust�o, um rel�gio.

Vale lembrar que a Arquidiocese de Mariana tamb�m abriu uma conta para doa��es �s v�timas da barragem. At� 23 de fevereiro, o saldo era de R$ 867.094,53. O dinheiro ser� usado “em favor dos atingidos pela barragem em toda �rea da arquidiocese e n�o apenas daqueles que se encontram no munic�pio de Mariana”.